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Mundo árabe convulsionado

Levante da Palestina é o prenúncio da Revolução Árabe

Rui Costa Pimenta e o comandante Robinson Farinazzo analisam a semana marcada pela histórica e revolucionária ofensiva do Hamas contra o Estado nazista de Israel

Explicitando a crise e o quão fóssil se tornou o sistema político norte-americano, um dos principais opositores à reeleição de Joe Biden no interior do Partido Democrata, Robert Kennedy Jr., decidiu sair da agremiação e lançar uma candidatura avulsa. “Acho que tá coerente com o que ele fez anteriormente”, destacou o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, acrescentando que Kennedy Jr., “fez várias denúncias contra a política dominante nos EUA e percebeu que o Partido Democrata é uma burocracia fechada, não há possibilidade dele prosperar”, concluiu.

Para o comandante Robinson Farinazzo, “o monopólio da ‘grife’ Republicanos e Democratas é antigo, é difícil um outsider emplacar, já houve várias tentativas. O problema é que as ideias nesses dois monólitos e nos EUA estão engessadas. Existem duas grandes crises no mundo e não há política para isso, para a Ucrânia é encher de armas, para Israel é mandar porta-aviões, ou seja, é um país que não está renovando as ideias. Talvez Kennedy Jr. renove as ideias no estamento político norte-americano, mas acho que precisamos esperar para ver. É necessária uma renovação, mas se é viável, não sei”, disse o militar.

Tensões também na Península da Coreia

Em outra frente de crise no mundo, os militares da Coreia do Sul recomendaram a suspensão do tratado de paz para poder empreender missões de espionagem na fronteira, hoje proibidas pelos acordos firmados entre as duas nações e as tensões no extremo-oriente crescem. Para Farinazzo, as crises revelam que “estamos puxando as cortinas para um mundo novo”, disse.

“Temos as crises que citei”, continuou o comandante, “temos a questão do Sahel, temos muitas crises e pode haver um fator de instabilidade no extremo-oriente, de modo que não sabemos o que está acontecendo”. A Coreia do Norte pode estar interessada em obter ganhos políticos em um momento favorável, mas a imprensa mente muito pelos interesses políticos que representa, temos que ver, mas sem dúvida, é onde falta acontecer alguma coisa”, conclui Farinazzo.

Para Rui Costa Pimenta, o mundo enfrenta uma situação “tão volátil que podemos esperar tudo”, diz. “Conflito entre as Coreias”, continua, “os eventos da Palestina, o Sahel, as mudanças no interior do Oriente Médio com Arábia Saudita e Egito nos BRICS, tem a guerra na Ucrânia e a vitória no Talibã”, fenômenos que o dirigente comunista destaca: “evidenciam o curto-circuito do controle do imperialismo no mundo.”

“Vários outros conflitos estão prontos para explodir”, acrescenta Pimenta. “China e EUA, que deve aparecer na forma de China e Japão ou China e Taiwan… Temos crises aqui na América Latina latentes ainda, mas prestes a explodir: Venezuela, Nicarágua, Cuba e o próprio Brasil está em uma situação muito volátil”, disse.

“Em todo o mundo, o sistema está soltando faíscas e fumaça. Coreia do Norte e Coreia do Sul é mais um caso”, conclui Pimenta.

Ocorre que longe de tornar amolecer a ditadura mundial, como toda fera acuada, o imperialismo torna-se mais feroz conforme sua decadência avança. “A ideia de que os russos e palestinos ficaram mais audaciosos está equivocada. O imperialismo é que está empurrando o mundo para essas crises”, diz o presidente do PCO, acrescentando: “Quanto mais o sistema falhar, mais agressivos eles se tornam.”

“A Rússia, por exemplo”, destaca Pimenta, “não levaria adiante uma operação militar contra a OTAN sem uma derrota do imperialismo no Afeganistão, mas esssa operação russa só foi empreendida pela agressividade do imperialismo”, conclui.

O Hamas tem uma chance de vitória?

Considerando a guerra como um meio para a obtenção de um interesse, Farinazzo destaca, ao ser questionado sobre as chances do Hamas de vencer a batalha: “A vitória que conta é a política”, diz, lembrando eventos como a guerrilha vietnamita, onde as inúmeras vitórias militares americanas não implicaram no controle do país asiático. Ao final da guerra, a maior potência imperialista do mundo terminou derrotada e mergulhada em crise.

“Na Palestina, as chances militares do Hamas são mínimas”, diz Farinazzo, “mas Israel tem condições de sustentar uma vitória militar? Eles podem invadir e arrasar Gaza, mas a que custo? Se o Hamas deixar Israel em uma situação muito ruim, mesmo perdendo batalhas, vence”, continua, acrescentando por fim que “a política é o cachorro e a guerra é o rabo, não o contrário.”

Outro aspecto importante desses quatro dias de conflito é o preparo do Hamas para empreender a ofensiva. Cálculos muito precisos da capacidade de reação israelense foram elaborados. Entre as etapas dessa preparação, a proteção da infraestrutura palestina foi lembrada e revela-se um trunfo na guerra.

