Numa guerra a primeira vítima é sempre a verdade. Embaralhar coisas diferentes, buscar confundir e nublar os fatos, mentir descaradamente virou a prática comum do imperialismo. Sua imprensa divulga todo tipo de absurdos e não se retrata quando a falácia é descoberta. As opiniões dos primeiros ministros e presidentes da república dos países imperialistas são difundidas como se fossem realidades, fatos incontestáveis, com um ar de seriedade que tenta esconder o profundo cinismo, a hipocrisia e a malignidade dessa gente.
A atual campanha de bombardeios genocidas de Israel contra Gaza vem acompanhada, como era de esperar, de uma intensa propaganda nos meios de comunicação destinada especificamente a justificar sua violência assassina diante do público ocidental.
A farsa dos quarenta bebês decapitados, das mulheres estupradas e outras barbaridades que teriam sido cometidas pelos guerreiros do Hamas, quando estes invadiram Israel no dia 7 de outubro de 2023, durante a Operação Dilúvio de AL-Aqsa, caiu por terra definitivamente. Os relatos de reféns idosos libertados por razões humanitárias pelo Hamas, de que foram bem tratadas pelos militantes desbaratou as mentiras sionistas sobre a desumanidade dos palestinos em geral, e dos guerreiros do Hamas, em especial.
O fato exposto de que, grande parte dos israelenses mortos, o foram devido ao “fogo amigo” das desvairadas, covardes e mal orientadas forças armadas de Israel, surge agora como fato incontestável. Percebe-se assim, que Netanyahu e sua quadrilha têm bem pouco apreço por seu próprio povo, assim como não tem nenhum escrúpulo em assassinar mulheres e crianças palestinas, aos milhares, para se manter no poder e obter seus objetivos racistas e espoliadores, atuando como uma peça chave do imperialismo norte-americano no Oriente Médio.
O que os diversos aspectos desta campanha falaciosa pretendem transmitir é a perigosa mentira de que o Hamás — muitas vezes usada para referir-se tacitamente a todos os palestinos, senão a todos os árabes ou muçulmanos em conjunto— são selvagens bárbaros destituídos de toda racionalidade e lógica.
Assim se justificaria o uso da violência desmedida por parte de Israel contra os civis palestinos, mulheres, idosos e crianças, como a única opção que um Estado civilizado e democrático teria para combater inimigos de natureza retrógrada e intransigente.
As tentativas do “ocidente”, leia-se imperialismo, de equiparar o Hamas a grupos fundamentalistas islâmicos como o ISIS ou Al-Qaeda já vêm de longa data.
O primeiro ministro de israel, Benjamin Netanyahu, afirmou diante da Assembléia Geral da ONU em 2014 que “Hamás é o ISIS e ISIS é Hamás”, mas agora isso se tornou um tópico destacado da reação à Operação Dilúvio. Afirmações desse tipo são veiculadas e disseminadas nas redes sociais e em anúncios do You Tube. O jornal The Jerusalem Post declarou que “Hamas é um ISIS palestino”. Um portavoz do governo norte americano afirmou que o Hamas cometia “selvagerias do nível das do ISIS”.
O primeiro ministro británico, Rishi Sunak, ecoou as palavras da sua ministra do interior, Sue Braverman, de que o Hamas professava um anti semitismo medieval, que se revelava igual ao ISIS e que a operação de AL-Aqsa corresponderia a um “pogrom”.
O Hamas não se propõe a combater o povo judeu, como era o caso nos “pogrons”, feitos nos países europeus, principalmente, através dos tempos, mas sim lutar contra o estado sionista de apartheid e contra a usurpação de suas terras.
Na verdade o Hamás tem sido um firme opositor ao ISIS e participou de conflitos sangrentos durante anos contra este e outros grupos afins que haviam conseguido pequeno apoio em Gaza. Como informou o Financial Times em 2015, o Hamas se mobilizou para acabar com o ISIS em Gaza e a deter seus membros.
A tentativa de amalgamar o Hamás com o ISIS é certamente totalmente inexata e muito enganosa; além disso, como tanta propaganda imperialista e colonialista é também um caso de projeção psicológica.
O escritor afroamericano James Baldwin uma vez disse: “Aquilo que você vê nos outros é aquilo que você vê no espelho (…) Todo mundo sabe, todo escritor sabe (…) que não importa o que eu esteja descrevendo, eu estou descrevendo a mim mesmo”. A descrição rotineira que Israel faz do Hamas como uns torturadores bárbaros e sádicos evidencia a verdade nas palavras de Baldwin.