Quando vemos a pequena ilha do caribe chamada Cuba, com pouco mais de 11 milhões de habitantes, não imaginamos a história de luta que construiu o país latino-americano mais resistente ao imperialismo.
As guerras para liberdade da então colônia sob jugo espanhol começaram em 1968 e foi chamada de Guerra dos Dez anos (1968-1978). Nesta guerra, a independência de Cuba foi proclamada por Carlos Manuel de Céspedes com ideário abolicionista e revolucionário. Foi publicada a primeira constituição cubana, marcada pelo caráter republicano, democrático e abolicionista. Porém, o fim da guerra foi firmado com a assinatura do Pacto de Zanjón, que buscou a paz e a ordem, mas não libertou, em definitivo, a colônia cubana. Para heróis da Guerra dos Dez anos, como o major-general Antônio Maceo, a assinatura do pacto foi uma “rendição vergonhosa”.
Mas o ideário de liberdade cubana estava vivo e um novo levante foi organizado, desta vez nos anos de 1879 e 1890, chamado de Guerra Chiquitita (Guerra pequena). Diferente do conflito anterior, a Guerra Chiquitita, liderada por Calixto Garcia, teve o comando rapidamente derrubado pelos espanhóis, resultando na prisão dos líderes do movimento.
O último conflito que finalizou a construção da independência cubana, banindo os espanhóis do comando, foi a Guerra Hispano-Americana, conhecida no país como Guerra Necessária (1895-1898), que sob a liderança de José Marti, conseguiu a rendição das tropas espanholas. Um ponto importante neste Guerra foi a participação dos Estados Unidos, ajudando Cuba na conquista. Episódios como a mobilização pró-Cuba nos jornais americanos e a explosão do USS Maine em Havana, pela qual os norte americanos culparam os espanhóis, foram responsáveis pela adesão do país ao conflito. Estima-se que mais de 300 mil pessoas morreram nas três guerras.
O que poucos sabem é que há tempos os EUA estavam interessados na ilha cubana, chegando a propor sua compra à Espanha em 1852. Em verdade, os negócios açucareiros, impostos pela monocultura de cana-de-açúcar, enchia os olhos dos norte americanos. Os sequenciais levantes populares foram desenhando um empenho pela liberdade que poderia gerar muita autonomia e soberania ao país e prejudicar futuras negociações com os EUA. Percebendo esta situação, EUA entraram no último conflito para “ajudar” Cuba na guerra contra a Espanha.
Os cubanos revolucionários, envoltos pela sanha do conflito e de liberdade, não perceberam as medidas astutas do imperialismo americano e saíram de um domínio para outro. Na publicação da nova constituição cubana pós-revolução Hispânico-americana, Cuba foi obrigada a incluir a Emenda Platt, na qual o controle econômico e militar da ilha estaria a cabo dos EUA. A medida foi válida até 1933, quando Fulgêncio Batista liderou a Revolta dos Sargentos e tomou o poder. Em 1952 Batista deu um golpe e impôs seu regime autoritário ao país com o apoio dos EUA, só derrubado com a Revolução Cubana de 1953-1959, liderada por Fidel castro, Che Guevara e outros heróis.
A independência de Cuba completa 155 anos em 10 de outubro de 2023. Um marco na história latino-americana e mundial de resistência e ideais dignos de uma nação livre. Longe de ter paz, a ilha vive sob embargo norte americano desde a década de 50, que prejudica a economia do país. Mesmo assim, Cuba resiste despontando na educação e na ciência médica, como exemplo de organização e valorização do seu povo, ajudando países como Venezuela, Bolívia e mais recentemente, o Brasil, com seus projetos humanitários e de apoio à saúde básica. Viva La Revolución!