Neste domingo (07), em Cairo, no Egito, os ministros das relações exteriores da Liga Árabe concordaram em readmitir a Síria à organização. O país havia sido suspenso em 2011, após o governo Bashar al-Assad haver contido uma tentativa de golpe de Estado perpetrada pelos Estados Unidos, sob a forma de protesto popular.
O retorno à Liga Árabe já estava sendo sondado há alguns meses por parte dos países envolvidos. Na segunda quinzena de abril, representantes diplomáticos da liga reuniram-se para discutir a reintegração da Síria. Paralelamente, o Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita era recebido por Bashar al-Assad em Damasco, a primeira visita de um diplomata saudita desde o início desde Guerra Civil, em 2011.
É difícil falar em coincidência na política. Assim, essas movimentações indicam que o retorno da Síria à liga tenha tido contribuição da Arábia Saudita. Em especial levando-se em conta que o país vem recentemente buscando uma maior independência em relação aos EUA, afastando-se de sua função de principal preposto árabe do imperialismo no Oriente Médio. Nesse sentido, recordemos a reaproximação diplomática com o Irã, em abril, mediada e estimulada pela China; e as tentativas de encerrar a Guerra contra o Iêmen, independentemente dos Estados Unidos.
A decisão de readmitir a Síria antecipa a cúpula da Liga Árabe, que deverá ocorrer em 19 de maio, sendo sediada na Arábia Saudita.
Conforme declaração de diploma jordaniano, a partir do momento em que al-Assad solidificou seu controle sobre o território sírio, estados árabes entenderam que a solução para a crise decorrente da guerra deveria ser através de um caminho político liderado pelos próprios árabes. Em outras palavras, sem interferência do imperialismo.
Por óbvio, a decisão desagradou a Casa Branca. Assim que a notícia foi divulgada, os Estados Unidos se prontificaram a criticar a decisão, dizendo que a Síria não merece ser reintegrada, colocando em dúvidas a disposição de Bashar al-Assad em resolver a crise resultante da guerra civil, esta causada pelo próprio imperialismo.
A realidade da crítica dos EUA é um desespero de causa. O imperialismo vê mais um sinal de que sua ditadura mundial está se esfacelando. Possui cada vez menos controle sobre o Oriente Médio.
A Arábia Saudita praticamente já deixou de ser sua ponta de lança na região, e segue cada vez mais buscando uma maior independência. Situação semelhante começa a ocorrer com Israel. Ao ver que os Estados Unidos não serão capazes de conter eventual revolta dos árabes contra a ditadura sionista, as contradições entre o governo Netanyahu e a Casa Branca começam a ficar explosivas, a ponto de o governo norte-americano já ensaiar uma revolução colorida.
Desde a derrota catastrófica dos Estados Unidos no Afeganistão, mais e mais países oprimidos vêm buscando se libertar da ditadura imposta pelo imperialismo. O retorno da Síria à Liga Árabe é mais um episódio dessa luta. Não tardará para que outros países se insurjam, e suas revoltas deverão ser apoiadas.