Considerado o principal escritor palestino, Ghassan Fayiz Kanafani nasceu em 9 de abril de 1936, na cidade de Acre, então no Mandato Britânico da Palestina. O ano é muito significativo, marcando o início da Revolução Palestina, que durou até 1939.
Kanafani era filho do advogado Muhammad Fayiz Abd al Razzag, militante do nacionalismo árabe, que atuava contra o colonialismo britânico e participou das revoltas daqueles anos. Morreu assassinado quando ainda tinha 36 anos, em 1972, por uma bomba plantada por agentes israelenses do Mossad.
Terceiro filho da família, Kanafani teve sua primeira formação em uma escola missionária católica francesa na cidade de Jaffa, hoje um distrito de Tel Aviv. Ainda em sua juventude, a família muda-se para a cidade de Haifa, no norte da Palestina, mais próxima da fronteira com a Síria.
Em 1948, com a Fundação do Estado de Israel, a família exila-se no sul do Líbano e depois instala-se em Damasco, na Síria. É lá que Kanafani completa o ensino secundário e depois estuda literatura na Universidade de Damasco.
Em 1952, Kanafani torna-se professor do Departamento de Filologia Árabe da Universidade de Damasco, apresentando o estudo “Raça e religião na literatura sionista”.
A obra de Kanafani se mistura com a história do povo palestino, que luta por libertar sua terra da dominação imperialista sob a bandeira do sionismo. A sua experiência na Nakba, o êxodo em massa dos palestinos ocorrida em 1948, foi fundamental no modo como escrevia e na sua abordagem sobre a identidade de seu povo, o exílio e a resistência.
Ghassan Kanafani produziu romances, peças de teatro, contos e ensaios políticos. Sua escrita é reconhecida pela sensibilidade poética e pela força política. Dentre suas principais obras se destacam: “Homens com Girassóis em suas faces”, “Retornando a Haifa” e “Terra de Laranjas Tristes”.
A atuação política de Kanafani não foi menos importante, é um dos fundadores da PFLP – Frente Popular para a Libertação da Palestina, uma organização socialista e nacionalista fundada em 1967 como resposta à Guerra dos Seis Dias.
Apesar da morte prematura, a obra de Kanafani tem seu nome marcado dentre os mais importantes da literatura palestina. Além da visão aguçada, seus escritos são inspiram de forma contundente a luta pela justiça e pela liberdade.