À medida que o governo “Israel” intensifica os bombardeios contra Gaza e os ataques contra a Cisjordânia, vai agravando a sua própria crise. Tudo o que consegue com tais ações é assassinar palestinos civis, em especial mulheres e crianças. Por outro lado, não conquista praticamente nenhum objetivo militar significativo, isto é, não consegue impingir derrotas ao Hamas e aos demais grupos da resistência palestina e àqueles que lhes auxiliam na luta.
A cada dia, novas informações demonstram o aprofundamento da crise do Estado sionista. Logo após o 7 de Outubro, a cúpula do governo de “Israel”, em especial o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ministro da Defesa, Yoav Gallant, diziam que acabariam com o Hamas de uma vez por todas, mas nada disto ocorreu. Pelo contrário, a invasão de Gaza pelas Forças de Defesa de “Israel” (FDI) provocou pesadas baixas nas fileiras dos sionistas. A própria imprensa israelense está sendo obrigada a expor essa realidade inconveniente.
Nesse sentido, o jornal Yedioth Ahronoth noticiou que o número de soldados israelenses com danos psicológicos é tamanho que o governo de “Israel”, através do departamento de reabilitação do exército de ocupação, estabelecerá uma equipe de médicos e enfermeiros capazes de atender pacientes com tendências suicidas. Este mesmo jornal havia noticiado, há não muito tempo, que o número de baixas nas forças de ocupação já ultrapassava 5 mil. Naturalmente, apenas 2 mil foram confirmadas pelo governo.
Contudo, o Ahronoth não foi o único órgão da imprensa sionista a divulgar esse alto número de baixas. Segundo informações da emissora israelense Canal 12, do total mencionado acima, cerca de 3 mil soldados estão entre aqueles que sofrem de “deficiência permanente no exército”.
Não bastando, recente declaração de Noam Tivom, antigo comandante do Corpo do Norte das FDI, aponta que “[…] o norte de Israel, na fronteira com o Líbano, está completamente abandonado, sem qualquer horizonte para retorno dos colonos”.
Segundo o militar, a situação na região, local de confrontos entre o Estado sionista e o partido libanês Hesbolá, é “intolerável”:
“Os assentamentos no norte estão desertos, eles (o Hesbolá) estão destruindo a vida lá”.
No dia 26 de dezembro, centenas de colonos dos territórios palestinos ocupados ao norte protestaram contra a periclitante situação, conforme informações do Haaretz. O jornal israelense relatou que manifestantes diziam frases como “aquele que abandonou o sul não salvará o norte” e “o governo perdeu o norte”.
Ainda sobre a situação da fronteira entre o Líbano e “Israel”, segundo o já citado Canal 12, as estradas para vários assentamentos foram fechadas, em razão da resistência do Hesbolá, que ataca as posições das FDI, de forma que a região enfrenta uma situação de colapso. Assim, não só a população está revoltada com a situação, mas também as autoridades locais.
Ademais, há relatos de fogo amigo frequente nas fileiras das tropas sionistas. Segundo o órgão de imprensa libanês Al Mayadeen, no dia 26, foi noticiado por um canal israelense no Telegram que, já no mês anterior, dois soldados israelenses morreram em decorrência de fogo amigo. Na ocasião, um tanque bombardeou uma base de operações de uma brigada, no norte de Gaza. A situação demonstra uma deterioração no estado psicológico das tropas sionistas.
Noam Tivom não é o único militar a apontar o fracasso de “Israel” contra a resistência palestina: Kobi Maron, coronel da reserva das IDF, comentou, desesperado, sobre o assassinato de Razi Mousavi, conselheiro do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) — morto em Damasco, capital da Síria. Segundo o militar sionista, caso o Irã entre abertamente no conflito, poderá recorrer a:
- Barragem de mísseis partindo da Síria, contra os territórios palestinos ocupados por “Israel”.
- Ataques à marinha israelense.
- Assassinatos de importantes oficiais israelenses que estão fora do país.
