Em livro escrito recentemente, Colin Powell expõe período controverso de sua atuação na geopolítica imperialista, que resultou em sérios prejuízos para políticos iraquianos e em anos catastróficos para a classe trabalhadora do Iraque. Considerá-lo um político com uma carreira brilhante depois de seu discurso na ONU, em fevereiro de 2003, sobre o Iraque e as consequências do mesmo, soa como algo difícil de “digerir”. Foi o fatídico discurso no qual Colin tentou convencer a comunidade internacional de que Saddam Hussein desenvolvia armas de destruição em massa.
“Não foi de forma alguma o primeiro, mas foi um dos meus fracassos mais importantes, aquele de maior impacto”, admitiu Powell. E foi assertivo quando disse que o evento ganharia um parágrafo de destaque em seu obituário. Aos 84 anos, morreu em consequencia da Covid-19, aos 18 de outubro de 2021; o primeiro negro a ocupar cargos importantes no governo dos EUA: conselheiro de Segurança Nacional na Administração de Ronald Reagan, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas de George H.W. Bush e secretário de Estado de George W. Bush. O primeiro negro a ser nomeado secretário de Estado nos EUA, durante o governo George W. Bush, Powell qualificava o episódio do Conselho de Segurança da ONU como uma mancha indelével em seu currículo.
À época do discurso, Colin Powell narrou uma mentira sobre Saddam Hussein e seu governo, sobre sua alegada violação de resoluções da ONU sobre armas de destruição em massa. Em seu pronunciamento, Powell incluiu gravações relatadas pela CNN, como segue:
“Eles vão estar inspecionando munição que você tem… a possibilidade de existir munição proibida”, diz uma das vozes, que Powell identificou como sendo de uma autoridade iraquiana. “Nós lhe enviamos uma mensagem, ontem, para que limpe as áreas, as áreas de sucata, áreas abandonadas. Verifique com certeza que não há nada lá”. Powell disse que as gravações mostram “parte de uma política de evasão e de trapaça em vigor há 12 anos”.
“Eu não posso lhes contar tudo o que sabemos”, acrescentou. “Mas o que eu posso compartilhar com vocês, quando combinado com tudo o que vocês aprenderam ao longo dos anos, é profundamente perturbador”. O secretário mostrou também uma fotografia de satélite do que afirmou ser um ativo “bunker” de armas químicas. A fotografia, segundo Powell, mostra autoridades iraquianas limpando os bunkers antes de outra inspeção da ONU.
A atitude racionada de divulgar mentiras, pelo então Secretário imperialista, repercutiu com um “efeito dominó” na imprensa burguesa imperialista e em toda a imprensa burguesa mundial que torna, além de uníssona a notícia, como sendo verdade absoluta. O que abriu, mais que um terreno fértil, uma verdadeira cratera para justificar o apoio maciço para a invasão e destruição do Iraque, que iniciou em 2003.
Este Diário iniciará uma série de matérias sobre essa questão envolvendo a atuação do imperialismo no Iraque, que levou o país a um estado de destruição do ponto de vista do desenvolvimento social, político e econômico.