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Demagogia ambiental

Indústria de veículos elétricos esmaga os trabalhadores

Apesar de todo o falatório que se faz sobre a proteção ambiental, o trabalhador segue super explorado na indústria de carros elétricos, enquanto parte da esquerda cuida das árvores

Tesla pegando fogo

Boa parte da esquerda, especialmente a filoimperialista, que reproduz todas as campanhas da burguesia como, por exemplo, a tal ‘energia verde’, vai ter de explicar o porquê de as fábricas de carros elétricos pagarem salários baixos e terem uma mão-de-obra esmagadoramente não sindicalizada, apesar de esse setor ser amplamente subsidiado por dinheiro público. Até 2031 a indústria de veículos elétricos deverá receber US$ 220 bilhões.

Não bastasse essa questão trabalhista, que é grave, existe na esquerda uma grande ilusão na questão dos carros elétricos, como se eles fossem de fato acabar com a queima de combustíveis fósseis e diminuir a emissão de carbono.

O que nunca levam em conta é o custo energético para a produção das baterias. Essas baterias, especialmente as de lítio, são tóxicas e de difícil descarte, além de serem inseguras, pois há inúmeros relatos de incêndios provocados por esse tipo de bateria.

As ONGs, majoritariamente financiadas pela CIA, que tanto pregam a defesa do meio ambiente e são contra hidrelétricas, por “prejudicarem os povos originários”, deveriam responder como se deverá reabastecer as baterias dos carros elétricos. Na Europa, por exemplo, os usuários de veículos elétricos plugam em tomadas alimentadas por termoelétricas movidas a carvão.

Subsídios

Voltando à questão dos subsídios, com a lei contra a Lei de Redução de Inflação (IRA) assinada por Joe Biden, a indústria de baterias deu um salto nos Estados Unidos, que deverá internalizar a produção de componentes. Ainda que a China lidere o setor, os EUA já superam a Europa nesse ramo.

Essa lei aprovada por Biden ainda estende os créditos e reembolsará as empresas em 10% do custo de produção de ‘energia renovável’, concedendo US$ 35 para cada kW/hora de produção de células, e um crédito de US$ 10 para módulos. Esses números podem representar no final um crédito adicional entre US$ 145-200 bilhões.

O governo Biden foi criticado pela UAW (United Auto Workers) por não prever a proteção aos trabalhadores em seu pacote. O presidente da entidade, Shawn Fain, disse que “A transição para os veículos elétricos deve ser uma transição justa que garanta que os trabalhadores do setor automóvel tenham um lugar na nova economia”.

Após um ano da IRA, Biden, com olho na reeleição e pressionado pela movimentação grevista dos trabalhadores, anunciou um pacote de US$ 15,5 bilhões para ajudar na transição das empresas automobilísticas, com número maior de operários sindicalizados.

Os Estados Unidos pretendem se tornar uma potência global na produção de baterias, os fabricantes de automóveis estão investindo algo em torno de US$ 100 bilhões no setor para a construção de novas fábricas nos Estados Unidos e Canadá.

As baterias são vitais para os veículos elétricos e representam de 25 a 30% do valor dos veículos. Apesar disto, os trabalhadores são mal remunerados, e recebem entre 17 e 21 dólares a hora, quase não têm benefícios e trabalham em condições perigosas. A exposição prolongada aos componentes químicos das baterias provocam irritação no trato respiratório, na pele, nos olhos; pode produzir náusea, dores de cabeça, diarreia, tontura. Além de, nas exposições agudas, provocar danos aos rins ou ao sistema reprodutivo.

Violações

As fábricas de baterias, como a Gigafactory Nevada, que não é sindicalizada, da Tesla, é alvo de inúmeras acusações de pagar baixos salários, de discriminação racial e de violar as leis trabalhistas nas condições de trabalhos que envolvem periculosidade.

Os estados estão investindo, subsidiando, para que novas fábricas de baterias sejam abertas. Três fábricas receberam um empréstimo de US$ 9,2 bilhões do Departamento de Energia, incluindo perdão de dívidas, caso os projetos não deem certo.

A Ford criou uma joint venture com uma fábrica na Coreia do Sul e outras fábricas estão sendo construídas nos Estados Unidos e Canadá. No entanto, as não sindicalizadas entram forte no mercado, o que aumenta a precarização do trabalho.

O atrito com os sindicatos é inevitável. Apesar de chover dinheiro público para as empresas, os trabalhadores são largados em último plano. Toda a demagogia que se faz em torno dos carros elétricos não se sustenta diante da realidade. A esquerda cirandeira, que finge se preocupar com as árvores, deveria voltar seus olhos para a classe trabalhadora.

Assim, a cada dia fica mais clara a intenção das ditas “pautas ambientais”; eles servem para encobrir a deterioração das condições de trabalho e, em vez de defender os trabalhadores, tudo o que se vê é uma esquerda pequeno-burguesa lutando em favor de objetivos falsos, que só favorecem o grande capital.

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