Em uma matéria telegráfica “Bolsonaro não poderá mais chamar Lula de ladrão” publicada no Brasil 247 neste 1º de dezembro, Alex Solnik comemora o fato de que ele mesmo poderá ser censurado. Como ele próprio escreveu: Agora não mais. Os adversários de Bolsonaro não poderão mais chamá-lo de genocida, nem ele poderá chamar Lula de ladrão”.
É curioso o apoio do jornalista aos desmandos dos STF. Em 18 de março de 2021, por exemplo, Solnik assinou um artigo intitulado “Genocida é um psicopata no poder” referindo-se a Jair Bolsonaro. Na foto se vê um enterro coletivo em Manaus e um retrato de Bolsonaro em destaque. Qualquer juiz poderia tranquilamente concluir que o jornalista estava responsabilizando o ex-presidente por aquelas mortes, ou pelas mortes durante a pandemia de modo geral. Genocídio, como todos sabemos, é crime.
Escalada da censura
Estamos vivendo uma escalada da censura não apenas no Brasil, mas no mundo. A prisão de Julian Assange foi apenas um prenúncio da truculência que assistimos na Europa contra quem apoia a resistência dos palestinos ao Estado sionista.
Hoje, no Brasil, é a vez de Breno Altman, que está sendo processado por racismo. O jornalista, que é judeu, está sendo processado pela CONIB (Confederação Israelita do Brasil), acusado de ser antissemita. Altman foi obrigado por um juiz a retirar, sob pena de multa, críticas que fez contra os bombardeios criminosos do governo israelense à Faixa de Gaza, o que já vitimou pelo menos 15 mil pessoas, sendo 5 mil crianças.
Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, publicou em sua conta n X (ex-Twitter) sobre a censura sofrida pelo jornalista:
“A censura das opiniões políticas mostra-se de corpo inteiro na decisão da Justiça brasileira de obrigar o jornalista do PT, Breno Altman, a remover postagens de crítica ao massacre israelense na Faixa de Gaza.
Os defensores de ditaduras que inventaram a tese de que a liberdade de expressão não pode ser absoluta estão recebendo a lição de que essa liberdade é apenas tolerada no Brasil. As declarações de Altman são todas opiniões políticas. A decisão judicial em questão estabelece, portanto, de maneira clara o crime de opinião.
Essa decisão não é um raio em céu azul. Esse crime foi estabelecido utilizando como isca a extrema-direita bolsonarista. Os iluminados da esquerda alegaram que esse objetivo se colocava acima da defesa das liberdades democráticas, em primeiro lugar a liberdade de expressão. Agora, é a extrema-direita bolsonarista, aliada do fascismo sionista, que está censurando a esquerda e os defensores dos palestinos dos horrores da dominação israelense. Seria irônico, se não fosse um verdadeiro desastre político.
[Altman] foi acusado pelo lobby do Estado facinoroso e sanguinário de Israel de antissemitismo, ou seja, de racismo, mesmo sendo ele de origem judaica. Os que apoiaram as leis antirracistas nunca suspeitaram (o, sancta simplicitas!) que tais leis repressivas não visavam a coibir o racismo, mas justamente, a fornecer um recurso adicional de repressão aos piores racistas. Sim, porque o sionismo é o mais atroz caso de racismo do século XX. A tomada da Palestina por um povo estrangeiro foi toda baseada na ideia de que o palestino não era um povo, mas um rebotalho humano que poderia ser tratado como animal”. (leia na íntegra)
Crime de responsabilidade
A sanha repressiva é tão grande que agora a Justiça pretende punir os veículos de comunicação por coisas que possam dizer seus entrevistados.
A matéria de Solnik é absurda, pois pergunta: “Por que será que Bolsonaro está criticando a decisão do STF a respeito de punir meios de comunicação por declarações de entrevistados? Por que é amigo da imprensa? Por que é contra a censura? Por que é, no fundo, um democrata? Claro que não”.
E continua: “Ele não gostou da decisão do STF porque a partir de agora os meios de comunicação vão pensar duas vezes antes de publicar declarações em que ele ou seus aliados acusarem adversários políticos por crimes que não cometeram. Porque eles poderão exigir indenização dos veículos”. – grifo nosso.
Ora, se for preciso ‘pensar duas vezes’ antes de publicar qualquer coisa, temos que admitir que há um clima repressivo. O próprio Leonardo Attuch, do Brasil 247, publicou no X que “Como editor de um veículo relevante na mídia brasileira, antevejo um cenário de autocensura. Muitos publishers decidirão não correr riscos. Essa é a tendência”.
A visão de Solnik é tacanha, pois os meios de comunicação atacam a esquerda e seus adversários políticos antes mesmo de existir um Bolsonaro na política e, detalhe, jamais sofreu qualquer tipo de punição. A censura não visa a direita. Quem está sendo punido é a esquerda
Alex Solnik diz que “Atribuir crimes aos inimigos políticos, sem jamais apresentar provas, a fim de desmoralizá-los é o que Bolsonaro tem feito ao longo de sua vida política. É a razão de ser do bolsonarismo”. O que aconteceria se na frase anterior substituíssemos a palavra Bolsonaro por Veja, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Globo…?
O jornalista tem muito tempo de janela para cair no conto de que a Justiça vá punir algum dos grandes jornais brasileiros. Não é preciso ter bola de cristal para chegar a essa conclusão, basta olhar para a realidade. A imprensa burguesa inventou impunemente todo tipo de mentira para que dessem um golpe contra Dilma Rousseff; fez o mesmo para colocar Lula na cadeia e até para eleger Bolsonaro.
Ilegalidade completa
No Brasil, até onde se sabe, um delito não pode passar de uma pessoa para outra. Um pai, por exemplo, não pode pagar pelo que um filho fez. Um jornal não pode ser responsabilizado por aquilo que um entrevistado venha a dizer, é completamente inconstitucional. O que mais chama a atenção, é que o STF é dado como uma corte constitucional, apesar de estar pisoteando a Constituição; e já não é a primeira vez.
O STF, se mantiver esse entendimento, colocará sob risco a existência de uma imprensa livre. Veículos independentes estarão ameaçados em sua existência, poderão chover processos e ninguém resistirá, pois será asfixiado financeiramente pela ‘Justiça’. Restarão apenas os grandes e riquíssimos monopólios da comunicação.