O Itamaraty se recusou, nesta sexta-feira, a aderir à declaração conjunta do Conselho de Segurança da ONU que condenava o regime nicaraguense. A resolução, que não contou com o apoio do governo brasileiro, considerava o governo da Nicarágua um governo de tipo ditatorial e afirmava que teria violado os direitos humanos em uma série de oportunidades.
Para o governo brasileiro, a linguagem utilizada no documento deveria ser uma que desse margem ao diálogo com Ortega. Portanto, o Brasil não concordou com a declaração conjunta, que é liderada por Estados Unidos, Alemanha e França.
Ou seja, Lula, na prática, se posicionou em defesa do governo nicaraguense de Daniel Ortega. Tal postura representa uma firme oposição ao imperialismo na América Latina, visto que a Nicarágua é um dos países mais atacados pelos Estados Unidos por conta da Revolução Sandinista.
A campanha contra a Nicarágua é tão rasteira, que o líder da equipe a serviço do Conselho de Segurança da ONU, Jan-Michael Simon, comparou o governo do país ao da Alemanha nazista. “O uso do sistema de Justiça contra oponentes políticos da maneira que é feito na Nicarágua é exatamente o que o regime nazista fez”, disse Simon.
Tais métodos deixam claro o nível da canalhice empreendida pelo imperialismo. Este busca taxar todo governo de esquerda, que se apoie sobre uma mobilização dos trabalhadores em maior ou menor grau, e que tenha uma política relativamente independente do imperialismo, como “ditaduras”. Para os serviçais de Washington, apenas os seus Estados-satélites seriam democracias.
No entanto, isso é uma grande falsificação. Primeiramente, todos esses países, que hoje buscam condenar a Nicarágua em nome da defesa da “democracia”, apoiaram o nazismo na Alemanha durante a década de 1930. Depois, eles apoiam o regime nazista de Zelensky atualmente, que é baseado em milícias de extrema-direita, como o Pravy Sektor e o Batalhão de Azov.
Finalmente, esses países que condenam a Nicarágua por ser “autoritária” não têm qualquer autoridade para dizer isso. Na realidade, a condenação contra o governo do país se deve ao fato de ele não estar alinhado à rasteira política norte-americana, que representa a política do imperialismo em geral; todo o resto é um palavrório para encobrir tal fato.
Já a postura do governo Lula, que consistiu em bater de frente contra a pressão do imperialismo e em defender a Nicarágua contra o acossamento por parte da ONU, trata-se de uma firme oposição à direita golpista. Tal medida deixa falando sozinho aqueles que tentavam demonstrar um suposto capachismo de Lula para com o governo norte-americano.
Afinal, se Lula estivesse alinhado ao governo dos Estados Unidos, por que não se juntaria ao imperialismo na política de condenar a Nicarágua? Afinal, o governo de Ortega é muito atacado pelos grandes capitalistas internacionais e a pressão contra Lula, certamente, era imensa.
Com tudo isso, fica óbvio que a tese de que Lula seja um aliado dos Estados Unidos não passa de puro devaneio por parte de quem busca desestabilizar o governo brasileiro e substituí-lo por um que esteja de acordo com os ditames de Washington. O apoio de Lula a Ortega ajuda a desmascarar a tese de que a Nicarágua seria uma ditadura totalitária, e revela de modo contundente que a política do governo Lula tem um caráter independente em relação ao imperialismo nos assuntos fundamentais da política internacional.