Nos últimos dias, um nome vem aparecendo frequentemente nos noticiários da imprensa brasileira: Nagorno Karabakh. O nome é a romanização (ato ou efeito de escrever, ou imprimir no alfabeto latino) de um termo armênio. Traduzido para o português, significa Alto Carabaque ou Carabaque Montanhoso. Trata-se de uma região no território do Azerbaijão, um país intercontinental do Cáucaso, que faz parte da fronteira entre o continente asiático e o europeu.
Há séculos esse território vem sendo alvo de disputa territorial entre os azeris (população do Azerbaijão) e armênios. Tal disputa, ao longo dos anos, acabou transformando-se em um conflito de características étnicas.
Tanto a Armênia quanto o Azerbaijão reivindicam soberania sobre o Alto Carabaque. De forma que já travaram duas guerras em torno disto. A primeira, que iniciou em 1988 e durou até 1994, resultou em vitória armênia. Além da região do Alto Carabaque, os armênios conquistaram parte do território do Azerbaijão do entorno do Carabaque montanhoso, parte esta fronteiriça com a Armênia, conectando territorialmente esse país com o enclave.
Nova guerra é deflagrada em 2020, a qual resulta em vitória do Azerbaijão. Os armênios perdem o território conquistado em 1994, além de 1/3 do próprio Alto Carabaque.
Agora, a região volta aos holofotes, pois o Azerbaijão desatou outra ofensiva contra Alto Carabaque, a fim de retomar de vez a soberania sobre o enclave de Carabaque.
Conforme já informado esse Diário, apesar de todos os detalhes e particularidades desse conflito, na essência é mais um conflito étnico provocado pelo imperialismo para desestabilizar uma região.
Mas precisamos ser mais específicos. Especialmente expondo que, desde 2018, a Armênia está sobre o controle direto do imperialismo norte-americano.
O que ocorreu em 2018? Uma revolução colorida. Um golpe de Estado coordenando pelo imperialismo, que se utilizada de ONGs para derrubar governos de países oprimidos que esboçam políticas nacionalistas, as quais geram instabilidade na ditadura imperialista mundial.
Simplificando, um dos pontos essenciais das revoluções coloridas é que as ONGs e seus funcionários, financiados por centenas de milhões de dólares e euros, vindos diretamente dos Estados Unidos ou de países imperialistas da Europa Ocidental, estimulam parte da população dos países oprimidos para derrubarem seus próprios governos nacionalistas. Essa parcela da população, inexperiente politicamente, é utilizada pelo imperialismo contra seus próprios interesses. Essa mobilização dá uma aparência de caráter popular ao golpe. Daí o nome “revolução”. Contudo, não é nenhuma revolução. É um golpe de Estado reacionário, a favor do imperialismo.
Em 2018, isto aconteceu na Armênia, entre 31 de março e 8 de maio. À época, os protestos foram direcionados à derrubada do presidente Serzh Sargsyan, que era presidente desde 2008 e havia sido reeleito pela terceira vez consecutiva, iniciando seu novo mandato em 17 de abril do mesmo ano.
Obviamente, salvo quando se trata de um político que seja completamente de sua confiança, o imperialismo tende a ser avesso a políticos que se reelegem inúmeras vezes. Afinal, inúmeras reeleições podem ser resultado de um controle cerrado sobre a burocracia estatal ou apoio popular, ou uma combinação de ambos. De forma que sejam políticos nos quais o imperialismo não pode confiar.
Assim, com a reeleição Sargsyan, o imperialismo desatou uma revolução colorida. No que diz respeito a agentes políticos locais, seu principal líder foi o parlamentar direitista Nikol Pashinyan, membro do partido Contrato Civil.
Contudo, uma figura de liderança também foi destaque em meio aos manifestantes. Trata-se Armen Grigoryan.
Quem é este? E por que é importante citá-lo?
Antes da “revolução”, Grigoryan era um ativista profissional em período integral. A serviço de quem, especificamente? Da Transparência Internacional, entidade financiada pela Open Society Foundations (George Soros), pelo National Endowment for Democracy (a própria CIA), pela União Europeia e outros.
