A indicação do ministro da Justiça, Flávio Dino, para assumir o comando do Supremo Tribunal Federal (STF) suscita questionamentos sobre o controle do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre seu governo. Dino não era a escolha preferencial de Lula, que favorecia o atual Advogado Geral da União (AGU), Jorge Messias.
Dino, assim como o novo procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi uma imposição dos ministros do Supremo. Parece ser um acordo entre o governo e a Corte, após o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), votar a favor da PEC (8/2021) que limita os poderes monocráticos dos ministros do STF.
No caso da indicação de Gonet, ficou evidente que foi uma imposição dos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, do STF. A situação é semelhante com a indicação de Dino, embora a maioria da esquerda acredite que seja uma política genuína de Lula.
Dino tem sido um dos piores ministros do governo Lula. Demonstrou sua incompetência nos primeiros dias do governo, quando bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes, causando uma crise para a atual gestão.
Ele também liderou o pacote de repressão que consolidava a pena máxima em 40 anos, entre outras medidas. Sob seu comando no Ministério da Justiça, a Polícia Federal recentemente conduziu uma operação de propaganda, a mando do Mossad (inteligência israelense), para prender supostos “terroristas do Hesbolá”, uma tentativa de intimidar o movimento em defesa dos palestinos contra o genocídio promovido por Israel.
Quanto a Gonet, é um direitista ferrenho e lavajatista. Participou da operação contra o PT, acusando sem fundamentos a presidenta do partido, Gleisi Hoffmann, de receber financiamento ilegal em sua campanha de 2010, acusação da qual ela foi inocentada em 2018. Foi um membro ativo do golpe no Judiciário brasileiro e é defensor da ditadura militar, tendo votado contra o reconhecimento da responsabilidade dos militares na morte de opositores à ditadura militar quando representava o MPF na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos entre 1995 e 2003.
Essas indicações evidenciam que o governo está acuado, indicando que Lula pode estar perdendo o controle sobre o governo para a mesma burguesia golpista que derrubou Dilma Rousseff em 2016. Dino não é de esquerda, não combate a extrema direita e não é uma pessoa democrática. Lula está indicando para o STF mais um Gilmar Mendes, mais um Alexandre de Moraes e mais um Barroso, favorecendo o miolo reacionário do STF. Portanto, a indicação é um perigo para o presidente.