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Moda x ciência

Identitarismo na ciência: nem de esquerda, nem progressista

Imperialismo impulsiona modismos para substituir a ciência

Um artigo do jornal Gazeta do Povo chamado “Revistas científicas afrouxam padrões e abraçam modas intelectuais de esquerda”, assinado por Eli Vieira, chama a atenção para um problema sério e real, mas tira conclusões totalmente equivocadas, já que parte de um princípio também errado.

O jornal de direita tenta culpar a esquerda, genericamente falando, ao verdadeiro clima de histeria que está se formando no mundo, incluindo nos meios científicos. Vamos primeiro aos fatos.

O artigo começa explicando que “o editor-chefe da revista Science, uma das maiores publicações científicas do mundo, publicou um editorial intitulado ‘Importa quem faz ciência’” no qual defende o identitarismo e a ideia de que raça, sexo, orientação sexual etc afetariam os resultados de uma pesquisa científica.

Para explicar melhor, o editor da revista acredita que a cor da pele do cientista interfere no resultado de uma pesquisa. Colocado assim, parece muito absurdo, mas é de fato o que defendem os identitários, embora evitem formular de maneira tão acabada essa ideia, justamente para poder disfarçar seu absurdo.

Ainda sobre a revista Science, o artigo fala sobre uma matéria que criticava a decisão World Athletics, associação internacional de atletismo “que tornou não elegíveis para competições atléticas internacionais no esporte feminino atletas que passaram pela puberdade masculina”. O artigo da Gazeta do Povo mostra que várias evidências científicas que comprovam as vantagens no esporte de um homem que se tornou mulher foram ignoradas pela matéria da revista.

O artigo aponta uma série de casos parecidos na revista Nature, na  Scientific American e até mesmo dentro da comunidade acadêmica. Em suma, os casos relatados pelo artigo do Gazeta do Povo são muito interessantes e merecem ser analisados.

O que importa aqui, no entanto, é uma discussão sobre as verdadeiras origens da onda identitária e seus resultados políticos.

O Gazeta do Povo, por ser um jornal ligado a setores da extrema-direita, atribui o fenômeno a uma espécie de domínio da esquerda: “as revistas acadêmicas, e em especial as científicas, estão cada vez mais cedendo às modas ideológicas da esquerda ou dos progressistas”, diz o artigo. Mas será que realmente tais ideias são de esquerda e progressistas?

O que falta ao artigo do Gazeta do Povo é justamente se situar no problema da luta de classes internacional. Não é complexo, basta olhar os exemplos que fica fácil de entender. São revistas ligadas ao grande capital internacional, que domina, esse, sim, as linhas de pesquisa, seja nas publicações, seja nas universidades.

O grande capital imperialista adotou o identitarismo como a grande  ideologia da vez. Isso não tem absolutamente nada de “progressista”. É, em última instância, extremamente reacionário e conservador. Falta ao artigo de Gazeta do Povo as coordenadas corretas e assim, ele mesmo acaba caindo numa espécie de negativo do que eles criticam.

Vejamos, quando o artigo acusa os publicações e pesquisas acadêmica de serem políticas, ele automaticamente está dizendo que tais coisas não deveriam ser políticas. Eis a mesma coisa que dizem os identitários e o imperialismo: a “ciência não é política”, bastaria colocar um negro, uma mulher ou um trans e tudo estará resolvido. O que o imperialismo promotor do identitarismo quer é justamente eliminar o debate político na ciência.

O problema, portanto, não é a politização, mas é a manipulação da ciência para os interesses de um determinado grupo. O problema é saber que interesses são esses, que grupo é esse etc.

Quando atribui a onda identitária à esquerda, o artigo também confunde o panorama. Se é fato inegável que setores da esquerda de classe média, que podemos chamar de filo-imperialista por seu comportamento de seguidismo diante das modas lançadas pelo grande capital, estão envolvidos até a cabeça na onda identitária, isso não quer dizer que tais ideias são realmente de esquerda. O imperialismo e o grande capital não têm nada de esquerda. É uma máquina contra o povo que pode se apresentar como defensor das minorias enquanto massacre países inteiros.

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