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Imprensa “amiga”

Jornalista acusa Lula de fazer aliança de ocasião com Maduro

Além de ter de tratar com a imprensa burguesa, Lula também sofre ataques na imprensa “amiga” com matérias nitidamente alinhadas com o imperialismo

Lula e Maduro

Um dos problemas que Lula tem que tratar neste mandato é, novamente, o “fogo amigo”. Como a matéria de Alex Solnik no Brasil 247, “Lula não quer ser Maduro”. A começar pelo título de duplo sentido, onde já vemos aí uma crítica bastante conservadora. Tanto podemos ler que Lula não quer ser o presidente venezuelano, como podemos entender que não quer amadurecer.

É um erro grosseiro alegar que “Lula preconizou a tarefa de liderar a América Latina. Para isso, precisa manter mandatários desses países unidos em torno dele e, portanto, não pode criticá-los”. As críticas podem existir, pois o que determina as relações entre os países são seus interesses e sua maior ou menor suscetibilidade à pressão do imperialismo.

Aqui na América do Sul, por exemplo, temos o caso dos presidentes do Chile e do Uruguai, completamente servis aos ditames de Washington. O chileno Gabriel Boric, por exemplo, que foi celebrado por parte da esquerda como progressista, não para de criticar a Nicarágua, a Venezuela. Diz que nesses países existem presos políticos, quando ele próprio não liberta da cadeia centenas de pessoas que lutaram contra o governo fascista de Piñera.

Mesmo que Lula não critique Lacalle Pou, do Uruguai, ou Gabriel Boric, com certeza terá problemas para conseguir que esses governos cooperem, pois esses presidentes estão no cargo justamente para contrariar os interesses de seus países.

Por outro lado, se Lula não critica, e até defende, o governo Maduro, é porque sabe que a Venezuela vem sendo alvo de ataques incessantes do imperialismo americano, o mesmo que tramou o golpe contra Dilma Rousseff e o colocou na cadeia.

Toda a imprensa golpista e, como se vê, setores da imprensa independente, se levantaram em armas por Lula ter recebido Nicolás Maduro no Brasil. O venezuelano é tratado como ditador. O mesmo tratamento se dá a Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, outro país atacado pelos Estados Unidos.

Democracia relativa

Outro erro da matéria é considerar que Lula tenha dito que a democracia seja um conceito relativo da democracia.

Ao contrário de acadêmicos e grande parte do jornalismo, Lula acertou na sua caracterização da democracia. A democracia é relativa até mesmo para a burguesia, que mostra uma face “democrática” porque isso facilita sua ditadura sobre a classe trabalhadora.

Quando os trabalhadores se levantam, ou aumenta a polarização política, a burguesia não perde tempo em tirar seus cães fascistas do cercado para atirá-los contra a população. Os Estados Unidos, que atua com mão de ferro sobre a política internacional, são tratados como uma grande democracia, apesar de promover golpes de Estado, e de instaurar ditaduras por todo o planeta.

Não existe democracia para quem passa fome, para quem não tem direito à saúde, à educação. Nesse sentido, Cuba, por exemplo, que é tratada como ditadura, é um dos países mais democráticos do mundo, pois usa a maior parte de seu orçamento em gastos públicos.

A Venezuela está lutando contra bloqueios econômicos impostos pelo país mais poderoso do mundo. Vem tentando promover o bem-estar social, se opõe ao imperialismo. O país é alvo daqueles que são alinhados aos interesses dos Estados Unidos. Se, amanhã, a Venezuela entregar seu petróleo aos EUA e esmagar sua população, será considerada uma democracia por esses que hoje a condenam.

Leitura rasa

Solnik faz uma leitura rasa do problema que o governo Lula enfrenta. Não se trata apenas de “Biden é a favor? Lula tem que ser contra”, não se trata de birra. Biden, cuja eleição foi comemorada por boa parte da imprensa de esquerda, é o candidato do imperialismo, é seu principal funcionário, fazer oposição a ele é uma questão de sobrevivência.

Qualquer presidente de país atrasado deveria se opor a Joe Biden, que está levando o mundo para uma guerra mundial. Vladimir Putin, que ousou se opor aos interesses do imperialismo, também é tratado como o pior dos ditadores pela imprensa, incluindo Alex Solnik.

Segundo o jornalista, Lula “não quer é que a oposição ganhe de Maduro. Qualquer vitorioso da oposição será aliado de Washington, o que vai enfraquecer a influência de Lula – e, portanto, do Brasil – na Venezuela. Para Lula e para o Brasil é melhor seguir com Maduro, o único aliado de Lula e do Brasil dentre os postulantes às eleições venezuelanas de 2024”.

Bem, se for assim, não temos como não dar razão a Lula. É preciso enfraquecer a influência do imperialismo na América Latina. 

Solnik conclui sua matéria dizendo que Lula não quer “adotar no Brasil o mesmo regime da Venezuela”. No entanto, seria excelente se o Brasil estatizasse o petróleo e batesse de frente com o imperialismo americano, mas existem muitas dificuldades. Além de setores poderosos da economia serem associados ao grande capital estrangeiro e ao imperialismo, temos aqui uma esquerda que também é filoimperialista.

Tem muita gente que se diz de esquerda, mas joga contra os interesses do Brasil, da América Latina e dos países atrasados em geral. Enquanto alguns se ocupam chamando determinados presidentes de ditadores, os “democratas” dos países ricos seguem apoiando nazistas na Ucrânia e esmagando seus cidadãos.

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