Na última quarta-feira (26/07), uma junta militar depôs o presidente do Niger, Mohamed Bazoum, na áfrica Ocidental. O então presidente foi detido no palácio presidencial, um golpe de Estado apoiado nas forças armadas do País. O chefe da guarda presidencial, general Abdourahamane Tchiani, tornou-se o novo líder do nigerino. Milhares de pessoas saíram às ruas para comemorar o fim do antigo e expressar apoio ao novo governo.
Os Estados Unidos e a União Europeia, em particular a França, que mantinha estrita relação com Bazoum, incluindo tropas militares no país, condenaram com veemência a deposição do antigo presidente e o novo regime político. Enquanto isso, nigerinos entoavam gritos “Viva Putin” e empunhavam bandeiras da Rússia nas manifestações.
O golpe de Estado no Niger se insere num quadro mais amplo da crise da dominação política e econômica imperialista na região do Sahel, na África Ocidental. Desde 2020, pelo menos seis golpes foram organizados, Burkina Faso e Mali depuseram seus governos por meio da ação das Forças Armadas. Essa região, de antigas colônias francesas, sofre com o peso do antigo colonizador mesmo após sua independência. Sob o pretexto de fornecer apoio contra grupos jihadistas na região, a França manteve presença militar nesses países durante décadas. A presença da França nos países do continente africano sempre um caráter deletério, apesar de possuirem importantes recursos naturais, como o caso do minério de Urânio do Niger, suas populações foram mantidas numa profunda miséria.
Evidentemente que a presença do imperialismo nesses países nada tem a ver com a luta pela democracia de seus povos, muito menos com o combate ao jihadismo, o qual é alimentado pelos supostos combatentes para desestabilizar os governos da região. O interesse não é segredo para o mundo, se trata do controle sobre os recursos minerais e da economia desses países.
Com a crise política aberta no Afeganistão e diante da guerra na Ucrânia — onde os Estados Unidos fora expulso depois de 20 anos controlando o país do Oriente Médio e a OTAN, representada pelo governo do país do Leste Europe, encontra dificuldades enormes para enfrentar a Rússia, a qual vem lhe impondo uma derrota acachapante — o imperialismo mostra que está bastante debilitado. É muito sintomático os reveses impostos por países atrasados ao imperialismo no terreno militar e econômico e a aproximação dos mesmo ao Brics.
É essa situação que permite a desestabilização do domínio imperialista sobre regiões inteiras da Àfrica. Os governos pró-imperialistas sentem a pressão das tendências nacionalistas nestes países, que se expressam mutitas vezes dentro das forças armadas, setor mais avançado em boa parte das nações africanas.
É exatamente esse o caso do Niger e, antes dele, de Burkina Faso e Mali, que inclusive expulsaram as tropas francesas de seus países e contam com o apoio do grupo Wagner e da Rússia na luta contra o terrorismo financiado pelo imperialismo. O governo Mohamed Bazoum era abertamente pró-imperialista que favorecia a França enquanto a população nigerina sofria com a pobreza e a violência dos grupos terroristas. Os países miram agora a possibilidade e as vantagens de se libertarem do imperialismo e se alinharem com países “emergentes” como a Rússia e a China.
A crise que a França na região do Sahel pode ser o prelúdio de uma crise ainda maior contra o imperialismo de conjunto.