Desde sua criação pelo imperialismo em 1948 o Estado sionista de Israel promove um interminável derramamento de sangue da população que já habitava a Palestina. Cotidianamente palestinos são presos e mortos pelo exército de ocupação israelense e pelas diversas polícias e serviços de inteligência de Israel, incluindo crianças e idosos. Tudo isso com armamento de ponta e financiamento do imperialismo, em especial o norte-americano, que usa Israel como uma base militar contra o resto do Oriente Médio.
Outro mecanismo cruel de extermínio do povo palestino são os bloqueios impostos aos territórios onde essa população foi concentrada. Israel dificulta a entrada de alimentos, remédios e todos os bens necessários para a sobrevivência da população, especialmente na Faixa de Gaza. Abundam denúncias inclusive de que a água que chega aos palestinos já vem contaminada pelos israelenses. Mas para além dessa brutalidade cotidiana, Israel promove massacres especialmente cruéis e que mostram o nível de desumanidade daqueles que hoje posam de vítimas do Hamas.
Um exemplo importante foi o massacre no campo de refugiados palestinos de Sabra e Chatila no Líbano. Um massacre que completou 41 anos no mês passado e segue vivo na memória dos povos árabes. Em setembro de 1982, forças militares israelenses cercaram e bloquearam as saídas de Sabra e Chatila durante três dias e liberaram a entrada de milicianos do grupo extremista Falanges Libanesas, de extrema-direita e católico. Armados com pistolas, facas e machados, promoveram a matança generalizada de refugiados que pode superar três mil pessoas, em sua maioria crianças, mulheres e idosos.
As informações foram controladas nos momentos seguintes ao massacre, por isso não se sabe o número exato de mortos. Na época o Ministro da Defesa israelense era Ariel Sharon, que anos depois se tornou primeiro-ministro de Israel, mostrando que a participação em massacres contra civis desarmados e em situação de vida precária não são problemas tão importantes para progredir na “democracia” israelense. De maneira canalha, o primeiro-ministro Yedioth Ahronoth declarou: “em Chatila, não-judeus mataram a não-judeus, o que nós temos a ver com isso?”.
Alessandro Porro, um repórter judeu, nascido na Itália e naturalizado brasileiro, noticiou na ocasião que uma unidade israelense “com três tanques Merkava e pelo menos cinco blindados” estava posicionada a menos de 200 metros do local. Outros relatos dão conta de que as forças israelenses ajudaram inclusive a iluminar os acampamentos para facilitar o massacre. A pedido da milícia cristã, os israelenses lançaram diversos foguetes de iluminação durante toda a noite.
A justificativa para liberar a entrada dos “falangistas” foi que eles buscariam combatentes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) para entregá-los aos militares israelenses. Durante dois dias, os militares assistiram o assassinato de centenas de pessoas, mesmo que não os considerassem como seres humanos. Diante da impossibilidade de varrer para baixo do tapete o brutal crime contra a humanidade, até a ONU teve que “condenar” o massacre três meses depois, definindo como um “ato de genocídio”. O episódio repercutiu de tal forma que o mundo inteiro passou a saber do drama dos refugiados palestinos e dos palestinos que seguiam vivendo sob a ocupação militar israelense.
O caso de Sabra e Chatila explicita o nível de cinismo dos que agora pedem por “paz” e se dizem “chocados” com a violência do Hamas. Como se fosse uma violência gratuita e não uma reação de um povo que vem sendo submetido a abusos por muitas décadas. A tal “paz” significa na verdade que os palestinos devem suportar a humilhação diária e os massacres do seu povo em silêncio. A famosa “paz de cemitério”.