Na última semana, a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) entrou com um pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal para que o órgão proíba as ocupações do MST nas terras dos latifundiários, que devem acontecer por conta do Abril Vermelho – uma jornada de mobilizações dos sem-terra.
A CNA, entidade que reúne latifúndiarios, pediu “responsabilização civil e criminal” para os dirigentes do MST. Enquanto isso, a Frente Parlamentar de Agricultura pediu a prisão de João Pedro Stédile, que havia anunciado o início da jornada de mobilizações em defesa da reforma agrária no mês de abril.
Trata-se de uma ofensiva dos latifundiários e de seus funcionários contra o movimento dos sem-terra. O pedido, que visa a defender as propriedades improdutivas de serem tomadas pelos trabalhadores, é feito para assustar os militantes do MST e da Frente Nacional de Lutas (FNL).
Além disso, eles utilizam dois precedentes criados de maneira ilegal pelo STF, ao censurar bolsonaristas, para solicitar que o tribunal suspenda os perfis do MST, da FNL e de seus dirigentes em todas as redes sociais. Obviamente, os latifundiários só avançam para cima dos trabalhadores com esse tipo de medida, porque tem a clareza de que as instituições burguesas defenderão suas posições.
A histeria que eles tentam difundir pela imprensa para, através dela, criminalizar os movimentos de luta por terras consiste em uma campanha verdadeiramente fascista. Os ataques dos latifundiários se fundamentam no uso do judiciário, do legislativo e da imprensa burguesa para atacar o MST. Fundamentalmente, só podem fazer tais ações, porque tem a plena noção de que essas instituições estão a reboque de seus interesses.
Aliás, até mesmo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (União Brasil), está do lado deles. Ele chegou a defender o armamento dos latifundiários para que eles pudessem “se defender dos sem-terra” – isto é, para que aniquilem os trabalhadores que lutarem pela terra. Tal é uma política verdadeiramente fascista, típica da extrema-direita e que não poderia ser apoiada, de modo algum, por nenhum ministro do governo Lula.
A eleição de Lula se deu graças, em boa parte, à mobilização desses setores, ao apoio do MST e a luta no campo. Portanto, é inaceitável que um ministro atue, dentro do governo, como agente dos interesses dos latifundiários e que defenda o pior de sua política. É preciso, portanto, que as organizações de esquerda e de luta pela terra iniciem uma campanha pela demissão de Fávaro do governo.
Além do mais, é necessário prestar todo apoio ao MST e à FNL, nesse momento em que são vítimas de uma campanha verdadeiramente fascista, que busca colocar na ilegalidade essas organizações. É fundamental apoiá-los e se opor, da maneira mais dura possível, à ofensiva dos latifundiários, através do Estado burguês, contra essas organizações.
Sobre as ocupações do Abril Vermelho, é preciso incentivar ao máximo que, apesar dessa campanha persecutória levada adiante por fascistas, verdadeiramente inimigos do povo, elas sejam realizadas. Afinal, as ocupações são o principal meio de luta pela reforma agrária que existe, visto que são uma maneira de, verdadeiramente, impor derrotas aos latifundiários. A ofensiva liderada por eles contra o movimento é a prova mais cabal e irrefutável do acerto que é fazer essa jornada de ocupações.
Por fim, é preciso denunciar energicamente essa ofensiva dos latifundiários e da burguesia contra os direitos democráticos dos sem-terra. É preciso ter claro que a tentativa de criminalizar suas organizações e de armar os latifundiários, com o intuito de que atirem nos trabalhadores do campo, é uma política fascista e que todos que a apoiam estão, resolutamente, ao lado do latifúndio, do atraso econômico do país e da opressão dos trabalhadores do campo. Em resposta a eles, deve-se organizar a autodefesa dos sem-terra, ocupar as terras improdutivas e se mobilizar pela derrota dos latifundiários!