Na segunda-feira (6), o Ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino, mais uma vez demonstrou sua falta de conhecimento da realidade do povo trabalhador brasileiro: o Ministro, em declarações acerca da operação de expulsão do garimpo das terras indígenas, afirmou que, embora tenha sido feita uma solicitação de ajuda ao Governo Federal para que auxiliassem os garimpeiros a saírem do território Yanomami, não utilizaria aeronaves públicas “para apoiar pessoas que estavam cometendo crimes”.
Mesmo o garimpo sendo considerada uma atividade ilegal nas terras indígenas, resumir mais de 15 mil pessoas a criminosos e abandoná-los a própria sorte na floresta amazônica, é puni-los pela própria negligência estatal, que além de ter deixado que o garimpo ilegal se estendesse, não ofereceu outras alternativas a estes trabalhadores, a não ser tornarem-se “criminosos”.
Os garimpeiros são trabalhadores que para se sustentar precisaram ir para regiões remotas de avião ou de barco para o serviço ilegal e agora não possuem meios para retornar aos centros urbanos. Diante disso, são expostos a caminhadas de dias, correndo o risco de confrontarem-se com os indígenas e de morte, ainda mais pelo fato de existirem pessoas mais velhas e doentes, sem recursos de subsistência para a viagem.
Outro fato interessante é que estas pessoas apenas não serão denunciadas criminalmente e presas dada a impossibilidade de realizar esta operação com mais de 15 mil pessoas. É o que dá a entender Flavio Dino, ao dizer: “Há um impulso. Eu, às vezes, sou até cobrado. ‘Por que a gente não prendeu os 15 mil garimpeiros?’. Nós não prendemos os 15 mil garimpeiros porque era impossível prender 15 mil garimpeiros. Ponto. É isso”.
Ou seja, apenas não irão moer a carne do trabalhador na prisão. Se o judiciário e a polícia tivessem estrutura, iriam, com toda certeza, inaugurar um campo de concentração próprio para os garimpeiros. Mas como não há, o governo federal apenas os pune com risco de morte e fome.
A operação, segundo o noticiado na imprensa, tem trabalhado no sentido de investigar e punir os financiadores e facilitadores do garimpo. Terão esta mesma vontade de punir os grandes lobistas, políticos, ONG’s, empresários e empresas de faturamento bilionário, que estão no núcleo do sistema financeiro? Resta apenas esperar para saber se serão noticiados tais nomes em um espetáculo midiático como tem sido feito com os trabalhadores pobres do garimpo.