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Mão esquerda do imperialismo

Juventude do MRT, mais uma no bloco golpista

O MRT e sua juventude se somam à esquerda que busca derrubar Lula, pois ele seria uma continuidade do golpe de 2016, que eles mesmos apoiaram, uma farsa total

A menos de um mês do Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), mais importante evento estudantil do País, setores da juventude apresentam suas teses, a serem debatidas no congresso. O coletivo Faísca Revolucionária, que agrupa os jovens do MRT, não é diferente e, buscando se diferenciar de outros setores da esquerda, demonstra ser apenas mais uma organização de esquerda teleguiada pelo imperialismo, na campanha golpista contra Lula.

Em artigo intitulado “Tese da Faísca pro 59° CONUNE | Nosso futuro não se negocia: comunistas por uma UNE antiburocrática e independente dos governos!”, o coletivo apresenta suas posições sobre uma série de temas. Nosso foco, aqui, será a política em relação ao governo Lula e ao PT, especificamente.

Uma série de falsificações embasam a campanha da esquerda golpista. No artigo, ao iniciar sua descrição da política internacional, um ponto se destaca: 

“fizemos ecoar a forte luta do povo peruano, com o protagonismo dos povos originários, contra o governo golpista e assassino de Dina Boluarte, batalhando para que distintos setores também repudiassem o apoio que Lula e o governo brasileiro deram para sustentar essa criminosa política do imperialismo na América Latina.”

Ora, mas Lula e o governo brasileiro não deram apoio algum ao governo peruano. O processo de golpe no Peru, inclusive, faz parte da mesma ofensiva golpista que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, e prendeu Lula na fraude eleitoral de 2018.

Prosseguindo, a tese identitária se apresenta: “Compartilhamos cada luta que ousa enfrentar esse sistema baseado no racismo, no patriarcado, na LGBTfobia, na xenofobia, na destruição ambiental, no capacitismo e na exploração da classe burguesa contra a ampla maioria da população.”

O desvio da questão da luta de classes não é à toa. Apontar o “sistema” como baseado não na relação entre as forças produtivas e seu desenvolvimento, mas em questões subjetivas e vagas é uma forma de confundir o panorama político, ao que se segue uma política errada. Sua consequência pode ser vista acima, no apoio declarado à luta “com o protagonismo dos povos originários” no Peru, ao mesmo tempo em que não menciona a muito mais importante luta da Rússia contra o imperialismo.

A questão é citada de passagem, como “uma guerra reacionária na Ucrânia que recoloca o fato de que a disputa por uma nova hegemonia será marcada por distintos enfrentamentos entre potências”. Ou seja, o apoio à Rússia, a luta contra o regime de ditadura global do imperialismo, expresso num conflito por procuração na Ucrânia, não vem ao caso. E isso quer dizer o mesmo para Lula. Se contra a força combinada do imperialismo, a Rússia seria mais uma potência, então, frente à política burguesa imperialista, a política reformista, nacionalista burguesa de Lula é só mais uma política burguesa, logo não haveria sentido em defendê-lo.

No que fica parecendo uma ironia, o artigo emenda, e aqui aglutinamos três colocações subsequentes:

“Damos essas batalhas porque precisamos de uma juventude profundamente internacionalista, que apoie e se solidarize ativamente com cada experiência da luta de classes internacional, extraindo também as lições do porquê esses processos não foram vitoriosos ou foram desviados.”

“A aprovação do primeiro grande ataque do governo Lula-Alckmin com um novo teto de gastos chamado de arcabouço fiscal contou com apoio até mesmo de Bolsonaro e seus aliados, além de neoliberais de todo tipo, já que essa política representa um grande ataque em nome da manutenção dos interesses capitalistas e principalmente do pagamento do roubo da dívida pública.”

“os representantes do agronegócio que sempre mantiveram sua relação com o Centrão e com o próprio governo-Lula Alckmin. Assim, avançaram com novos ataques, como a votação do PL do Marco Temporal, em que 155 deputados da base do governo votaram a favor e as medidas contra o meio ambiente, além da reacionária CPI do MST.”

O Faísca caracteriza Lula como uma unidade com Alckmin, quando um é o principal organizador dos BRICS, e o outro é um tucano, uma criatura das mais baixas, um serviçal do imperialismo, que justamente se choca contra os BRICS no cenário internacional. O primeiro trecho aqui se contrasta com o segundo, e com a realidade. Se o coletivo acredita ser preciso uma juventude que extraia as lições dos processos de luta, claramente não é esse o fundamento do próprio grupo.

Pior, o arcabouço fiscal não foi uma proposta de Lula, mas uma imposição do regime golpista ao governo, com o Teto de Gastos, que ainda perdura. Sem um movimento forte no qual se escorar, o presidente, para governar, busca desamarrar o orçamento e garantir os investimentos necessários para alavancar a economia nacional. Frente a isso, fez o projeto do arcabouço, que embora não fosse um bom projeto, representava um determinado avanço frente ao teto. No Congresso, o projeto foi totalmente modificado, com alterações inclusive atribuídas ao próprio Lula por setores do bloco golpista da esquerda.

Já na sequência, juntaram essa medida ao Marco Temporal e à CPI do MST, como se fossem todos de responsabilidade do presidente, numa falsificação em que não se afirma diretamente, mas colando uma coisa à outra, para dar a entender uma relação.

E aqui, caminhando para o encerramento desta matéria (não abordaremos todo o artigo pelo próprio tamanho que a coisa toma), o Faísca coloca como proposta:

“A UNE precisa desde já estar na linha de frente de convocar uma paralisação nacional que tenha como centro a luta para colocar abaixo o arcabouço fiscal, para derrotar o PL do Marco Temporal e a CPI do MST”.

Somamos o seguinte trecho de contexto:

“fazer a juventude acreditar que se colocar abertamente contra os ataques do governo Lula-Alckmin é o que fortalece a extrema direita, quando o que estamos vendo é novamente como é a conciliação de classes o que abre espaço para esse setor avançar e passar a boiada contra nossos direitos.”

A tese chama quase abertamente a um movimento contra o governo, colocando-o como uma continuidade do golpe de Estado de 2016, ao igualar o arcabouço e o teto, e determinar que Lula não adota uma política mais à esquerda por simples falta de desejo, porque seu alinhamento seria tal qual o de Geraldo Alckmin. A vitória de Lula se deu contra o golpe, e ele se mantém na presidência atacado por todos os lados, inclusive por uma ala da esquerda que muito fez durante o golpe de 2016 para apoiar a derrubada da presidenta Dilma. Buscam repetir o cenário.

Coincidência ou não, ao mencionar o STF, o artigo se refere aos ataques mais diretos contra os direitos trabalhistas, mas não deixa passar nem cheio do mais importante: o STF foi peça central para o golpe de 2016 e para a manutenção do regime golpista, com a prisão de Lula em 2018 e a perseguição política deflagrada contra a esquerda já desde o processo farsa do Mensalão:

“sem nenhuma confiança em instituições como o STF, que suspendeu uma decisão que reconhecia o vínculo de emprego entre motorista e aplicativo e foi parte de cada um dos ataques aos direitos trabalhistas dos últimos anos.”

É preciso denunciar a guinada golpista que aglutina todo um bloco da esquerda. Assim como fizeram em 2016, são teleguiados pelo imperialismo para submeter o Brasil ao imperialismo, e os trabalhadores a todo o massacre que seguiu. Não é possível permitir o avanço de tal iniciativa.

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