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Identitários reagem à exoneração merecida de assessora de Anielle

A página Intercept publica matéria esboçando uma defesa da assessora exonerada de Anielle Franco

O caso Marcelle Decothé revelou para uma boa parte da esquerda e dos ativistas em geral a verdadeira face do identitarismo. Para quem está por fora, Decothé é a ex-assessora de Anielle Franco, recentemente exonerada de seu cargo por ter feito uma publicação em suas redes sociais onde atacava toda a torcida do São Paulo Futebol Clube e toda a população do estado de São Paulo. A situação demonstrou que a política dos identitários é a política de procurar dividir a sociedade em torno de questões raciais, procurando atacar, não os poderosos e verdadeiros responsáveis pela opressão dos negros, mas as pessoas comuns, torcedores de futebol ou paulistas em geral. Trata-se de uma política impopular, anti-povo e descolada da realidade. Isso sem falar no fato de que é financiada diretamente pelo imperialismo através de suas ONGs.

Os identitários sentiram o baque. Com sua política exposta a nu, muitos viram a necessidade de tentar dar uma interpretação para o ocorrido que vá de acordo com seus preceitos. É o caso do veículo de imprensa Intercept, que publicou matéria assinada por Ronilso Pacheco com o título “Extrema direita fincou os dentes em Marcelle Decothé para tentar arrancar Anielle Franco do governo”.

Ronilso Pacheco, que como todo bom identitário, tem rosto e nome de pessoa do povo, mas ostenta títulos acadêmicos em universidades norte-americanas e outros privilégios geralmente ligados a instituições de países imperialistas, apresenta a tese de que a indignação da população e de uma boa parte da esquerda que já não está mais disposta a aceitar os posicionamentos absurdos desse setor “ongueiro” seria, na verdade, uma ofensiva da extrema-direita contra a ministra Anielle Franco.

Segundo ele, “o linchamento de Marcelle tinha um objetivo maior: abrir caminho para que sua chefe, a ministra Anielle Franco, fique mais vulnerável às investidas da extrema direita”. Evidentemente, não se pode negar que houve uma reação por vezes até furiosa por parte da extrema-direita, mas também é seguro dizer que quem deu munição para a extrema-direita nesse caso (e em tantos outros) foi a declaração extremamente infeliz e impopular da assessora.

Pacheco não considera de forma alguma grave ou digna de crítica a declaração da assessora exonerada. Para ele, trata-se simplesmente de “um descompasso pessoal com seu compromisso institucional”. Aparentemente, não há nada de errado com a afirmação, foi apenas um deslize da moça que deixou escapar uma “opinião pessoal”. No entanto, é muito mais do que isso: trata-se de uma declaração que indispôs uma boa parte da população do país com a esquerda e com o próprio governo Lula. Por exemplo, é evidente que a maior parte dos torcedores do São Paulo acordaram no dia seguinte “odiando tudo que era de esquerda”, como ressaltou o grupo Bonde do Che, uma ala esquerda da Torcida do clube.

O autor afirma que a revolta que levou à exoneração de Marcelle teria vindo de “extremistas, violentos, antidireitos, anticultura, neoliberais, homens macho-alfa com porte de arma, que diziam detestar a política tradicional e amavam a liberdade de expressão irrestrita para ofenderem pobres, negros, gays, favelados e outros grupos que, na visão deles, eram ‘tudo vagabundos’. No entanto, seria preciso perguntar para ele em qual desses grupos se encaixaria Baby, o presidente da maior torcida organizada do São Paulo, a Independentes, que disse “Os últimos três presidentes da torcida Independente foram negros. O São Paulo hoje é o mais popular, é o verdadeiro clube do povo, porque respeita o espaço de cada um. Então, amiga, ministra da Igualdade Racial, um cargo em que a senhorita foi colocada pela fatalidade que ocorreu com a sua irmã, que foi assassinada por miliciano, mande essa nojenta dessa Marcela embora”, ao comentar o caso em um vídeo postado em suas redes sociais.

