E a liberdade de expressão?

Jornalistas da Jovem Pan defendem “extinção” do PCO

Órgão mostra que ao contrário do que disse Olavo de Carvalho, a suposta defesa das liberdades democráticas pela direita são meras defesas de conveniência

Durante transmissão do programa “Tá na Roda”, no último dia 8, a Jovem Pan criticou a posição do Partido da Causa Operária (PCO) em relação à ofensiva empreendida pelo partido Hamas para a libertação da Palestina. “Isso é nojento”, reage um dos jornalistas da bancada logo após a leitura da nota política assinada pelo PCO. “Um partido político que tece uma organização de nota dessa, eu posso falar que é uma organização criminosa por que ele tá fomentando o extermínio, o genocídio, ele está fomentando crimes, ele deve ser sim apurado para uma possível responsabilização penal, inclusive para uma extinção desse partido”, disse outra, demostrando uma curiosa amnésia em relação ao fato de seu próprio órgão, a Jovem Pan, ter sido vítima desse tipo de política, de criminalizar opiniões, por desculpas “humanitárias”.

Vendo-se diante da tarefa de defender o indefensável, os jornalistas apelam ainda para uma suposta união em torno de Israel, o que nada mais é do que uma deplorável demonstração de desinformação dos membros da bancada. Se há uma unidade e em todos os continentes, é de júbilo pela ofensiva empreendida pelo Hamas.

Na Alemanha, o governo reacionário de Olaf Scholz precisou mobilizar a polícia de Berlim para por um fim à celebração da vitória do Hamas contra a infame ditadura israelense. Quase como um dos propagandistas da política imperialista no “Tá na Roda”, Scholz declarou que “o sofrimento, a destruição e a morte de tantas pessoas não podem ser motivo de alegria”, justificando a repressão aos apoiadores da libertação da Palestina.

Em Nova Iorque, cerca de 700 simpatizantes da causa Palestina foram às ruas protestar contra as posições do repudiado presidente Joe Biden. Os manifestantes marcharam da tradicional praça Times até o prédio da ONU, passando antes pelo consulado israelense. “O que vimos ontem [7] foi o povo de Gaza saindo de sua prisão a céu aberto”, disse um membro do Movimento da Juventude Palestina, Munir Atalla, entrevistado pelo órgão AFP em matéria reproduzida pelo francês France 24 (“Palestinian supporters, pro-Israel counter-protestors rally in Manhattan”, 9/10/2023).

No Norte da África e no Oriente Médio, a notícia da reação palestina causou uma comoção popular, com manifestações muito expressivas de apoio aos líderes políticos do martirizado povo palestino. É a própria realidade absurdamente ignorada pela triste equipe da bancada do “Tá na Roda” que os desmente, tornando a tentativa de dar a impressão de uma união em solidariedade a Israel, algo entre uma farsa e uma comédia pastelão.

Em outro momento igualmente deplorável, um dos membros do programa declara que “muitas vezes, a postura ideológica anti-Estado de Israel esconde o antissemitismo”, repetindo a fórmula tradicional dos identitários de fugir do debate tal como ele está posto por lhe ser desfavorável, escudando-se por meio de questões étnicas, raciais e outros que apelam mais a uma moralidade difusa do que à realidade dos fatos. O que está em discussão na nota publicada pelo PCO e lida pelos jornalistas é o fim da opressão contra o povo palestino, além de uma exortação, para que a luta iniciada pela vanguarda do Hamas contra a invasão israelense estimule uma mobilização capaz de expulsar os invasores. Em nenhum momento etnia ou coisas transcendentais à luta política sequer entrou em discussão, fazendo da sua menção, um golpe dedicado a confundir incautos.

Não custa destacar que ao contrário dos propagandistas da Jovem Pan que defenderam punições draconianas ao PCO, o Partido defende a liberdade de expressão, seja de qual opinião política for. Curiosamente, em diversas passagens, o programa da emissora reconhece que o partido não tem problemas em expressar pontos de vista que se chocam com o senso comum estabelecido pela burguesia, o que não parece ser o caso dos jornalistas do programa, que além de usar o expediente rasteiro, argumentam que este “é um momento de solidariedade”, acrescentando ainda que, “mesmo em Israel, a oposição tá se juntando com a situação para combater o terrorismo”.

Como se todo o conjunto bestificante de declarações não fossem o bastante, em dado momento, a bancada demonstra ser tomada por uma alienação da realidade e declara que o Hamas não representa o povo palestino. Ora, o Hamas controla 74 cadeiras das 132 do parlamento palestino, mais de 56%, portanto, sendo efetiva e oficialmente o representante dos palestinos. Mais do que isso, o Hamas é uma expressão da radicalização do povo palestino contra a ditadura israelense, imposta sob o país pela força do antigo protetorado, o Reino Unido, e ainda hoje sustentado única e exclusivamente pelo interesse do imperialismo em ter uma base no Oriente Médio.

Defendendo crimes de opinião, apelando para métodos tipicamente identitários e ainda demonstrando uma desinformação, e uma alienação da realidade imensa, a equipe responsável pelo programa “Tá na Roda” esclareceu que, ao contrário do que disse o falecido ideólogo do bolsonarismo Olavo de Carvalho, a suposta defesa das liberdades democráticas por órgãos da direita não são mais do que defesas de conveniência. Não defendem liberdade alguma, salvo quando lhes convém, mas tão logo surge a necessidade de calar uma voz destoante do senso comum, são tão repressivos quanto os identitários e aqueles que os oprimem.

Pior, não se envergonham nem por um minuto em criar uma realidade paralela para sustentar as opiniões dos grandes financiadores das empresas de comunicação. Deixam, assim, claro que não são consequentes com todo o falatório sobre o “globalismo” e outros fenômenos que expressam a existência de uma ditadura global real, mas do qual não conseguem se afastar o bastante para serem verdadeiramente críticos, o que fica exposto quando um evento de importância global como a ofensiva do Hamas acontece, seguindo cordeira mente os ditames dos governos dos EUA e da UE.

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