Terá início nessa terça-feira (8) a Cúpula da Amazônia, evento que reúne os presidentes dos países que compõem o Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), quais sejam, o Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela. Tratam-se de países em cujos territórios está a floresta Amazônica. Todos participam da cúpula.
Segundo informações oficiais do governo brasileiro, um dos objetivos da Cúpula da Amazônia é “fortalecer a OTCA, para que tenha condição de apoiar os países da região na realização das iniciativas e dos projetos necessários ao desenvolvimento sustentável da região”.
O evento está programado para durar até quarta-feira (9), dia em que será voltado para o encontro com os chefes de Estado e representantes de outros países oprimidos que possuem grandes florestas tropicais – República Democrática do Congo, República do Congo, Indonésia e São Vicente e Granadinas. Contudo, para o mesmo dia foram convidados representantes de três países imperialistas, a saber, França, Alemanha e Noruega, assim como de organismos multilaterais e entidades financeiras internacionais, mostrando o claro interesse do imperialismo em manter a região Amazônica sobre o seu controle.
Nos dias que precedem a cúpula, a imprensa burguesa brasileira, completamente subserviente ao imperialismo, já desata sua campanha contra o presidente Lula, na defesa da política pró-imperialista do ambientalismo e da falsa defesa identitária dos índios.
Em matéria do Estadão, é cedido espaço a uma gama de pseudo-especialistas, cujas posições resumem-se a criticar a posição nacionalista do presidente Lula de querer explorar o petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. Por óbvio, dentre os ditos “especialistas”, está o secretário-geral da ONG Observatório do Clima, um dentre as inúmeras patrocinadas pelo imperialismo. Márcio Astrini não se limite a condenar em abstrato a exploração do petróleo. Coloca em termos concretos a política imperialista de barrar o desenvolvimento nacional.
Nesse sentido, diz que vários projetos no Congresso Nacional devem ser vetados por Lula, caso sejam aprovados. E quais projetos seriam estes? A pavimentação da BR-319, que liga Rondônia ao Amazonas e a construção da Ferrogrão, ferrovia que liga o município de Sinop (MT) ao porto de Miritituba (PA). Todas obras que podem contribuir para o desenvolvimento nacional.
E qual justificativa para barrá-las? Prejudicaria os índios, por passar perto ou dentro de reservas indígenas. O que é uma farsa, pois o progresso econômico traria significativas melhorias à vida dos índios. O único que sai prejudicado nisto é o imperialismo, que não poderia mais manter o índio na miséria, utilizando o expediente de “cultura ancestral” para impedir a exploração e o transporte de recurso naturais, necessários para o desenvolvimento do país.
Ademais disto, há outro projeto ao qual o ongueiro se opõe: o projeto que retira do IBAMA o licenciamento de obras de interesse nacional. Nada mais natural, afinal o atual presidente do órgão, Rodrigo Agostinho) é um ambientalista ligado a ONGs internacionais. Já a ministra do meio ambiente, Marina Silva, é uma notória funcionária da Open Society Foundations, ONG de George Soros, um imperialista especulador, com forte atuação no ramo do petróleo.
Falando em Marina Silva, a mesma disse nessa segunda feira que “Sabemos que temos de trabalhar num espaço multilaretal global. Mesmo que consigamos reduzir o desmatamento em 100%, se o mundo não parar com as emissões por combustível fóssil, vamos prejudicar a Amazônia de igual forma”.
Ou seja, tem que acabar com o uso do petróleo. Tendo em vista que em junho, o IBAMA, com o aval de Marina Silva, negou licença à Petrobrás para estudar a viabilidade da Bacia da Foz do Amazonas, para eventual exploração de petróleo, resta claro que a ministra não quer que o governo brasileiro explore o petróleo. Aliás, em outra ocasião Marina Silva já declarou expressamente que a Petrobrás deveria abandonar a exploração do petróleo.
Em suma, exatamente a mesma posição do imperialismo e de seu patrão, George Soros. Brasil não pode explorar o petróleo, pois prejudicaria o meio ambiente.
A questão que fica é, por que o patrão de Marina Silva, um notório especulador do petróleo, diz que o Brasil não deve explorar esse recurso energético? Por que ele utiliza sua ONG, a Open Society, para propagar a política ambientalista?