Vale comentar também a crítica de Pacheco à “liberdade de expressão irrestrita”, conforme mencionado acima. Pacheco é defensor da censura e acredita que as pessoas não devem ter o direito de ofender as outras em suas redes sociais. A não ser, é claro, que a pessoa seja alguma protegida da Washington Brazil Office ou de alguma outra ONG estrangeira, como é o caso de Marcelle Decothé.  

Como todo identitário, Ronilso lança mão de todo tipo de demagogia para procurar justificar o que ocorreu com Marcelle. Procurando sempre diminuir a gravidade da afirmação de Decothé, ele quer demonstrar que ela não foi exonerada porque ofendeu cerca de 45 milhões de brasileiros, mas porque ela seria uma “jovem, negra, periférica, ativista de direitos humanos e desconhecida pela política, um corpo estranho nas entranhas do poder”. Curiosamente, descobre-se um novo termo para designar os funcionários das ONGs do imperialismo: “ativista de direitos humanos”.

É preciso dizer claramente: a política dos identitários financiados pelo imperialismo para infiltrar o governo Lula e sabotá-lo é uma política impopular, reacionária e contrarrevolucionária. A própria Decothé fez diversas postagens em suas redes sociais onde ataca Marx e os marxistas. Um membro do governo que procura atacar toda uma torcida de futebol, um dos esportes mais populares do país, faz um gigante desserviço para esse governo, que já está acuado de diversos lados – pelo Congresso, pelo STF, pela extrema-direita, pelo imperialismo e pelos próprios identitários.

O autor denuncia, como se fosse uma grande descoberta, que uma parte dos grupos políticos se utilizou do ocorrido para atacar a própria ministra Anielle Franco. Era óbvio que isso ocorreria, e é preciso dizer que é uma pena que Lula não tenha optado por trocar todo esse ministério imediatamente. Como se pode ver pela matéria, a declaração de Marcelle é a opinião da totalidade dos identitários, inclusive os que estão ocupando cargos no governo. Lula precisaria se livrar de todas essas pessoas, que objetivam sabotar o seu governo e, na eventualidade de um golpe de estado, irão apoiar os golpistas.

Para não deixar dúvidas com relação a isso, convém destacar alguns trechos da própria matéria de Pacheco, onde ele ataca Lula. Primeiramente, ele critica o “o esforço – muito mais simbólico do que efetivo – de Lula de dar algum grau de diversidade à sua gestão”. No entanto, é preciso dizer que Lula não precisa fazer esforço algum para dar diversidade à sua gestão. Suas indicações devem ser de pessoas que estejam dispostas a levar adiante a sua política e que não vão bandear para o lado do imperialismo quando vier a ameaça do golpe – não é o caso dos ministros identitários.

Por fim, Ronilso demonstra que ele, assim como todo identitário, é um apoiador de longa data do golpe de estado de 2016. Ele diz: “Se Marcelle tivesse lembrado que o ‘erro’ do então ministro do STF Joaquim Barbosa com Lula é tido até hoje como razão para o presidente relutar em indicar uma pessoa negra para o STF, a ex-assessora teria previsto que não teria nenhuma chance de sobreviver a qualquer falha ou excesso”. Para além da já manjada e desmascarada campanha pela negra no STF (financiada, conforme provado exaustivamente, pelo imperialismo norte-americano), é preciso destacar que o autor colocou a palavra “erro” entre aspas ao se referir ao julgamento criminoso e golpista de Joaquim Barbosa que colocou os dirigentes do PT na cadeia sem provar que eles tivessem cometido nenhum crime. Barbosa, como todos sabem, foi um negro utilizado para fazer o serviço sujo da burguesia branca que Ronilso finge combater, mas que também está servindo obedientemente com sua defesa do identitarismo no governo.  

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