A Folha de S. Paulo publicou, no último dia 9/9, um artigo chamado “É hora de o Brasil reconhecer seu papel na destruição da democracia do Chile”, assinado por Roberto Simon, que se apresenta como pesquisador da Universidade de Harvard, um “especialista” das ditaduras militares no Brasil e no Chile.
Segundo o próprio título da matéria, o Brasil deveria fazer uma espécie de mea culpa sobre seu apoio à ditadura de Pinochet no Chile.
O interessante é que essa posição, expressa nas páginas da Folha, vem quando se completam 50 anos do golpe de Pinochet e, ao mesmo tempo em que documentos mostram o envolvimento dos Estados Unidos no golpe. Não que seja muito necessário documentos para mostra o que todo o mundo já sabe. Mas lá estão eles.
O interessante do artigo da Folha é o cinismo e a perfídia. A origem da ideia de que o “Brasil” deveria reconhecer seu papel é o imperialismo. Não apenas pela origem do pesquisador que assina o artigo, mas pelo próprio caráter da Folha de S. Paulo, um jornal pró-imperialista.
Primeiro, não existe “Brasil” em abstrato. Quando a reportagem diz isso ela quer dar a entender que o papel do Brasil na ditadura de Pinochet seria igual ao dos Estados Unidos. Funciona mais ou menos assim: tudo bem que os norte-americanos, esses reconhecidos safados internacionais, foram responsáveis pelo golpe, mas o Brasil também foi.
O cinismo é incrível. Que Brasil foi esse que apoiou o golpe no Chile? O “Brasil” governado pelos militares que foram colocados no poder pelos mesmos norte-americanos.
O Brasil não é vilão nessa história. O Brasil é tão vítima quanto o Chile.
Mas a Folha de S. Paulo, esse jornal muito democrático que emprestava seus carros para que militantes fossem levados para a tortura, quer que o Brasil parece um grande vilão.
Devemos explicar que os vilões brasileiros em primeiro lugar estavam a serviço dos norte-americanos. Em segundo lugar, os vilões dessa história são os militares e a Folha de S. Paulo junto com os demais órgões da imprensa que apoio esse golpe.
No final das contas, quem deveria reconhecer seu papel na ditadura de Pinochet é a próprio Folha de S. Paulo.
Esse jornal está programado para fazer propaganda imperialista. Os EUA querem limpar um pouco a sua barra mostrando que não foram só eles os culpados pelo golpe no Chile. E a Folha, uma imprensa que mais parece um cachorrinho de madame do imperialismo, repete isso.
Qual o objetivo dessa ideia expressa no artigo? Não é reparar os danos da ditadura – nem a de Pinochet, nem a dos militares brasileiros. É atacar o Brasil enquanto nação, tentando mostrar que os brasileiros seriam vilões nessa história toda. Só faltava mesmo a Folha falar em “imperialismo brasileiro”, vejamos o desenrolar dessa questão…