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Após ação palestina

Netanyahu ameaçado por crise interna após sete de outubro

Ofensiva heroica do Hamas agrava a instabilidade do regime político israelense e opositores pedem mudança no governo para salvar enclave imperialista no Oriente Médio

A ação heroica dos grupos de resistência armada da Palestina, liderados pelo Hamas, no dia 7 de outubro, vem sendo utilizada como pretexto pelo sionismo para perpetrar o genocídio dos palestinos na Faixa de Gaza, que estamos testemunhando no momento. Não obstante, começam a aparecer os primeiros sinais de que a luta dos palestinos desferiu sobre o estado de Israel e, mais importante, sobre o controle imperialista no Oriente Médio feito através do sionismo, um baque do qual não conseguirão se recuperar.

Tal desestabilização já se reflete na dinâmica das forças políticas internas do estado de Israel. Na última semana, Yair Lapid, membro do Knesset (parlamento israelense) e principal líder da ala centrista, supostamente de “oposição” ao atual governo, concedeu entrevista à imprensa local pedindo pela saída imediata do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. De acordo com Lapid, a demonstração de fraqueza do sistema de defesa israelense, escancarada pela ação do Hamas, provocou um clima generalizado de desconfiança na população quanto à capacidade de Netanyahu em sustentar a presença do estado de Israel na região.

Ainda, uma parte da população e das lideranças políticas atribuem os acontecimentos de 7 de outubro à política de Netanyahu com relação aos palestinos. Representante da extrema-direita israelense, se sustentando assim sobre o apoio de uma série de milícias fascistas supremacistas, nos últimos 15 anos o governo Netanyahu não somente deu continuidade à política criminosa de bloqueio da Faixa de Gaza, com controle e cerceamento da entrada de água, alimentos e medicamentos, instituída em 2005, como também acirrou a repressão sobre os palestinos, em Gaza e também na Cisjordânia, realizando uma série de operações militares em que promoveu o assassinato de muitos palestinos, em uma tentativa de esmagar a população palestina e, principalmente, a sua principal representação política, o Hamas.

Contudo, cabe ressaltar que as críticas feitas por figuras de proa do regime político israelense, supostamente de “oposição”, não se direcionam em absoluto contra a política genocida do sionismo. O próprio Yair Lapid, da ala centrista, afirmou que não teria problemas em compor uma coalizão com os setores da ala direita para assumir o poder, desde que Netanyahu não fizesse parte de tal governo.

Ainda, para ele, o problema consiste em que o estado de Israel “conduza uma guerra prolongada com um primeiro-ministro em quem o público não confia”, demonstrando não ser a favor do fim dos bombardeios e da ocupação de Gaza, mas sim se alinhando à política genocida do sionismo sob outro disfarce. Por isso é bem possível que o imperialismo se valha dessa crise interna para, sacrificando Netanyahu, promover uma falsa renovação do regime através de outras alas do sionismo, mais submetidas à sua interferência, para assim poder salvar o estado de Israel da crise e garantir o seu papel de controle do Oriente Médio.

Ainda, cabe ressaltar que Lapid já é uma velha figura da política israelense, tendo sido inclusive primeiro-ministro entre julho e dezembro de 2022, em meio à crise de instabilidade, provocada pelo imperialismo, que fez com que o estado de Israel tivesse três governos diferentes em menos de 2 anos. Lapid mostra ainda, em sua crítica a Netanyahu, ser alinhado à política do imperialismo norte-americano de controle da região, na medida em que elencou como um dos motivos para a saída do atual governo a proposta de reforma judicial feita no início de 2023, que segundo Lapid teria “distraído” o governo israelense e feito com que este se descuidasse da segurança externa, dando margem à ação da resistência palestina. Essa reforma judicial, que objetivava diminuir o poder da suprema corte israelense sobre o regime político, foi duramente combatida pelo imperialismo norte-americano, que chegou inclusive a impulsionar manifestações de rua em Israel, ao longo do 1º semestre de 2023, com característica típicas das chamadas “revoluções coloridas”.

Hoje, à luz dos acontecimentos, já é possível perceber que essa crise interna indicava uma preocupação do imperialismo norte-americano de que a política de Netanyahu, representante de uma das alas mais alucinadamente sanguinárias da direita sionista, pudesse dar lugar a uma crise generalizada de maior gravidade como a que se tem agora. Dessa forma, embora as divergências políticas internas sejam sintomáticas de uma instabilidade que tende a evoluir para uma decomposição do estado de Israel, cabe alertar que figuras como Yair Lapid não representam de fato uma oposição ao sionismo e ao genocídio do povo palestino, sendo nada mais do que a já conhecida face, dita “democrática”, da mesma moeda: o imperialismo norte-americano e sua política fascista de controle e exploração de todos os povos do mundo.

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