Indígenas do MS foram trabalhar na colheita de maçãs na região Sul do país, conforme noticiado pelo portal Funtrab do Mato Grosso do Sul (MS) em janeiro (28), 2022. O Mato Grosso do Sul é administrado por Eduardo Corrêa Riedel (no PSDB desde 2003) desde janeiro deste ano, antecedido por Reinaldo Azambuja (também PSDB), no governo do Estado de 2015 a 2023. Riedel assumiu o governo se dizendo um combatedor da extrema pobreza. O Rio Grande do Sul (RS), onde ocorreram as denúncias de trabalho análogo à escravidão, foi governado por Eduardo Leite (PSDB) de 2019 a 2022, Ranolfo Junior (PSDB) de 2022 a 2023 e Eduardo Leite (PSDB) novamente a partir de 2023.
Em sua posse, Riedel prometeu “assistir os mais vulneráveis” e não compactuar com “a eternização da pobreza extrema”. Segundo ele, seu grande desafio seria “incluir à vida produtiva, a cidadania plena, os que estão à margem” da sociedade. O portal do Funtrab divulgou que a contratação temporária assegura o pagamento de salário-base, gratificação por produtividade, custo do transporte, alimentação, alojamento e cesta básica.
Até o início de fevereiro de 2022, centenas de trabalhadores indígenas de Mato Grosso do Sul desembarcaram em municípios da região Sul do país para colheita de maçãs. Seriam oportunidades de um trabalho digno conforme a proposta de Riedel para seu novo governo, com a observância da legislação trabalhista e perspectivas de rendimentos bastante acima dos valores que essa população costuma embolsar nas contratações informais e por empreitada a que é submetida. Desde 2019, diversas promessas surgiram.
Jeferson Pereira, procurador do Trabalho em Dourados, fiscalizava essas contratações desde 2014, por meio de uma parceria entre Ministério Público do Trabalho, Governo de Mato Grosso do Sul por meio da Fundação do Trabalho de MS (Funtrab), Instituto de Direitos Humanos, Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae) e Coletivo dos Trabalhadores Indígenas.
Segundo Pereira, representantes das instituições envolvidas na parceria, especialmente da Coetrae, teriam participação ativa de inspeções in loco nas instalações físicas das empresas empregadoras dessa mão de obra, acompanhando de perto como é desenvolvida a atividade produtiva, as condições sanitárias e de conforto dos alojamentos, se os espaços fornecidos para refeições são apropriados, como é executado o transporte coletivo para as frentes de trabalho, entre outras atividades relacionadas ao cultivo de maçãs.
A aparência de organização do governo PSDB em prol da classe trabalhadora vem abaixo quando surgem as denúncias de trabalho análogo à escravidão no Rio Grande do Sul dos indígenas que foram aliciados no Mato Grosso do Sul pelo governo psdbista para “fazerem carreira” no Rio Grande do Sul. É o PSDB organizado para promover a escravidão interestados. Muito mais fariam se tivessem chegado à presidência, a “organização” seria a nível nacional.
O resgate de 80 trabalhadores em condições análogas à escravidão ocorrido em abril de 2022, em Bom Jesus, na serra do Rio Grande do Sul, já mostrava o modo de operação dos governos do PSDB para manutenção da política neoliberal. O caso superou todos os registros ocorridos no estado em 2021, 76, e elevou a conta de 2022, que já alcançava na época 103 trabalhadores resgatados.
Como já esperado e denunciado por este Diário, o governo do PSDB manteve sua política de retirada de direitos trabalhistas e novas denúncias de trabalho análogo à escravidão sugiram no governo do RS, desta vez na colheita da uva. Diversificando a produção e mantendo o trabalho análogo à escravidão aparece recentemente o escândalo do trabalho escravo envolvendo as vinícolas Salton, Aurora e Cooperativa Garibaldi, todas do Rio Grande do Sul, vem desencadeando uma onda de boicote da população contra essas marcas. Mais uma vez nota-se que o simples boicote não resolve o problema da classe trabalhadora, dos índios, das mulheres, dos negros e de todos os oprimidos pela política neoliberal imposta pelo imperialismo americano e adotada abertamente no Brasil pelos políticos de direita.