À medida que “Israel” segue intensificando os bombardeios contra a Faixa de Gaza, o número de palestinos assassinados tende a ser cada vez maior, não apenas pela continuidade dos ataques pelo aumento de sua intensidade, mas, especialmente devido ao fato de que, agora, toda o enclave está sendo atacado. Antes, a maioria dos bombardeios concentravam-se no norte. Agora, ocorrem também de forma sistemática na região e no sul, destruindo ou tornando inoperante a maior parte da infraestrutura palestina, em especial a hospitalar e de saneamento básico.
Nisto, os mais vulneráveis, como crianças, tendem a perecer com mais facilidade. O número das que já foram assassinadas ultrapassa oito mil. É, certamente um número subestimado. Afinal, com toda a destruição, não é possível aferir exatamente quantas pessoas já foram mortas.
Com a infraestrutura destruída, e com o bloqueio que ainda segue sendo mantido por “Israel”, impedindo praticamente toda a entrada de itens necessários ao tratamento dos feridos, à subsistência dos palestinos e a um funcionamento normal da sociedade, a tendência é que esse número aumente cada vez mais rapidamente. Assim, declara James Elder, porta-voz do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF na sigla em inglês), cuja declaração foi reproduzida na página oficial da organização no X (antigo Twitter):
“Sem água potável, alimentos e saneamento suficientes, que só um cessar-fogo humanitário pode trazer – as mortes de crianças devido a doenças podem ultrapassar as mortas em bombardeios.”
Afinal, sem água potável disponível em grande quantidade, é impossível haver saneamento básico e, consequentemente, prevenir a proliferação de bactérias e o surgimento de epidemias. Os resíduos se acumulam também, afinal, com tamanha destruição e com a falta de combustível, como serão coletados?
O funcionário da UNICEF citado acima, ao visitar Gaza, fez o seguinte relatório:
“Da Cidade de Gaza seguimos mais para o norte, até Jabalia. A primeira coisa que notei foram as pilhas de lixo podre do lado de fora dos hospitais, escritórios e escolas. Os serviços de saneamento e coleta de lixo falharam completamente, é claro, uma vez que os caminhões não têm combustível para o recolher e, de qualquer forma, o conflito deslocou a maioria dos trabalhadores que realizam estes trabalhos. Um hospital que visitamos, o Al-Ahli Arab Hospital, era totalmente caótico. Estava superlotado, barulhento, intenso. Nossos caminhões entregavam suprimentos médicos enquanto pessoas feridas eram levadas às pressas sangrando.”
Atualizando as informações sobre o genocídio que “Israel” comete contra os palestinos, e que atinge cada vez mais as crianças, nesta quarta-feira (20), a UNICEF alertou em sua página oficial na internet que “os serviços de água e saneamento estão à beira do colapso com a iminência de surtos de doenças em grande escala”. Fundamentando seu alerta, divulgou que a quantidade de água que as crianças que foram expulsas para o sul de Gaza possuem acesso a menos de 2 litros de água por dia. Segundo a UNICEF, a quantidade mínima diária deveria ser de 15 litros, pois além da água necessária para beber, há aquela que deve ser utilizada para cozinhar e, especialmente, para a higiene. Em outras palavras, elas têm acesso a menos de 90% da água necessária à sua sobrevivência.
No que tange este último fator, a organização da ONU segue alertando que a falta de água potável aumenta drasticamente o risco de epidemias evitáveis, tais como cólera e diarreia crônica. Já se constata um aumento significativo nos casos de doenças transmissíveis:
“As autoridades já registaram quase 20 vezes a média mensal de casos notificados de diarreia entre crianças com menos de 5 anos, além de aumentos de casos de sarna, piolhos, varicela, erupções cutâneas e mais de 160.000 casos de infecção respiratória aguda”.
Conforme declaração da Diretora Executiva da UNICEF Catherine Russell, “as crianças e as suas famílias têm de utilizar água de fontes inseguras, altamente salinizadas ou poluídas. Sem água potável, muito mais crianças morrerão devido a privações e doenças nos próximos dias”.
Situação que ainda é mais graves considerando que dentre as milhares de crianças que foram expulsas de seu território em Gaza, há cerca de 19 mil que se encontram sozinhas, sem que ninguém saiba do paradeiro de seus país, sequer se estão vivos. O que as deixa sob maior perigo.
Em suma, o genocídio de “Israel” continua a todo o vapor. Contudo, fica cada vez mais claro que se trata de uma medida desesperada do Estado sionista. Afinal, os ataques das Forças de Defesa de “Israel” têm como alvo civis, em especial crianças e mulheres.
Sem conquistar nenhum objetivo militar contra o Hamas e o restante da resistência palestina (pelo contrário, tendo perdas cada vez maiores), o Estado de “Israel” direciona seus ataques contra os que não podem se defender, conforme denunciado pelo Hamas, em recente nota:
“Essa agressão resultou na matança em massa de mais de 19.000 mártires, cerca de 52.000 feridos e quase 8.000 desaparecidos, dos quais 70% são crianças e mulheres. A ocupação israelense cometeu até agora 1.700 massacres contra civis e pessoas inocentes desarmadas. […] O único feito da ocupação israelense são os crimes de guerra, o genocídio, a matança enorme de crianças e mulheres, a destruição de infraestrutura e a eliminação de todos os aspectos da vida […] O único feito da ocupação israelense são os crimes de guerra, o genocídio, a matança enorme de crianças e mulheres, a destruição de infraestrutura e a eliminação de todos os aspectos da vida”.
Contudo, na mesma nota, o Hamas constatou que, apesar do morticínio de crianças e mulheres, o povo palestino segue forte na luta:
“No entanto, nosso firme povo palestino exibe as imagens mais maravilhosas de paciência, resiliência, patriotismo, e apoio incondicional à sua resistência.”
De forma que o fato de que “Israel” perpetra seu genocídio contra os setores mais vulneráveis do povo palestinos, nomeadamente, as crianças, nada mais é que um sinal de que o sionismo está sendo derrotado pela resistência palestina. Nesse sentido, Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária, em seu tradicional programa Análise Política da Semana, que foi ao ar nessa quarta (12), afirmou:
“O que parece para o observador desinformado como um desastre é, na verdade, uma vitória gigantesca. Temos que caracterizar aqui muito claramente o que está acontecendo. E o que está acontecendo é o que diz o Hamas. O que as forças sionistas de ocupação da Palestina conseguiram foi matar mulheres e crianças. Só. E, ao fazer isto, eles perderam completamente qualquer tipo de apoio internacional. O que aconteceu na Faixa de Gaza, e continua a acontecer, destruiu várias décadas de propaganda sionista no mundo inteiro. […] A vitória do Hamas, nesse sentido, é colossal, é gigantesca, e tem um efeito mundial, é uma derrota mundial do imperialismo”.




