No último domingo (28), ocorreu o segundo turno das eleições presidenciais na Turquia, do qual se saiu vitorioso o atual presidente Recep Tayyip Erdogan, derrotando o líder da oposição Kemal Kilicdaroglu.
Erdogan foi reeleito com 52,14% do total dos votos, o que corresponde a um total de 27.513.587 de eleitores. Kilicdaroglu, por sua vez, recebeu 25.260.109 votos, o que corresponde a 47,86% do total.
No decorrer das eleições, em especial no primeiro turno, a imprensa imperialista propagandeou constantemente que Kilicdaroglu seria o favorito a vencer a corrida presidencial. Contudo, não se tratava se meras manipulações das pesquisas eleitorais.
Conforme apontado por este Diário, os países imperialistas não queriam a vitória eleitoral de Erdogan. Já haviam tentado um golpe de Estado contra ele em 2016, o qual fracassou. Realizaram manobras para derrotá-lo, por exemplo, forçando um dos candidatos a retirar sua candidatura, transferindo os votos para Kilicdaroglu. Apesar de toda a pressão, Erdogan saiu vitorioso. Com a derrota de Kilicdaroglu, o imperialismo saiu enfraquecido.
Erdogan é um líder político que possui certa independência em relação aos países imperialistas. E esta independência se acentuou após a tentativa fracassada de golpe em 2016, que levou a um expurgo nas forças armadas e na burocracia estatal. Igualmente, fez com que Erdogan buscasse se aproximar mais da Rússia e da China. Nas eleições turcas, era visível o apoio dado pelo presidente russo, Vladimir Putin, bem como a campanha cínica da imprensa de que Erdogan seria um “ditador” assim como Putin. Entre os motivos do apoio de Putin, está o fato de que a Turquia, mesmo sendo um país membro da OTAN, se recusou a enviar armas para a Ucrânia no conflito com os russos.
A posição do país é estratégica, sendo localizada entre a Europa e a Ásia. Faz fronteira com o Iraque, o Irã e a Síria. É banhada pelo Mar Negro, sendo de fundamental importância econômica, política e militar para região, por controlar os estreitos que ligam o mar negro ao mar de Mármara e este ao braço egeu do mar Mediterrâneo. Os chamados estreitos Turcos são considerados convencionalmente como a fronteira entre os continentes da Europa e Ásia.

Dada sua localização, é também rota para que a Europa explore fontes energéticas (petróleo) do mar Cáspio e da Ásia Central. É integrante da OTAN e, a depender do imperialismo, seria ponta de lança para seu expansionismo para o oriente e, igualmente, contra a Rússia, em todas e quaisquer circunstância.
Contudo, a realidade é outra.
Nos últimos anos o enfraquecimento do imperialismo vem ocorrendo de forma exponencial, de forma que a derrota dos Estados Unidos no Afeganistão em 2021 representou uma ponto de inflexão na situação.
Desde então, os países oprimidos, um atrás do outro, seguem se insurgindo contra a ditadura mundial imperialista
A operação militar especial Russa na Ucrânia abriu mais ainda as porteiras, de forma que a situação mundial agora segue cada vez mais desestabilizada.
No Oriente Médio, região outrora completamente escravizada pelos EUA e pela Europa, agora se encontra quase integralmente rebelada. Arábia Saudita e Irã reataram seus laços diplomáticos. Síria foi readmitida na Liga Árabe. Apenas Israel e Egito continuam sendo as pontas de lança do imperialismo na região. Contudo, mesmo estes países já estão buscando se afastar do domínio americano e europeu.
Na Ásia Central, não foi apenas o Afeganistão que se rebelou contra a dominação imperialista. Recentemente, os Estados Unidos tentaram fomentar uma revolução colorida no Cazaquistão, um dos maiores países da região, aliado aos russos. O golpe fracassou totalmente, em grande medida pela iniciativa de Putin. No Paquistão, o imperialismo teve de dar um golpe de Estado – golpe esse que ainda não conseguiu se consolidar, como pode ser visto nas grandes mobilizações em defesa do líder nacionalista deposto, Imran Khan.
Assim, a vitória de Erdogan na Turquia é mais um fator que enfraquece a ditadura imperialista global, em especial na região do Oriente Médio, do Leste Europeu, da Ásia Central e do Norte da África – regiões bastante interligadas com a Turquia.