Logo no início do atual conflito, dias depois que o Hamas e outros grupos palestinos, de maneira heroica, conseguiram furar o Domo de Ferro israelense, a imprensa do mundo inteiro noticiou o incrível caso dos 40 bebês decapitados pelo Hamas.
A informação, passada em primeiro lugar por um repórter israelense que afirmava ter visto a horripilante cena, logo tomou conta das redes sociais. Qualquer pessoa que se atrevia a defender os palestinos era confrontada com os 40 bebês decapitados. Até agora, passado semanas do caso, ainda é possível encontrar quem repita essa informação.
Acontece que pouco tempo depois, os próprios serviços de Israel foram obrigados a reconhecer que não havia bebês decapitados.
Uma notícia da CNN Portugal de 12 de outubro dizia: “Israel primeiro confirmou mas depois disse que não pode confirmar, Biden disse que viu imagens mas depois a Casa Branca disse que ele não viu nada: houve mesmo bebés decapitados pelo Hamas em Kfar Aza?”
Apenas pelo enunciado do artigo, de uma das principais agências imperialistas de notícias, é possível perceber a desmoralização completa da coisa. Considerações desse tipo, logicamente, apareceram apenas depois que a notícia dos 40 bebês já tinha sido divulgada.
Os órgãos da imprensa golpista brasileira também não perderam tempo em divulgar o caso dos bebês.
Esse caso não é isolado. A imprensa capitalista, em particular aquela ligada ao imperialismo, é uma grande fábrica de mentiras. Em tempos de guerra, essa fábrica aumenta a sua capacidade produtiva.
O caso dos bebês é apenas um episódio que, de tão escatológico, teve que ser desmentido. Mas isso não quer dizer arrependimento. Esses poderosos meios de comunicação agem de maneira consciente para manipular a opinião das pessoas. Para quem tem dúvidas, basta racionar um pouco: o desmentido não veio nem com um quarto do alarde e destaque da mentira inicial. Ou seja, o caso dos bebês foi uma propaganda de guerra deliberada.
A mentira não é a exceção, mas a regra da imprensa imperialista. Todo o esforço para mentir e manipular é parte integrante da máquina de guerra do imperialismo e de Israel contra o povo palestino.
Outra mentira contada pela imprensa foi o caso da invasão da rave. Segundo a imprensa, o Hamas teria entrado na festa e disparado contra os participantes. Teria sido um massacre na rave. Posteriormente, os relatos mostraram que as mortes dos civis ali foram resultado de troca de tiros entre combatentes do Hamas e militares israelenses, e não de um massacre contra civis desarmados.
Novamente, a mentira teve muito mais destaque do que o desmentido.
A máquina de propaganda israelense e imperialista tem como objetivo transformar o Hamas e os grupos palestinos de resistência em verdadeiros demônios, ou “animais”, como disse um ministro israelense. Isso serve para encobrar o genocídio em Gaza.
Para isso, querem transformar o Hamas num grupo “terrorista” e desumano. Inventam histórias e escondem a realidade como fizeram no caso da refém idosa que foi solta pelo Hamas. Ao ser liberada, a mulher cumprimentou o Hamas e declarou ter sido bem tratada, o que destoa da imagem de pessoas que decapitam bebês apenas para ver o sangue escorrendo.
As declarações da mulher foram escondidas pela imprensa. A imprensa brasileira, por exemplo, não falou um A sobre a questão, mas deu uma manchete com uma citação da mulher dizendo que “viveu um inferno”, algo normal para qualquer pessoa que esteve prisioneira.
Além desses casos, houve ainda o incrível caso do bombardeio de um hospital em Gaza que Israel falou ter sido feito pela Jihad Islâmica. Na maior cara de pau, a imprensa repetiu esse absurdo, facilmente negado pelos palestinos.
Esses são apenas alguns poucos casos dessas semanas de conflito. A realidade é que a história de Israel é sustentada pela máquina de mentiras do imperialismo.
A necessidade de mentir e manipular é cada vez maior quanto maior é a impopularidade de Israel.