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Corinthians e Michel Araújo

Liberdade de expressão é violada pelo STJD

Tribunal desportivo decide que torcedores e jogadores têm que ficar calados, em decisões que violam profundamente a liberdade de expressão

Juca Simonard, do Zona do Agrião

O Majestoso disputado no dia 14 de maio está sendo utilizado para fortalecer a ofensiva contra a liberdade de expressão no futebol. O Corinthians foi punido com a perda de um mando de campo com portões fechados pelos cantos supostamente homofóbicos entoados por parte da torcida no clássico contra o São Paulo. 

Por sua vez, o jogador Michel Araújo, do tricolor paulista, também foi censurado por realizar críticas contra a arbitragem, sendo suspenso por uma partida.

A punição imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ao Corinthians implica na privação dos torcedores de vivenciarem o espetáculo do futebol e demonstrarem seu apoio ao time. Essa decisão está sendo duramente contestada pelo clube, que vai recorrer para reverter a decisão na Justiça. Existe a expectativa de que a punição não precise ser cumprida no próximo jogo do Corinthians em casa, que está marcado para o dia 2 de julho contra o Red Bull Bragantino, pela 13ª rodada do torneio da Série A.

A partida em questão, julgada pelo STJD, foi realizada na Neo Química Arena, com torcida única do time da casa, e terminou empatada por 1 x 1, pelo Campeonato Brasileiro. Durante o jogo, o árbitro Bruno Arleu de Araújo chegou a paralisar a partida aos 17 minutos do segundo tempo devido aos cantos dos torcedores, retomando cerca de quatro minutos depois. Além disso, o árbitro relatou a ocorrência na súmula. Os telões da arena também exibiram mensagens de alerta aos torcedores.

A punição aplicada ao Corinthians se enquadra no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata sobre “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.”

Basicamente, qualquer grito de torcida que supostamente atinja qualquer uma dessas categorias poderá ser censurado…

É importante destacar que essa é a primeira punição deste tipo desde a implementação do novo Regulamento Geral das Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que aumentou a severidade das sanções para casos dessa natureza.

Agora fica a pergunta: os cantos de “Vamos, Corinthians, que dessas bichas temos de ganhar” realmente causaram algum dano a qualquer homossexual? Naturalmente, não. Então por que impor este tipo de regulamento? Apenas para levar adiante a ofensiva contra a liberdade de expressão, que está se impondo em todo território nacional, sob o comando dos tribunais superiores, com juízes que não foram eleitos por nenhum brasileiro.

O identitarismo, uma política oficial do imperialismo, está cerceando não apenas a política nacional, como também o futebol.

No meio da gigantesca repressão que existe no País, os estádios de futebol eram um dos poucos lugares “livres” em que os trabalhadores podiam se expressar livremente: gritar, cantar, xingar, enfim, se expressar. Esse é o problema: não pode sobrar pedra sobre pedra; é preciso censurar tudo para impor a política repressiva contra a população.

O caso do jogador Michel Araújo se encaixa nessa situação. Não faltam no Brasil e no mundo árbitros sacanas que fazem de tudo para sacanear o futebol genuíno. Se o juiz realmente favoreceu o Corinthians no Majestoso de maio, é outra questão, inútil de ser discutida. Fato é que o direito de se expressar contra a arbitragem deveria ser um direito claro de todos os jogadores, torcedores e dirigentes do futebol.

Em uma entrevista concedida no intervalo da partida, o jogador declarou: “tem que ajustar primeiro com o juiz… A gente tem que lutar contra tudo. Voltar para o segundo mais ligado, porque tem 12 jogadores lá”. Ora, se nem mesmo o jogador pode se rebelar contra a arbitragem, quem poderá? Os juízes em campo, assim com os togados dos tribunais, serão seres superiores que poderão tomar qualquer decisão arbitrária. Isso é inaceitável.

Aliás, os jogadores não podem mais fazer nada. Na Europa, jogadores brasileiros, como Paquetá e Neymar, que ousaram realizar um drible, foram punidos com cartões amarelos! O camisa 10 da Seleção chegou mesmo a ser amarelado por uma comemoração após um gol.

Após a Copa do Mundo, a Associação internacional que regula as regras do futebol (Ifab) proibiu os goleiros de promover as “catimbas” antes das cobranças de pênaltis para distrair o cobrador adversário. Isso ocorreu após Dibu Martínez, da Argentina, provocar os cobradores rivais contra Holanda e França, no Qatar.

Em conclusão, o imperialismo está buscando acabar com o futebol. O esporte é o principal centro das especulações financeiros no meio esportivo. Para os grandes monopólios que controlam esses mercados, é preciso controlar ao máximo o esporte para que ele não saia do controle, para não colocar em risco seus negócios. Para isso, é preciso punir torcedores, jogadores e dirigentes.

Isso é um absurdo! O futebol é o que é justamente pelo liberalismo que existe dentro das quatro linhas e nas arquibancadas. A alegria de jogar, a provocação e a torcida — isto é, a participação das massas — são os fatores que tornaram o futebol o principal esporte do mundo. Os amantes do futebol precisam lutar contra a repressão generalizada.

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