Em 18 de abril de 2023, um indiciamento federal foi aberto contra o Partido Socialista do Povo Africano (PSPA), alegando que o partido, inclusive o seu fundador e presidente Omali Yeshitela, trabalhara, em nome do governo russo, para espalhar propaganda pró-Rússia e influenciar as eleições locais. Os promotores alegaram que o Partido, supostamente, estaria colaborando com o suposto agente estrangeiro russo Aleksandr Viktorovich Ionov para semear divisões sociais nos Estados Unidos. Isso porque a organização apoia a Rússia em sua operação militar defensiva na Ucrânia e participaram de uma conferência antiglobalização em São Petersburgo na Rússia.
A investigação policial deste fato assumiu um caráter completamente surreal e autoritário. Em 29 de julho de 2022, às 5h, o FBI invadiu a casa de Omali Yeshitela, em St. Louis, Missouri. Yeshitela afirmou que os agentes lançaram granadas flashbang, portavam armas automáticas, danificaram a propriedade de seus vizinhos e o algemaram assim como a sua esposa. Os agentes se recusaram a mostrar a ele um mandado de busca e apreensão e levaram seus celulares e outros dispositivos de sua casa. O assalto à residência de Yeshitela fez parte de um ataque coordenado contra localidades filiadas à PSPA em todo o país. Naquele mesmo dia, o FBI invadiu dois locais do Movimento Uhuru liderado pela PSPA, o Centro Solidário Uhuru em St. Louis e a Casa Uhuru em St. Petersburg, Flórida. O FBI também invadiu a estação de rádio da PSPA, Black Power 96.3 FM, e supostamente deteve um importante líder do PSPA. A desculpa esfarrapada do FBI para sua operação é a de que o PSPA, ao exercer seus direitos de liberdade de expressão sobre a guerra na Ucrânia, estava espalhando “propaganda russa”.
Essa violação aos direitos democráticos deste partido é um ataque às organizações de trabalhadores por parte do governo norte americano. A perseguição judicial tem como único intuito censurar o PSPA e encarcerar os seus membros que têm uma postura combativa de apoiar a operação militar defensiva russa contra a ofensiva da OTAN e o regime autoritário da Ucrânia.
Com este fato, entendemos o propósito da política identitária, enquanto o partido Democrata que governa os EUA por meio de seu Presidente Joe Biden fazem demagogia dizendo que apoiam a causa do negro ao se associarem a organizações políticas como a Black Lives Matter, financiadas por ONGs como a Open Society e a Fundação Ford ligadas a empresários imperialistas, que supostamente lutam contra a violência policial e a política do encarceramento da população negra. Do outro lado, temos um partido ligado à luta operária que sofre perseguição policial liderada pelo Partido Democrata simplesmente por defender a posição democrática de soberania territorial da Rússia contra a agressão promovida pela OTAN e o regime nazista de ucraniano de Kiev.
Não há uma nota em solidariedade a perseguição policial sofrida pelo PSAP por parte das ONGS de movimento negro ligados a Open Society e Fundação Ford como o Black lives Matter. Ora, um movimento negro que recebe financiamento empresarial na casa de 220 milhões de dólares de empresários multibilionários para lutar contra a injustiça racial não consegue se solidarizar com um partido político negro que não pode expressar a sua opinião sem ser preso e censurado? Isso mostra a contradição presente, nesses movimentos, que não têm interesse nenhum em combater as injustiças do sistema capitalista ou sequer do racismo que os seus companheiros de luta sofrem.
Por isso, é necessário que a esquerda abandone a política identitária importada pelo partido Democrata de Washington que apoia o regime de Kiev e a OTAN contra a Rússia e que delegam a luta do negro a essas ONGS de financiamento que são minimamente duvidosos, que não lutam de verdade contra a opressão estatal racista que oprime os trabalhadores negros de todo o mundo. É necessário que a esquerda lute pela criação de comitês de autodefesa com o armamento da população negra e a abolição da polícia e de todos os aparatos de segurança pública que oprimem os trabalhadores do mundo todo. Além de lutar pela liberdade de expressão absoluta, contra qualquer arbítrio estatal contra a liberdade de expressão utilizando quaisquer desculpas esfarrapadas como essas utilizadas pelos EUA contra o PSAP.
Não se luta contra o racismo por meio de censura estatal como a promovida pelo partido democrata norte-americano ao PSAP, ou as leis de crime de injúria racial defendidas pela esquerda pequeno burguesa brasileira, mas sim pela movimentação da classe trabalhadora na luta pelo socialismo e pela expropriação dos meios de produção da burguesia.