À luz do agravamento do conflito entre palestinos e sionistas, os órgãos de imprensa do imperialismo e ongs “humanitárias” em geral estão assumindo a posição aparente de “nem um nem outro”. No caso, nem os “terroristas” do Hamas e nem o atual governo abertamente de extrema-direita de Netanyahu e o regime de apartheid sobre a palestina.
É um sinal de que os Estados Unidos e o bloco imperialista já manobram para conter a crise no Oriente Médio, através de uma saída para conter a luta de classes na região e manter a estabilidade de seu domínio através do Estado de Israel.
Desde que o Hamas e outros grupos palestinos foram bem sucedidos, no último sábado (7) em uma ação armada contra Israel, o Estado Fascista Sionista vem a cada dia intensificando sua política genocida contra o povo palestino, em especial aquele da Faixa de Gaza.
Com os incessantes bombardeios de Israel contra a população civil, e o bloqueio total de Gaza (impedindo a entrada de água, comida e combustível) o conflito histórico entre os opressores sionistas e os palestinos oprimidos acirra-se. A luta de classes no Oriente Médio se acirra. A política genocida do sionismo radicaliza o povo palestino.
Para além disto, com a ampla circulação da informação que existe atualmente, o mundo inteiro vê os crimes de guerra cometido por Israel, de forma expor o quão monstruosa é aquele regime fascista e mesmo a existência daquele Estado.
Os órgãos da imprensa imperialista (Washington Post, por exemplo) e pró-imperialista (Globo, Folha de São Paulo, por exemplo), ao noticiar os acontecimentos, já guardam um espaço para relatar, ou mesmo questionar, as atrocidades de Israel contra Gaza e a existência de uma crise humanitária. Em coluna, Merval Pereira “elogiou” Lula por declarações contra o Hamas e contra os ataques de Netanyahu, como forma de pressionar o presidente a uma capitulação completa à vindoura manobra imperialista.
Até mesmo as ONGs “humanitárias” do imperialismo seguem a mesma linha de atuação (Human Rights Watch, por exemplo). Frequentemente falam até mesmo em regime de apartheid.
Anthony Blinken, Secretário de Estado dos EUA está em Israel, e reuniu-se com Netanyahu. Há rumores de que na sexta-feira irá se reunir com Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, como se o imperialismo fosse um negociador imparcial.
É preciso que fique claro: o imperialismo e seus órgãos não se importam com os palestinos.
Assim, o discurso contra o apartheid e os crimes de guerra dos sionistas é uma farsa. E a possível reunião de Blinken com a AP esconde interesses escusos dos ianques.
Contudo, a política genocida do sionismo impulsiona o crescimento de um movimento revolucionário palestino, que pode muito bem se espalhar para o restante dos países árabes. Isto, por sua vez, pode conflagrar uma revolução generalizada do mundo árabe contra Israel e o imperialismo.
Esses fatores, combinados, tendem a resultar, eventualmente, no fim do Estado de Israel. E o imperialismo não quer isto de maneira alguma. Seria um golpe duríssimo, que resultaria em um enorme enfraquecimento dos Estados Unidos e do bloco imperialista de conjunto. Sem Israel, a tendência é que o bloco perderia o que ainda tem de controle sobre o Oriente Médio.
Assim, a demagogia do imperialismo contra Israel é apenas no sentido de possibilitar uma saída para o conflito, que permita ao imperialismo manter sua ditadura sobre o médio oriente, que permita continuar utilizando Israel como um ponto de controle sobre a região.
Algo semelhante com o que aconteceu com o apartheid sul africano: uma saída negociada para conter a revolução e manter a “situação”, na medida em que isto é possível (é claro, um pouco o imperialismo irá perder… mas é entregar os anéis para não perder a mão… ou melhor, entregar a mão para não perder o braço).
Para essa operação, é necessária a demagogia. É necessário que o imperialismo e seus órgãos também exponham, de forma controlada e apenas parcialmente, os crimes de Israel.
Por quê?
Pois, para que a manobra seja bem sucedida, é fundamental a capitulação da Autoridade Palestina, ou seja, Mahmoud Abbas e seu partido, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). De forma semelhante ao que ocorreu com Yasser Arafat e a mesma organização na década de 1990, ao fim da Primeira Intifada.
Uma saída controlada pelo imperialismo envolve utilizar a AP e a OLP para conter o Hamas e demais grupos revolucionários. De forma semelhante a como Mandela e seu partido, Congresso Nacional Africano (CNA), foram utilizados para conter a situação revolucionária na África do Sul.
No mesmo sentido, a demagogia serve para desarmar a esquerda, algo necessário, pois há muitos palestinos e apoiadores pelo mundo, em especial nos países europeus. O apoio da esquerda mundial, em especial a dos países imperialistas, é de grande valia para acelerar a luta pela libertação nacional do povo do médio oriente, em especial o da Palestina.
Em suma, o imperialismo está tentando desescalar o conflito. Conter a polarização, ou seja, a luta de classes no oriente médio e, consequentemente, no mundo.
É possível que a saída seja através da criação de um Estado Palestino, e a manutenção do Estado Sionista. Ou seja, uma alternativa bastante semelhante à que existe hoje, mas que seria disfarçada com algumas cessões políticas e jurídicas, no sentido de mascarar a opressão sobre os palestinos, que hoje é escancarada.
O imperialismo busca uma saída que mantenha os palestinos como escravos, e os sionistas e Israel como agentes da ditadura imperialista no Oriente Médio.
A única saída verdadeiramente revolucionária e anti-imperialista para o conflito entre palestinos e sionistas é o fim do Estado de Israel, e a criação de um Estado Palestino, abarcando todo o território que lhe foi roubado; um Estado laico que permita a convivência harmônica de todas as nacionalidades e grupos religiosos daquela região.
Assim, é preciso que a esquerda e todos os grupos que lutam pela libertação do povo palestino e do povo árabe precisam ficar atentos às movimentações seguintes do imperialismo, pois os EUA poderão tentar uma saída que seja aparentemente a libertação dos palestinos. Mas não será.
Uma manobra do imperialismo resultará apenas em uma escravidão disfarçada.