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Política Internacional

Imperialismo sobe tom com Lula devido à sua política externa

Diferente dos setores que caracterizam o governo Lula como lacaio dos EUA, o imperialismo vê com preocupação a política internacional brasileira

Se setores da esquerda e, mais amplamente, aqueles que se reivindicam nacionalistas, demonstraram enormes dificuldades em caracterizar de forma precisa o atual governo Lula, vemos que o imperialismo não é acometido pelas mesmas confusões.  A associação de jornais impressos, estações de rádio e televisão estadunidenses que comandam a AP news, recentemente publicou uma matéria apontando a coragem do petista em adotar uma política independente em meio a imensas pressões dos países capitalistas avançados, em especial os EUA.

“Nas últimas semanas, o Brasil de Lula enviou uma delegação à Venezuela, recusou assinar uma resolução da ONU condenando as violações dos direitos humanos na Nicarágua, permitiu que navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro e recusou-se terminantemente a enviar armas para a Ucrânia, em guerra com a Rússia.

Estas decisões suscitaram apreensões nos Estados Unidos e na Europa, mas os especialistas disseram que Lula está reativando o antigo princípio brasileiro de não-alinhamento, com décadas de existência, para criar uma política que melhor salvaguarde os seus interesses num mundo crescentemente multipolar.”

Como aponta a matéria do jornal burguês, o atual governo brasileiro demonstrou — em diversos momentos — que sua política externa não é editada em Washington. A posição que está se constituindo visa um equilíbrio delicado entre as forças que se chocam nesse novo mundo, prestes a nascer. 

Apesar do jornal já mencionado estabelecer caracterizações de cunho moralista, como colocar todos os países ativamente anti-imperialistas em um mesmo balaio abstrato de “regimes autoritários”, a matéria está correta ao demonstrar como as grandes potências capitalistas enxergam o xadrez brasileiro. 

“A mudança suscitou repreensões por parte dos EUA e de Israel. ‘Acolher embarcações navais iranianas envia a mensagem errada’, disse a Secretária de Imprensa da Casa Branca Karine Jean-Pierre durante uma reunião de informação em 9 de Março.

Ela acrescentou: ‘Mas o Brasil é um país soberano e é-lhes permitido tomar a sua decisão sobre a forma como vão envolver-se com outro país’.”

O pêndulo Brasileiro

Como disse o grande Gerson “canhotinha de ouro”: a diferença entre o Rei e o “Mané” era que, o Pelé, apesar de genial, era possível de se imaginar o que iria fazer, o difícil era pará-lo. No entanto, com Garrincha, a questão era outra. Segundo Canhotinha, o índio fulni-ô tornava impossível para o adversário a tarefa de antecipar qualquer um de seus dribles. A política externa brasileira do governo Lula possui esse sangue driblador. As movimentações do petista são ambíguas, sempre abertas, nunca taxativas. O movimento pendular que o Brasil exerce — entre o polo sino-russo e o polo imperialista euro-estadunidense — nos dá a pedra de Roseta para traduzir a natureza deste governo. 

Segundo muitos “especialistas”, o Partido dos Trabalhadores, Lula e, por consequência, seu governo seriam uma espécie de sucursal do partido Democrata estadunidense. O mesmo Partido de Joe Biden e dos Clinton. Não há a mínima preocupação em caracterizar historicamente quem é Lula, o que é essa federação de tendências chamada “PT”, muito menos suas ligações concretas com as diferentes classes e frações de classe em disputa na sociedade brasileira. Ao contrário, querem juntar tudo no mesmo pacote de servos do império, como se um Gabriel Boric no Chile e um Lula no Brasil tivessem a mesma natureza política. Um total disparate, que grita incompetência dos tais “especialistas”, como rebatem os estudiosos entrevistados pela AP.

“O Brasil mostrou a sua vontade de seguir uma política externa independente dos EUA e dos países europeus quando permitiu a atracagem de dois navios de guerra iranianos, acrescentou Guimarães.”

Colocando as coisas no Lugar

A política internacional brasileira não é um rompimento com o imperialismo. Tal política é impossível tendo em vista a correlação de forças internas no Brasil. No entanto, é risível essa tentativa verdadeiramente absurda que caracteriza o PT como uma sucursal do império, por ter políticos pequeno-burgueses influenciados por linhas estadunidenses, ou ceder espaço em ministérios para uma ala “ONGueira”, vinculado diretamente aos EUA. 

O governo Lula é, antes de mais nada, um governo fraco e contraditório. É contraditório porque é composto por “gregos e troianos”, numa tentativa de garantir a estabilidade política através de uma estratégia institucionalista. E é um governo fraco porque já surge pressionado, com os militares mais presentes na política nacional, um STF protagonista, uma sociedade dividida por falsas polarizações, com o golpe de 2016 ainda não remediado e uma relutância em convocar as grandes massas populares para tomar as ruas em nome de seus próprios interesses. 

Entretanto, mesmo fraco e contraditório, o governo Lula aposta neste jogo pendular, “garrinchesco”, para uma política mais independente, que põe os interesses brasileiros na mesa e pisa fora do compasso de Washington. E, se mesmo fraco e emparedado, Lula e o PT apostam em uma política internacional independente, como podemos caracterizá-los como um tentáculo do partido Democrata? Apenas com doses cavalares de desonestidade intelectual é possível engolir essa tosca tentativa de desestabilização promovida por tipos vende-pátria bolsonaristas, que tornaram-se “nacionalistas” no governo Lula, como Kim D. Paim.

A necessidade da mobilização de massas

Como já apontamos em outras matérias e vídeos, a política do Partido da Causa Operária é de apoio irrestrito ao combate contra o imperialismo. Nessa toada, entra o apoio à luta russa, que não é contra a Ucrânia, mas sim contra toda a OTAN. Não temos afinidades ideológicas com o governo de Moscou, mas entendemos que a luta contra o imperialismo é, por si mesma, uma luta revolucionária, estejam os seus atores cientes disso, ou não. No Brasil, a política pendular de Lula representa um avanço significativo em relação ao capachismo de Bolsonaro. No entanto, sem a entrada das amplas massas populares na luta política, o emparedamento contra Lula continuará, o que coloca em risco não só a política internacional, mas os interesses populares que elegeram o presidente. E o perigo vai além: o próprio governo, por sua fragilidade, também corre sério risco de um novo golpe caso as massas permaneçam fora da luta política nacional. 

Em suma, a política internacional brasileira é limitada pela correlação de forças na política nacional, que está desfavorável para as classes populares, tendendo a piorar devido a manutenção de uma estratégia institucionalista. Sem trazer a luta política para às ruas, mobilizado as amplas massas populares e, em especial, a classe trabalhadora, teremos a burguesia associada ao imperialismo livre para manobrar, o governo Lula na beira do precipício e a política internacional voltará a se acoplar aos interesses estadunidenses. 

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