Nesta quarta-feira, dia 17 de maio, o Estadão publicou um editorial na seção de Opinião intitulado O flerte da Petrobras com o atraso. A matéria ataca a nova política de preços da Petrobras e seu abandono da política do Preço de Paridade de Importação (PPI).
O editorial do Estadão
No texto, o Estadão não se preocupa em esclarecer sua posição, pelo contrário, apenas condena e distorce a nova política da Petrobras. É uma defesa aberta da política anterior do PPI, sem fundamentar sua posição.
“Nova política de preços é confusa e pouco transparente, mas permite ao governo fazer reajustes como quiser e abandonar diretrizes que salvaram companhia da ruína”.
É promovida uma verdadeira campanha de terror de falência contra a nova política, sem deixar claro como se daria o temível prejuízo. A todo momento acusa a nova política de genérica e condena o controle “artificial” de preços dos governos do PT.
O texto conclui com “o governo Lula começa a flertar com políticas autodestrutivas que foram marca da administração Dilma Rousseff”, o que está mais para uma ameça do que um aviso.
Nova política
Na última segunda-feira, 15 de maio, a Diretoria Executiva da Petrobras aprovou sua nova política de preços. O principal ponto dessa nova política foi o fim do PPI, que teria como objetivo suavizar os reflexos das oscilações internacionais do dólar e petróleo, nos preços nacionais dos combustíveis.
Nas palavras de Jean Paul Prates “não se afasta da referência internacional dos preços, mas sendo capaz de mitigar a volatilidade internacional”. Isso deve ocasionar um impacto positivo na inflação.
A nova política estabelece “o alinhamento aos preços competitivos por polo de venda, tendo em vista a melhor alternativa acessível aos clientes”. Segundo Frederico Nobre, os clientes do custo alternativo seriam distribuidoras de combustíveis, e não exatamente o consumidor final.
O que, para Nobre, implicaria nos preços da Petrobras sempre competitivos em relação ao de outras refinarias privadas e, inclusive, de empresas internacionais que vendem para o País.
Frutos do golpe 2016
O PPI, que como apontado pelo Estadão perdurou por quase 7 anos, foi um fruto do Golpe de Estado de 2016. O PPI foi instaurado durante o governo de Michel Temer e a gestão de Pedro Parente.
Fez parte de uma série de ataques contra as condições de vida da população, superada apenas pelos anos dos governos de Fernando Henrique Cardoso. Podemos dizer sem medo que o curto governo Temer conseguiu ser ainda mais aviltante que o governo Bolsonaro.
O Brasil é o 9° maior produtor de petróleo cru do mundo desde 2020, sendo autossuficiente desde 2015. O grande problema está na venda de refinarias e falta de investimento, neste setor.
Embora a produção seja basicamente de petróleo pesado, as poucas refinarias que ainda temos são basicamente projetadas para petróleo do tipo leve. Isso acarreta necessidade de importação no segmento de derivados para o mercado interno.
Em resumo, o PPI não tinha qualquer fundamento técnico a exceção de maximizar o lucro dos acionistas. Em consequência dos golpes, ficamos dependentes do mercado externo. E o Estadão quer que continue assim.