Na medida que o conflito no Oriente Médio escalonou neste fim de semana, com o avanço histórico do Hamas em sua incursão contra o território ocupado de Israel, diversos países se manifestaram. Do lado imperialista e pró-sionista, os governos europeus se posicionaram ao lado de Israel, com os norte-americanos reiterando que suas armas estão à disposição dos israelenses. Em contrapartida, diversos países oprimidos se posicionaram ao lado dos palestinos.
O posicionamento do governo Lula nos conflitos recentes tende a ser neutro, posicionando-se de forma tímida ao lado dos países atrasados mas agindo de acordo com os interesses dos BRICS. No entanto, desta vez, a nota do presidente eleito pelo Partido dos Trabalhadores adotou uma outra postura, posicionando-se diametralmente ao lado dos israelenses.
“Fiquei chocado com os ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel, que causaram numerosas vítimas. Ao expressar minhas condolências aos familiares das vítimas, reafirmo meu repúdio ao terrorismo em qualquer de suas formas. O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU. Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados.”
A postura do presidente, desta vez, não foi positiva. Falar em terrorismo palestino contra o território israelense é uma postura verdadeiramente vergonhosa. O Hamas, tido como terrorista, é quem está organizando a resistência do povo palestino ao genocídio cometido por Israel. Quando a população negra do Quilombo dos Palmares se ergueu contra a elite colonial, falaram, na época, que era terrorismo. O povo palestino não é só esmagado e oprimido, mas martirizado pelos sionistas.
Companheiro Lula, é uma vergonha falar em terrorismo quando os escravos, que estão cansados de apanhar, se erguem contra os escravagistas. Companheiro Lula, é importante reiterar que os palestinos, através do Hamas ou dos meios encontrados, têm o direito de resistir a opressão e o roubo de terras que Israel pratica há mais de 75 anos.
O governo do Irã, por meio de seu líder supremo Ali Khamenei, não apenas comemorou a histórica investida palestina deste sábado (7), como afirmou que o reinado de terror dos sionistas está acabando, chamando Israel de um “câncer” que está sendo combatido. No Líbano, lideranças do Hezbollah também se posicionaram diametralmente contra Israel, chegando a entrar no confronto e bombardear bases militares israelenses “em solidariedade aos palestinos”.
Pode-se pensar, no entanto, que o presidente Lula não se propõe a ser um revolucionário, tendo a paz como uma de suas principais bandeiras na política internacional. É correto. Não se espera que ele envie armas ao Hamas, por exemplo. Mas há países que não se envolvem com o conflito e adotam posturas mais incisivas e menos contrárias aos palestinos, que estão com a face inchada e tanto dá-la para bater.
No caso da Bolívia, por exemplo, o ex-presidente e atual pré-candidato à presidência, Evo Morales, que não é nenhum líder comunista, mas um anti-imperialista por representar a burguesia nacional de seu país, questionou a abordagem do governo em relação ao conflito, sugerindo que este não denunciou com coerência política a “verdadeira situação enfrentada pelo povo palestino”.
“Lamentamos que o comunicado da chancelaria boliviana não denuncie com coerência política a verdadeira situação em que atravessa o povo palestino. Na Bolívia, condenamos as ações imperialistas e coloniais do governo sionista israelense. A solidariedade entre os povos é a base de uma sociedade mais justa e digna.”
Companheiro Lula, não pedimos que você seja um militante revolucionário, mas repense sua postura e se posicione ao lado dos trabalhadores do Oriente Médio. Posicione-se contra os carrascos sionistas que, financiados pelo imperialismo, massacram os palestinos e agem como uma sentinela dos norte-americanos em meio ao território que não lhes pertence.