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Falsificação da história

Independência na Bahia e a demagogia usada para atacar o Brasil

Concepção moral identitária da história do Brasil é usada para dividir o País

Em artigo publicado nesse dia 2 de julho, no UOL/Folha de S. Paulo, o colunista André Santana fala sobre os 200 anos da chamada Independência da Bahia. Com o título de “2 de Julho: O Brasil dos brasileiros nasceu há exatos 200 anos”, o texto apresenta conclusões distorcidas sobre o episódio.

Trata-se mais uma vez da típica concepção moral da história tão difundida entre o identitarismo cujo objetivo é uma interpretação reacionária da história. No caso da história do Brasil, essa concepção tem o objetivo de dividir o País.

Logo no início, o autor afirma que:

“Nos últimos anos, os historiadores têm contestado a versão que aprendemos na escola de que a proclamação da Independência do Brasil teria sido fruto do grito dado por Dom Pedro, às margens do rio Ypiranga, em 7 de setembro de 1822, de forma heroica, mesmo sem um suor ou sangue derramado.”

De fato, tem sido comum recentemente que os chamados historiadores, que na melhor das hipóteses são intérpretes da história, contestem o que eles chamam de “versão oficial da história”. Na realidade, essa é uma cobertura para criar outra versão, tão falsa quanto a que eles acusam de ser a oficial.

Vejamos por essa própria afirmação do autor. Segundo ele, a ideia de que a Independência foi fruto do grito dado por Dom Pedro seria falsa. Um dos motivos foi a ausência de suor e sangue. Interessante notar a preocupação de um dos maiores jornal da burguesia brasileira, um jornal ligado aos interesses estrangeiros, como é a Folha, com o suor e o sangue na Independência. A preocupação real logicamente não é essa. O jornal não quer que o povo conquiste nada nem com, nem sem derramamento de sangue. O interesse aqui é só um: distorcer a história do Brasil com uma finalidade de criar uma falsa divisão no País, que trataremos mais adiante.

“podemos dizer que hoje [2 de julho] é o verdadeiro Dia da Independência do Brasil. Nesta data, há exatos 200 anos, o exército libertador, formado por brasileiros brancos, mestiços, indígenas, negros escravizados, libertos ou nascidos livres, entrava em Salvador triunfante após expulsar as últimas tropas portuguesas que insistiam em se manter no território brasileiro, na esperança de reverter a situação política e retornar o domínio sobre o Brasil”

Segundo o colunista da Folha, a guerra na Bahia teria sido mais importante que o grito do Ipiranga. Isso porque, na Bahia, o exército libertador era composto “brasileiros brancos, mestiços, indígenas, negros escravizados, libertos ou nascidos livres”. Isso é um fato e esse episódio é um dos mais importantes do processo de Independência. E está aí um problema da interpretação do autor: a Independência, como toda revolução, foi um processo político, não acontece do nada. Isso significa que ela começou antes do Grito e terminou depois do Grito como uma série de episódios, alguns sangrentos outros não.

Poder-se-ia dizer que a escolha do Grito como um marco para a Independência é relativamente arbitrária. Em geral, justamente porque tudo na história é parte de um processo, pode-se afirmar isso sobre qualquer grande acontecimento histórico. Mas não é apenas isso. O Grito marca um episódio político essencial para a Independência, é a decisão daquele – apontam todos os defeitos que quiserem os historiadores – que tinha condições objetivas para assumir a direção da nova Nação que surgia.

Tanto é assim que, diferentemente do que dizem os defensores da tese apresentada pelo colunista, sem o envio de tropas dos Estados do sul do País, onde a Independência política já tinha sido garantida, para a Bahia, a vitória seria muito improvável ou muito mais difícil.

As tropas enviadas por Dom Pedro contavam com líderes importantes da história da Independência do Brasil como o general francês Pedro Labatut e o Almirante inglês Thomas Cochrane. Ou seja, não apenas brasileiros como estrangeiros que lutaram a favor da Independência.

A tese apresentada pelo colunista vê a história de um ponto de vista moral – “só vale se tiver sangue derramado e a participação do povo” – e estática, como se não fosse parte de um processo.

A ideia está sendo difundida com o objetivo de criar uma divisão no País. Ao invés de reconhecer a participação do povo brasileiro, o caráter popular da Independência brasileira, defendem a ideia de que na Bahia foi importante, no Sudeste não foi. De que no Sudeste foi “elitista”, na Bahia, não. Uma distorção absurda dos fatos.

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