“Li vários especialistas militares sobre a ocupação israelense na Faixa de Gaza e me chamou atenção o de um russo que disse que Israel nunca conseguiu um grande resultado entrando em Gaza por terra”, aponta Rui Costa Pimenta. “Eles sempre matam muita gente atirando do ar. No Líbano também, não conseguiram entrar, tiveram que colocar uma cidade libanesa sob cerco.”

Ocorre que os bombardeios são inúteis porque a infraestrutura palestina está nos subterrâneos e não em prédios. São os famosos túneis palestinos.

“Os túneis do Hamas são túneis muito bem feitos, é coisa de profissional, não é aquela coisa do El Chapo no México”, diz Farinazzo. “É coisa feita por engenheiros, eles têm engenheiros e planejadores muito bons”, concluiu o comandante. “A situação de Israel não é boa”, analisa o militar, “eles vão pesar a mão, vai difícil no cenário internacional e não garante a vitória. Temos muitos questionamentos com relação ao que pode acontecer daqui pra frente” encerrou Farinazzo.

“Prenúncio de uma revolução árabe”

Independente do que ocorrer, o dirigente do PCO considera que a situação israelense “só vai piorar”. “É a maior derrota israelense e colocou em evidência toda a fragilidade de suas defesas.” “Estamos vendo um ponto de inflexão na relação entre árabes e israelenses. Isso aqui é o prenúncio de uma revolução árabe que se não tiver uma intervenção do imperialismo, varrerá o Estado de Israel”, destaca Rui Costa Pimenta.

O presidente do PCO lembra que a conjuntura atual em que se dá a ofensiva do Hamas difere do que houve em guerras anteriores, mais tranquilas para a ocupação imperialista de Israel. Nas iniciativas ocorridas até os anos 1970, as tropas árabes foram derrotadas com muita facilidade antes, mas agora, tem uma rebelião dentro do Estado de Israel.

“A Palestina não existe mais como Estado, isso é uma farsa”, lembra Pimenta, “é tudo Israel hoje em dia. Temos uma rebelião vindo de dentro do país, que tende a assumir características gigantescas. O fato do Hamas tenha se dado bem com a operação coloca a situação de Israel em uma crise total. O grande problema político para Israel é que a invasão da Faixa de Gaza pode se transformar em uma guerra santa de uma quantidade muito grande de setores contra Israel”, concluiu o dirigente político.

Entre esses setores, há o público apoio do governo iraniano, mas há a pressão popular nos países árabes e também, a Turquia. Recep Erdoğan, tal qual Lula no Brasil, busca se equilibrar entre o enfrentamento e alguns favores do imperialismo, mas deu declarações muito importantes, evidenciando uma tendência a apoiar os palestinos, colocando Israel sob um cerco.

Do lado do imperialismo, destaca o comandante, a resposta tem sido enviar a marinha americana para o litoral israelense, mostrando que o enclave imperialista não dá conta do recado. 

“Não devemos subestimar a capacidade dos EUA de fazer bobabem”, diz Farinazzo. “Biden não devia fazer nada, mas mandar um grupo de porta-aviões para atacar a favela que é Gaza é sinal de fraqueza muito grande. É uma estupidez muito grande” conclui o militar, sendo acompanhado por Pimenta: “concordo, mas acho que essas burrices são reflexo da situação difícil de Biden”, conclui.

Censura

Evidenciando também uma preocupação com o controle das informações na conjuntura explosiva que vive o mundo, a questão da censura volta aos debates, por meio de uma nova onda de ataques à liberdade de expressão e de imprensa.

“Mostram que essa gente está desesperada”, analisa Farinazzo. 

“Censuraram o Opera Mundi, censuraram o Arte da Guerra, é uma loucura”, diz o editor do Arte da Guerram acrescentando: “Assange era uma exceção e hoje é a regra”, conclui o militar, elencando os mais recentes episódios de ataque aos órgãos de informação independentes.

“Não aguentam a verdade”, acrescenta Rui Costa Pimenta, “o imperialismo não pode deixar a verdade ser dita porque ela é muito dura para eles”, diz.

Com a livre circulação de informações e ideias ameaçada, torna-se cada vez mais necessário uma luta para garantir o direito de se poder expressar uma opinião política, especialmente as que desmascaram as mentiras difundidas pelos órgãos de comunicação aceitos pelo imperialismo, os quais sempre serão liberados para mentir, manipular e fazer tudo o que os limites à liberdade de expressão estabelecem que não deve ser dito ou publicado. A repressão, porém, recairá com a máxima dureza a todos que contestarem as verdades oficiais.

Farinazzo e Pimenta concordam que essa é uma luta que deve ser apoiada por todos que não desejam ser os próximos “Julians Assanges”, em menção ao jornalista preso na Inglaterra e ameaçado de extradição para os EUA por revelar crimes de guerra cometido pela invasão americana ao Iraque. Ninguém que à época divulgou supostas armas de destruição em massa no país árabe foi incomodado, mas Assange sim.

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