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O "bom" imperialista?

Imperialista judeu é imperialista

Um comunista jamais terá qualquer simpatia política por Trump, mas só uma profunda desorientação apresentará Soros como o mecenas de “causas progressistas”

Em coluna publicada no portal Brasil 247, o fundador do “Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil” e do coletivo “Judias e judeus com Lula”, Jean Goldenbaum, exulta com o indiciamento do ex-presidente norte-americano, Donald Trump, tratando o evento como uma dádiva “para quem é a favor da Democracia, da Justiça Social e dos Direitos Humanos” (“Trump, a justiça e o antissemitismo eterno”, 4/4/2023). “Ver Trump finalmente pagando pelos seus crimes”, continua o colunista, “é um presente em termos de Justiça.”

O artigo de Goldenbaum não diz quais seriam os tais crimes, fundamentando sua celebração em generalidades tão confusas quanto “o presidente mais nocivo a governar na Casa Branca” (para quem?), “a maior desestabilização social já vista em seu país”, a base de apoio “supremacista” e “conspiracionista”, e outras atribuições do gênero, indicando que a questão não é jurídica, o que fica exposto no terceiro parágrafo da coluna: “o ponto que trago a este artigo é justamente a questão do antissemitismo”, diz o colunista, concluindo que “Trump e considerável parte de seus seguidores são antissemitas”. Finalmente, na sequência desse raciocínio, uma defesa entusiasmada do banqueiro judeu George Soros, dono da Organização Não-Governamental (ONG) Fundação Open Society (OSF na sigla original, em inglês).

Levar o debate do julgamento do ex-mandatário americano para o campo do antissemitismo, como faz o colunista de Brasil 247, é um expediente reacionário por si mesmo, sendo útil para quem busca defender a perseguição estatal a um cidadão (mesmo um bilionário como Donald Trump) e/ou a defesa de um dos maiores criminosos do mundo, exatamente o caso de Soros. Dessa forma, torna-se possível escamotear o fato de que o indiciamento de Trump é um desdobramento da luta de classes, em um momento marcado pela desagregação no interior da burguesia. Dividida entre um setor imperialista (o mais poderoso) ávido por retomar o controle do país mais importante do mundo, e um segmento menor da mesma classe, cansado de arcar com os custos da política do imperialismo, as trilionárias guerras mantida pelos EUA por exemplo, a autofagia da burguesia norte-americana e suas manifestações é o que realmente deve ser observado por quem precisa se posicionar politicamente sobre a questão.

Consciente ou não, o colunista repete a fórmula adotada pelo Partido Nazista para capitalizar politicamente os resultados da crise alemã entre os anos 1920 e 1930, tirando o caráter classista dos fenômenos políticos e dotando-os de características morais. Isentando a burguesia imperialista alemã da devastação econômica e social verificada nestes anos turbulentos, os propagandistas nazistas, por serem apoiados por essa mesma burguesia, focaram sua agitação contra os banqueiros judeus.

Eventualmente, alguns burgueses mais frágeis pagaram um duro preço pela criação, mas a classe conseguiu manter sua dominação. Atualmente, o mesmo método é adotado pelos ideólogos do identitarismo, que excluem a classe dominante e enfatizam o “patriarcado” na (suposta) defesa das mulheres, a “branquitude” contra negros e etc. 

A divisão moral entre o supostamente antissemita Donald Trump e os judeus em abstrato livra os crimes de George Soros, um judeu cuja ONG se encontra na raiz de um incontável número de golpes de Estado desde seus primórdios (a OSF foi precedida pela Fundação Soros, de 1984). Um criminoso judeu, contudo, não deveria ser algo surpreendente, seja do ponto de vista lógico, seja do histórico.

Na mesma Alemanha e no período histórico supracitado, a Associação de Judeus Nacionais Alemães atuou no sentido de ligar uma parcela dos judeus aos nazistas, apontando os judeus eslavos como os verdadeiros inimigos do nazismo e dos alemães. O massacre de judeus pela máquina nazista tornou-se, posteriormente, o escudo retórico para a defesa da invasão da Palestina e de todos os crimes cometidos por Israel contra a população palestina.

Naturalmente, um comunista sério jamais irá nutrir qualquer simpatia política por alguém como Donald Trump, um político burguês e por isso mesmo, inimigo do proletariado. Só uma profunda desorientação, contudo, permite alguém que não pertença ao campo imperialista considerá-lo um “criminoso” e Soros como o mecenas de “causas progressistas”, o que é uma completa farsa.

Sob a administração do ex-presidente, os EUA não iniciaram nenhuma guerra, um feito inédito na história americana recente, o que o torna muito mais partidário “da Democracia e dos Direitos Humanos” do que seus antecessores e seu sucessor, Joe Biden. Isso vale especialmente para governos como o de Bill Clinton, Barack Obama e outros encabeçados pelo Partido Democrata, agremiação que, como lembra Goldenbaum, foi “consistentemente” apoiada com “altas quantias” em donativos feitos por Soros. Se a defesa dos direitos humanos é uma questão política importante, há que se considerar o mais elementar de todos, o de viver, especialmente sem bombardeios aterrorizando toda uma nação, direito barbaramente ignorado pelos principais articuladores do indiciamento e de uma eventual prisão de Trump.

O fim da opressão dos judeus está intimamente ligado ao fim da opressão do proletariado, o que só poderá ser resultado de uma revolução social. A libertação não poderá vir dos golpes principais fomentadores da escravidão da humanidade, o grupo político do qual Geroge Soros faz parte e que sob o disfarce dos direitos humanos e das ditas “causas progressistas”, mantém os países desenvolvidos em constante guerra contra os países atrasados.

Revoluções libertadoras, como a história demonstra, são impulsionadas pela dificuldade dos dominadores em manter os dominados sob controle. A crise expressa e acentuada por Trump, tende, portanto, a beneficiar os dominados, ao contrário da política de Soros, propagandeada aos quatro cantos do mundo pela sua ONG e que nada trazem além do fortalecimento desse sistema de opressão que é o imperialismo.

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