No último dia 24, em plena véspera de Natal, houve uma tentativa de “revolução colorida” na Sérvia, um tipo de golpe de Estado arquitetado e colocado em prática pelo imperialismo, que se utiliza de mobilizações de setores massas para derrubar governos, normalmente de países oprimidos, que não estão atendendo aos interesses imperialistas na região.
A tentativa veio na esteira das mais recentes eleições presidenciais, que tiveram como resultado a reeleição do presidente Aleksandar Vučić, membro do Partido Progressivo Sérvio (SNS); e das eleições municipais, para a Assembleia da Cidade de Belgrado, capital da Sérvia, pleito do qual saiu vitoriosa a coligação sérvia não Pode Parar, da qual é parte o SNS.
A intentona golpista do imperialismo foi desbaratada no mesmo dia. Por meio de canais oficiais, o primeiro-ministro sérvio, Ana Brnabiс, expressou gratidão ao serviço de inteligência da Rússia, que teria avisado a governo Vučić com antecedência que o imperialismo iria tentar uma revolução colorida:
“Sinto que é importante, especialmente esta noite, defender a Sérvia e agradecer aos serviços de segurança russos que tinham essa informação e que a partilharam conosco”.
Poucas horas antes, pronunciamento semelhante já havia sido feito pelo próprio presidente, que agradeceu, de forma mais abstrata, a serviços estrangeiros pelas informações de inteligência que permitiram desbaratar o golpe imperialista. De sobra, declarou expressamente, ainda durante os protestos artificiais, que a tentativa golpista não iria prosperar, fazendo menção expressa ao termo “revolução” (em referência às revoluções coloridas):
“Não há revolução em andamento […] Nada acontecerá do jeito deles […] Aqueles que juraram lutar contra a violência mostraram ser verdadeiros bandidos.”
No caso, a principal agremiação política local que encabeçou os protestos golpistas foi o SNP (Sérvia Contra a Violência), uma coalizão de partidos, criado artificialmente pelo imperialismo norte-americano e europeu em maio de 2023, na conjuntura dos protestos “Sérvia Contra a Violência”, que se deram aparentemente em razão dos tiroteios ocorridos na Escola Primária de Belgrado, na aldeia de Mladenovac e Smederevo. Dentre as políticas principais da coligação, estão o ambientalismo e a luta contra a corrupção, demagogias típicas para mascarar a infiltração do imperialismo.
Não coincidentemente, ao se observar o vídeo da tentativa fracassada da revolução colorida, que se deu no dia 24, vê-se bandeira da União Europeia em meio aos manifestantes, como fora vista durante o Euromaidan, ela própria, uma mobilização do gênero, ocorrida na Ucrânia, de 2014, que levou ao poder um governo cuja base de sustentação acabou por ser milícias nazistas. Vejamos abaixo o vídeo:
A tentativa de golpe não é gratuita. Aleksandar Vučić e o SNS vêm, progressivamente, aproximando-se cada vez mais da Rússia, buscando afastar-se da opressão imperialista que recaia sobre os Bálcãs, tanto a exercida pelos EUA, quanto pela UE. Vale lembrar que através da OTAN, as potências imperialistas destruíram a Iugoslávia, um Estado Operário, e de sua fragmentação surgiu inúmeros países minúsculos, como a Sérvia.
Sobre eles, a opressão imperialista é gigantesca. Nesse sentido, o presidente sérvio exibe tendências nacionalistas, por exemplo, recusando-se a adotar a política de sancionar a Rússia em 2022, após o início da guerra entre os russos e a OTAN na Ucrânia. Os Estados Unidos e a União Europeia, por sua vez, afundam-se cada vez mais em uma crise da qual não conseguem desvencilhar-se e não podem tolerar a mínima manifestação de nacionalismo por parte dos países atrasados.
Esse novo fracasso, contudo, mostra que o imperialismo segue incapaz de controlar a situação na Europa, não só na Ucrânia, mas agora nos Bálcãs.