Há um ano, o maior jogador de futebol de todos os tempos nos deixava. Morre Pelé, o jogador insuperável, dizia a manchete do Diário Causa Operária (DCO) da edição do dia seguinte à sua morte, caracterizando corretamente o que o Rei era: simplesmente insuperável.
A grandiosidade de Pelé é praticamente unânime. São poucos os idiotas que possuem a coragem – e a ignorância – de criticar a habilidade do Rei do Futebol. Seu legado fala por si, sua contribuição para o esporte enquanto fundador do futebol-arte revolucionou o mundo, fazendo com que o Brasil se tornasse a única superpotência do futebol de todo o mundo.
Algumas figuras mal intencionadas da imprensa burguesa, entretanto, tentam utilizar a história de Pelé para manchar a imagem do craque e, consequentemente, manchar a imagem do futebol brasileiro, um símbolo da luta dos povos oprimidos contra o imperialismo. Para a infelicidade desses caluniadores, nem mesmo a vida pessoal de Pelé pode ser usada para escrutiná-lo: além de jogador, foi, como demonstrou este Diário na época de sua morte, um ser humano ímpar, contribuindo para o desenvolvimento do cinema nacional, da música, do movimento sindical futebolístico e mais.
Pelé levava o progresso para praticamente tudo que se propunha fazer. Era uma figura verdadeiramente revolucionária, e sua infância demonstra de onde pode ter surgido esse ímpeto de fazer a humanidade avançar.
A primeira equipe de Pelé foi o Sete de Setembro, em Bauru. Como a maioria das equipes do País, principalmente naquela época, o time era composto por meninos pobres que jogavam bola na terra batida, descalços e, muitas vezes, com bolas completamente irregulares.
Frente a esse desafio, Pelé, junto com seus colegas, organizaram um plano para conseguir arcar com os custos de chuteiras, uniformes e demais equipamentos. O “bando” chefiado pelo Rei teve a ideia de roubar amendoins dos Armazéns da Sorocabana. Eles, então, torravam e vendiam os amendoins em saquinhos em feiras, praças e bairros.
As cenas dessas aventuras foram bem retratadas no filme Rei Pelé (1962), dirigido por Carlos Hugo Christensen e baseado num livro de Pelé de coautoria de Benedito Ruy Barbosa, Eu Sou Pelé, com diálogos escritos por Nelson Rodrigues.
Quer atitude mais militante que esta?! Frente a um problema que dificultaria o desenvolvimento de Pelé no futebol, o Rei deu um jeito, tomando para si, ao lado de seus companheiros, a tarefa de resolverem o problema da falta de materiais esportivos. E, veja, tudo isto quando ele tinha por volta de seus 10 anos!
A vida de Pelé está repleta de histórias como esta. Durante muito tempo, por exemplo, chegou a ser engraxate, principalmente durante a época do Baquinho, seu lendário time infanto-juvenil, para poder ajudar a sua família que, naquela época, passava por muitas dificuldades.
Esta é apenas mais uma anedota da vida do Rei do Futebol. Trata-se de um período da vida de Edson que mostra a dificuldade na qual nasceu o futebol-arte, que mostra a garra do povo brasileiro – e de Pelé – em superar todas as adversidades para que o Brasil se tornasse o País do Futebol.