Duvivier perdeu a piada

Gregório Duvivier banca o identitário e toma invertida nas redes

Gregório Duvivier resolveu entrar na campanha identitária para o STF, mas não esperava a reação nas redes sociais

Gregório Duvivier

Gregório Duvivier, humorista, resolveu entrar na moda e pressionar Lula para que se coloque um homem negro no Supremo Tribunal Federal (STF), na vaga aberta com a saída de Ricardo Lewandowski. O ator só não contava com um pequeno problema: está todo mundo saturado com o identitarismo. A cada dia vai ficando mais clara a demagogia que existe por trás dessa ideologia burguesa.

A saga de Duvivier começou com sua publicação no Twitter, na quinta-feira, 30 de março, questionando a possível indicação de Cristiano Zanin para a corte. Zanin é sócio do escritório de advocacia que defendeu Lula na Operação Lava-jato.

A postagem diz o seguinte:

INACREDITÁVEL que Lula esteja pensando em botar mais um homem branco no STF. Pra piorar, um lobista rico vaselina. Não aprenderam nada com Dias Tóffoli”.

A postagem tem, necessariamente, que nos remeter à indicação de Lula de um homem negro ao STF, Joaquim Barbosa, que foi um desastre. Com a reação dos internautas, Gregório Duvivier rebateu da pior maneira:

Surreal estarem citando o Joaquim Barbosa CONTRA a ideia de um juiz negro. Argumento mais racista impossível”.

Vamos por partes:

Dias Tóffoli foi uma indicação de Lula e o ministro do STF fez a canalhice, em 2019, de impedir Lula, que estava preso ilegalmente, de ir ao velório do próprio irmão, Genival Inácio da Silva, oVavá.

Tóffoli determinou que se Lula quisesse se despedir do irmão, levariam o corpo de Vavá até uma base militar. Mas Lula achou, com razão, que seria muito desrespeito com o falecido e decidiu não ir.

Joaquim Barbosa foi a estrela do julgamento do Mensalão, uma farsa montada para atacar o PT. Seus principais dirigentes foram presos em operações espetaculosas com a presença da imprensa, centenas de policiais armados com fuzis, helicópteros e gente algemada.

O julgamento ficou marcado por aberrações jurídicas, como o tal “domínio do fato”, uma teoria que deveria ser usada apenas na área cível, que determina, grosso modo, que alguém em uma posiçao superior de mando tem ciência do que fazem seus subalternos. Na área criminal, como foi o caso, um gerente, por exemplo, teria que ser incriminado se um de seus funcionários praticasse um ilícito, pois, supostamente, teria ‘domínio do fato’.

Para completar o escãndalo, Rosa Weber, portanto uma mulher, votou pela prisão de José Dirceu, dirigente e um dos fundadores do PT, dizendo não ter provas cabais, mas que a literatura jurídica permitia tal decisão.

É bom evidenciar essas questões porque estão envolvidos diretamente um homem negro e uma mulher, ministros do STF, em violações grotescas da Constituição. Os identitários estão pressionando para que uma mulher negra seja indicada para a Suprema Corte, como se isso fosse uma ‘reparação histórica’, ou algo mais democrático.

Ao ser contestado por sua postagem, Duvivier não considera os fatos, simplesmente acusa de racistas a quem não concorda com sua posição. Por que seria racismo trazer à lembrança Joaquim Barbosa? Os identitários sempre usam esse tipo de expediente, quem não concorda com eles é logo tachado de racista, misógino, homofóbico, gordofóbico etc.

Os internautas estavam apenas lembrando o humorista de que a cor não pode ser critério para uma indicação para nenhum cargo. Uma mulher negra não é automaticamente idônea ou competente.

Cansaço

Durante muito tempo os identitários encerravam quaisquer debates qualificando seus oponentes de machistas, homem branco, rico, por não terem ‘lugar de fala’. Porém, isso já cansou.

A resposta dos internautas foi precisa, Duvivier, ele mesmo é homem branco e não é exatamente pobre. Isso fez com que, ironicamente, pessoas mandassem mensagens para a HBO, onde o humorista tem um programa, para que o substituíssem por um apresentador negro. Mas o humorista não achou graça:

(…) Tem gente fazendo campanha pra HBO me substituir por um apresentador negro. É surreal o cinismo. Muito sem saco”.

Não é cinismo, isso se chama ‘pagar na mesma moeda’.

Campanha burguesa

Gregório Duvivier embarcou na campanha da burguesia para que Lula não indique alguém de sua confiança para o STF.

Todos os jornalões estão usando o identitarismo, que também é uma ideologia burguesa, para manipularem uma indicação para a Suprema corte.

Temos sistematicamente denunciado a farsa que é o identitarismo, aos poucos, mais pessoas vão se dando conta de que essa ideologia visa apenas contemplar interesses privados, não da coletividade. Os identitários querem colocar juízes negros nas cortes, mas se recusam a lutar contra as injustiças que afetam tanto os negros como a classe trabalhadora como um todo.

Apesar da amolação que é ter de ficarmos topando com as demagogias identitárias, temos que tirar o saldo positivo, que é a tomada de consciência e a rejeição a essa ideologia direitista.

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