Simples: ele, assim como o restante dos países imperialistas, não quer o Brasil utilize seus recursos naturais em prol do desenvolvimento econômico da nação. Eles querem que o governo brasileiro deixe “guardados” debaixo do solo os recurso naturais existentes no país, em especial na Amazônia, para que o imperialismo os saqueie quando deles necessitar.
Em suma, querem roubar nossos recursos naturais, nossos minérios, nosso petróleo. Para isto, é necessário impedir que o governo Lula os utilize em prol do desenvolvimento do país; que os utilize para tirar nosso povo da miséria. E como impedir Lula de explorar os recursos naturais? Através da defesa do meio ambiente e da política identitária de defesa dos índios (uma falsa defesa, na realidade).
A isto servem essas duas políticas – impedir o desenvolvimento e a independência dos países oprimidos pelo imperialismo.
Marina Silva, que infelizmente continua sendo ministra do meio ambiente (um grave erro), é porta voz dessa política. É uma agente a serviço do imperialismo.
O mesmo papel cumpre Susana Muhamad, ministra do meio ambiente da Colômbia, cujo governo tem defendido abertamente o fim da exploração do petróleo na Amazônia, mostrando que Petro é de fato um capacho do imperialismo. Diante da posição pró-imperialista da “Marina Silva” colombiana, o Estadão concedeu-lhe espaço para entrevista. Nela, o caráter pró-imperialista de Susana Muhamad fica evidente. Vejamos sua declaração:
“A reflexão que queremos colocar é sobre como podemos cooperar e trabalhar conjuntamente para conseguirmos um plano conjunto de não abrir mais blocos de petróleo na Amazônia devido à necessidade de sustentar a integralidade ecológica.
[…]
A integridade não é tanto para o tema das emissões de gases de efeito estufa, mas porque é um pouco paradoxal seguir pensando sobre petróleo frente à crise que temos, porque esses megaprojetos geram abertura de caminhos, fragmentação ecológica, perda de biodiversidade e sobretudo conflito com as comunidades. Seria lógico e uma mensagem muito poderosa ao Norte que fechássemos um plano progressivo, porque todos nossos países têm petróleo na Amazônia”.
“Uma mensagem muito poderosa ao Norte”… Há como ser mais claro que impedir os países amazônicos, em especial o Brasil, de explorar o petróleo serve tão somente ao imperialismo? Para ser mais claro que isto, apenas afirmando de forma expressa.
Vê-se, portanto, que, às vésperas da Cúpula da Amazônia, a imprensa burguesa pró-imperialista já deu início à sua campanha para pressionar o governo a adotar a política ambientalista e identitária do imperialismo. E, caso não adote, a campanha serve para ir, progressivamente, insuflar uma movimentação golpista contra Lula, utilizando-se da histeria de setores de classe média em relação ao meio ambiente e as mudanças climáticas.
Lula, por sua vez, mostra-se novamente com um político habilidoso em manobrar dentro de circunstâncias desfavoráveis.
No decorrer do ano, em especial no cenário internacional, Lula vem expressando uma política nacionalista, que o coloca em rota de colisão com o imperialismo. Relembrando, ele vetou o envio armas à Ucrânia; advoga pela paz (política contrária ao imperialismo); colocou no imperialismo a culpa pela guerra; defende a política de desdolarização da economia mundial; e disse perante o imperialismo, na cúpula da Celac, que a Amazônia não é um santuário ecológico, e que o desenvolvimento sustentável dela deve servir, primeiramente, à melhoria da vida da população.
Observando esse conjunto de fatos, percebe-se que Lula está utilizando o disfarce da defesa da Amazônia para pode reunir países oprimidos, a fim de fortalecer a união entre eles, para que possam ter relativa independência em relação ao imperialismo.
Contudo, manobras habilidosas à parte, é fundamental saber que Lula não conseguirá implementar um programa nacionalista apenas com ela. Muito menos conseguirá derrotar a ofensiva golpista do imperialismo que já se desenha no horizonte. Para realizar um programa nacionalista, desenvolver o país e, em última instância, derrotar o imperialismo, apenas através da mobilização das massas, em especial da classe operária.
Sendo assim, Lula deve trabalhar constantemente no sentido dessa mobilização. E o tempo urge, pois a cada dia que passa o imperialismo solidifica seu poder no território da Amazônia, através das ONGs. Já é seguro dizer que existe uma certa dualidade de poderes na região norte do País. Parte do poder está sob controle direto do imperialismo. E ele certamente será usado no futuro contra o povo brasileiro.