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Aos 50 anos da morte do pintor

Identitários realizam caçada medieval contra Pablo Picasso

O comportamento contra um dos maiores artistas do Século XX mostra que o objetivo dos identitários é perseguir tudo o que de progressista que a humanidade criou

Esse dia 8 de abril é marcado pelos 50 anos da morte de Pablo Picasso. Considerado por muitos como o maior artista do século XX, sem dúvida sua contribuição para as artes está entre as mais importantes.

Picasso abriu o caminho para as artes modernas. O Cubismo, criação dele e do francês Georges Braque, dá início a uma nova etapa na arte. É o momento das vanguardas artísticas do início do século XX.

O Cubismo, com outras vanguardas da época, introduz um aspecto que será marcante na arte a partir de então. As novas tecnologias, como a fotografia, empurram as artes visuais para novas soluções que não sejam a mera reprodução figurativa daquilo que se vê.

Os cubistas encontram uma solução intelectual para as artes. Eles vão buscar os elementos que estão por detrás daquilo que se vê, as formas, a imaginação. Isso vai afetar toda a arte posterior.

Sem essa ruptura, para a qual Picasso e o cubismo são personagens essenciais, a arte estaria estagnada até hoje.

A importância de Picasso é incontestável. Essa importância deve ser medida em relação àquilo que o artista se propôs a fazer. Picasso é Picasso por conta de sua produção artística.

Mas Picasso foi também um artista revolucionário. Morreu aos 91 anos, sem parar de criar, buscando inovações.

Sua criação mais famosa e provavelmente sua obra-prima, “Guernica”, de 1937, é uma denúncia do artista contra os horrores do fascismo. É a representação do bombardeio da cidade basca por aviões alemães.

No início dos anos 40, Picasso filia-se ao Partido Comunista Francês, do qual fará parte até o fim da vida. Embora nessa época os partidos comunistas estivessem todos sofrendo a nefasta influência stalinista, é importante ressaltar a busca do artista por estar ao lado do movimento revolucionário.

Aqui, é a coincidência muito notável na história dos movimentos artísticos entre o artista revolucionário nas artes e que procura ser revolucionário também na vida e na política.

No entanto, nenhuma dessa importância foi suficiente para conter a histeria medieval do identitarismo atual. A data de morte de um dos principais artistas do século XX, que deveria dar lugar a homenagens, na verdade deu lugar ao patrulhamento ideológico.

Apareceu uma variedade de artigos para acusar o pintor de ser “misógino”, “sádico” e “tóxico”. Uma discussão que não se deve levar a sério, mas que mostra bem o real objetivo dos identitários, a avacalhação de tudo o que a humanidade produziu de progressista.

Confesso que sequer tive interesse em saber porque Picasso seria tudo isso que acusam os artigos nos jornais da burguesia. Vindo daí, sabemos que ou é mentira ou é manipulação. Mas e se fosse tudo verdade? Não mudaria absolutamente nenhuma linha sequer do que Picasso representou para a história da arte e para a humanidade de conjunto.

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