Em face desse assassinato, o brigadeiro general Reza Talaei, porta-voz do Ministério da Defesa iraniano, prometeu uma retaliação decisiva e de inteligência. O coronel israelense Kobi Maron também frisou que mesmo sem o Irã entrar oficialmente no conflito, a situação de “Israel” já está difícil, chamando atenção especial a atuação do Hesbolá no norte da fronteira, corroborando o que diz Al Mayadeen:
“Estes ataques em constante expansão fecharam completamente as comunidades coloniais israelitas, localizadas a pelo menos 3,5 km de profundidade na linha de retirada da sua ocupação”.
Na mesma linha, Dan Halutz, ex-comandante-em-chefe da Força Aérea Israelense (2000–2007) e também das Forças de Defesa de “Israel” (2005–2007), declarou que “Israel” foi derrotada pelo Hamas, e que a única vitória que o país pode conquistar é a derrubada do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O que é sintomático da crise, pois o militar comandou as forças armadas quando “Israel” foi derrotado pelo Hesbolá em 2006, no Líbano.
No Líbano, a ação revolucionária do Hesbolá (Partido de Alá) contra o norte de “Israel”, está sendo um significativo fator para o aprofundamento da crise do Estado sionista. Assim, o imperialismo, em especial o francês, movimenta-se para cooptar o governo libanês a combater o Partido de Alá, para removê-lo da fronteira. Em matéria publicada no jornal Le Figaro, nessa terça (27), noticiou-se que “o Líbano está pronto para implementar uma resolução da ONU que distanciaria o poderoso movimento Hesbolá da fronteira com Israel, mas com a condição de que este pare os seus ataques e se retire dos setores reivindicados por Beirute, disse o primeiro-ministro libanês na sexta-feira, 22 de dezembro”. A questão é, terá o governo libanês capacidade para subjugar a força mais popular do país (o Hesbolá)?
Para além da crise que “Israel” enfrenta em Gaza, e na fronteira com o Líbano, a resistência armada dos palestinos também cresce a passos largos na Cisjordânia. Recentemente, a Brigada de Jenin divulgou um vídeo de um soldado israelense sendo emboscado e aniquilado.
مشهد لوقوع أحد جنود العدو بكمين محكم وإصابته من مسافة صِفر في محور حارة الدمج خلال اقتحام قوات الاحتلال لمخيم جنين.#الميادين #طوفان_الأقصى #فلسطين #غزة #كتيبة_جنين pic.twitter.com/NXTEAk8m3d
— قناة الميادين (@AlMayadeenNews) December 24, 2023
A resistência armada também travou batalhas contra os invasores sionistas, durante incursão ao campo de Balata, o que os forçou a recuarem.
#شاهد | اشتباكات بين مقاومين وقوات الاحتلال بعد اقتحام مخيم بلاطة شرق #نابلس.#طوفان_الأقصى #الثورة_الكبرى pic.twitter.com/xN5c0YDWAP
— قناة الميادين (@AlMayadeenNews) December 25, 2023
Mas não é só: os relatos da luta armada palestina vêm de diversas localidades da Cisjordânia, a exemplo da cidade de Tulcarm, no norte do enclave. No domingo, a Brigada de Tulcarm entrou em intensos confrontos com os sionistas, quando estes invadiram o campo de Nur Chamas. Na mesma cidade, as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa–Resposta Rápida “afirmaram que os seus combatentes se envolveram em confrontos em vários eixos, danificando mais de um veículo militar israelita”, conforme noticiado pelo Al Mayadeen.
A crise de “Israel” se aprofunda a cada dia, e a ritmo rápido. Com o tamanho do genocídio cometido contra os palestinos, as organizações armadas seguem derrotando militarmente as tropas sionistas e aumentando sua popularidade tanto em Gaza quanto na Cisjordânia. Ademais, enquanto o imperialismo já mobilizou grande parte de seus recursos para auxiliar “Israel”, e agora pressiona o Estado sionista a recuar, os países árabes que efetivamente apoiam os palestinos, tais com o Irã e a Síria, sequer entraram oficialmente em guerra contra “Israel”.



