No dia 6 de maio, será realizada a coroação do rei Charles III, no Reino Unido. Diversos líderes políticos foram convidados para o evento, inclusive, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Porém, Lula decidiu não comparecer e em seu lugar, será enviado o chanceler Mauro Vieira.
Esta decisão de Lula, de não comparecer à coroação do rei Charles III é mais um sinal do distanciamento do líder político em relação ao imperialismo que se somam a inúmeras ações desde o início de seu mandato, que demonstram abertamente que Lula tem tentado se afastar cada vez mais das relações dominadoras do imperialista norte-americano e europeu.
Logo no início da sua governança, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva recusou o pedido de enviar armamento para a Ucrânia, argumentando que o Brasil sempre havia defendido a resolução pacífica de conflitos e a diplomacia como a melhor forma de solucionar questões internacionais, Lula procurou não se envolver diretamente no conflito contra a Russia. A recusa do governo brasileiro em fornecer armas à Ucrânia não foi bem recebida pelos EUA e pela Alemanhã que fizeram o pedido. inclusive, a Alemanha, em retaliação, aplicou sanções comerciais ao Brasil. O governo alemão decidiu embargar a exportação de 28 blindados fabricados no Brasil para as Filipinas.
O embargo alemão foi uma tentativa de pressionar o Brasil a rever sua posição em relação à Ucrânia e a se alinhar com as políticas imperialistas em relação ao conflito. No entanto, o governo brasileiro manteve sua posição de não enviar armas e se concentrou em buscar soluções pacíficas para a crise.
A recusa do Brasil em enviar armas ao governo ucraniano foi bem-visto pelo governo Russo. Tanto que o vice-chanceler russo declarou no dia 23 de fevereiro:
“Queria enfatizar que a Rússia valoriza a posição equilibrada do Brasil (na guerra) e sua recusa a fornecer armas e munição ao regime de Kiev”, acrescentou Galuzin. “Ao mesmo tempo, sabemos que a Casa Branca está pressionando o Brasil. Uma posição soberana como essa merece respeito.”
Tal declaração do governo russo não deixa dúvidas do quanto essa decisão do governo Lula aponta para uma política antiimperialista.
Em outra situação, o governo brasileiro manteve uma posição praticamente de defesa da Rússia, quando se recusou em assinar a declaração final Cúpula pela Democracia de 2023, promovido pelo governo americano que condenava as ações da Rússia na Ucrânia.
Lula chegou a mandar uma carta para os organizadores do debate, mas o Brasil não concordou com o foco dado na declaração final à guerra na Ucrânia e não assinou tal declaração.
Na mesma semana, o Brasil votou junto com Rússia e China no Conselho de Segurança da ONU pela abertura de uma investigação do ataque aos gasodutos russos Nord Stream, que ligam a Rússia à Alemanha.
O Conselho de Segurança da ONU rejeitou a resolução russa que pedia a criação de uma “comissão de investigação internacional independente” sobre a sabotagem dos gasodutos submarinos Nord Stream, em setembro do ano passado. Seis meses depois da explosão ainda não se sabe quem está por trás dos ataques, mas há grande possibilidade de participação dos EUA na explosão.
Somando-se a mais uma ação de Lula em relação ao afastamento do Brasil com o imperialismo, temos a importante decisão de comercializar com a China em Yuan. Uma forma muito significativa de reduzir a dependência do dólar norte-americano e de ampliar o comércio entre o Brasil e a China. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, com um recorde de US$ 150,5 bilhões em comércio bilateral em 2022.
A comercialização em Yuan pode trazer benefícios para ambos os países. Para o Brasil, a adoção da moeda chinesa pode reduzir os custos das transações comerciais e evitar as flutuações do câmbio. Além disso, o Yuan é uma moeda estável e cada vez mais aceita internacionalmente, o que pode facilitar as transações comerciais do Brasil com outros países asiáticos que utilizam o Yuan.
Por sua vez, para a China, a adoção do Yuan nas transações comerciais com o Brasil pode ajudar a reduzir a dependência do dólar norte-americano como moeda global e como meio de pagamento nas transações internacionais.
Nesta situação, só não sa ganhando os EUA, que com a adoção de outras moedas, como o Yuan, em transações comerciais internacionais pode reduzir a dependência do dólar como moeda de referência e aumentar a concorrência entre as moedas internacionais. Isso pode enfraquecer a posição dos Estados Unidos no mercado internacional e enfraquecer a sua capacidade de dominar a economia mundial.
Por último, é importante destacar que o governo Lula, recusou a assinar resolução da ONU condenando a Nicarágua. A declaração conjunta de mais de 50 países que acusariam o presidente da Nicarágua Daniel Ortega.
O Itamaraty chegou a fazer parte da negociação do texto final, o governo brasileiro sugeriu uma nova linguagem que mantivesse espaço para um diálogo com o governo nicaraguense. Mas a proposta não foi aceita e o Brasil optou por não aderir ao texto, considerando como inadequado.
Para concluir, a decisão de Lula de enviar o chanceler Mauro Vieira em seu lugar para a coroação do rei Charles III é mais um sinal de seu distanciamento em relação ao imperialismo. O presidente brasileiro, com certeza, não quer posar ao lado do novo rei inglês, nem junto aos representantes do bloco imperialista europeu que estarão presentes na coroação. Essa posição é coerente com as medidas em relação ao imperialismo que o governo Lula tem tomado. Só alguém muito leigo politicamente pode ainda defender que o governo Lula não está tomando um carácter antiimperialista.