Em sua atividade de “ativista”, ele também era colunista do CivilNet, um canal de imprensa online, igualmente financiado pelo imperialismo, para defender os “direitos humanos” e a “democracia” na Armênia.
A revolução colorida foi bem sucedida. Sargsyan renunciou e Pashinyan tornou-se primeiro-ministro, permanecendo nesse cargo até o momento.
E quanto a Grigoryan? Tornou-se Secretário do Conselho de Segurança da Armênia, o mais alto posto encarregado da defesa e segurança do país. Ou melhor dizendo, da espionagem. Guardadas as devidas proporções, seria a NSA ou o FSB da Armênia.
Fica a questão, como um mero ativista alçou-se a esse cargo?
A resposta, ele não se alçou, foi alçado. Por quem? Pelo imperialismo, através de suas ONGs e fundações, de forma que ele não era um mero ativista, mas um agente estrangeiro trabalhando contra seu próprio país e povo.
E qual é uma das principais ONGs imperialistas que vêm atuando na Armênia há de duas décadas? A Open Society Foundations, de George Soros. Sim, a mesma que financia a Transparência Internacional, ex-empregadora e Grigoryan.
Felizmente, a Open Society é relativamente transparente no que diz respeito às suas intervenções imperialistas. É claro, tudo é dito por meio de eufemismos demagógicos (defesa da democracia, direitos humanos, luta contra a corrupção, etc.). Não obstante, possui certa transparência.
Tanto é assim que em seu próprio sítio, é informado que a ONG de George Soros vem intervendo na Armênia desde 1997.
Até o momento, já “doou” US$53 milhões em forma de “prêmios”, subsídios e bolsas. Para que finalidade? Para a “prática democrática” (31%), “avanço econômico” (17%) “educação” (8%) e “direitos humanos” (44%).
Ou seja, passou décadas colocando dinheiro em organizações voltadas para aplicar a política imperialista na Armênia.
Tanto é assim que na mesma página, a OSF declara apoio expresso à revolução colorida de 2018:
“À medida que a grande transição política que a Armênia iniciou em 2018 continua, a fundação continua comprometida com os valores que definiram o seu trabalho durante mais de 20 anos: justiça, responsabilidade e transparência”.
Mas não é apenas isto. O interesse de Soros pela região do Alto Carabaque também é expresso, contando com condenação das ações do Azerbaijão:
“Em 1997, a guerra em Nagorno-Karabakh e um bloqueio econômico imposto pelo Azerbaijão e pela Turquia deixaram a Armênia isolada e empobrecida. À medida que o país continuava a adaptar-se ao colapso do sistema de subsídios e apoio econômico da era soviética, muitas instituições básicas na Armênia necessitavam de financiamento e de reformas.
A Open Society Foundations–Armênia respondeu fornecendo equipamento, tecnologia e conhecimentos necessários a escolas, universidades, bibliotecas e instalações de cuidados de saúde. Os beneficiários incluíram a Biblioteca Nacional da Armênia, bem como o Instituto Matenadaran de Manuscritos Antigos – um dos mais antigos e ricos repositórios de manuscritos e registos históricos do mundo.
Desde então, a fundação apoia uma vasta gama de grupos da sociedade civil, incluindo abrigos para mulheres, meios de jornalismo de investigação, defensores dos direitos humanos e organizações que monitorizam eleições e despesas públicas”.
Resta claro, portanto, que o imperialismo está estimulando o conflito entre o Azerbaijão e a Armênia, em torno da região do Alto Carabaque.
E o faz isto através de suas ONGs, em especial a Open Society Foundations, de George Soros. Com a revolução colorida de 2018, capitaneada, dentre outros, pela OSF, Soros e seus colegas imperialistas conseguiram tomara controle do governo da Armênia.
A ação golpista de Soros lhe rendeu frutos. Um de seus funcionários, por meio da Transparência Internacional, acabou por se tornar Secretário do Conselho de Segurança da Armênia.
Não coincidentemente, o conflito em torno do Alto Carabaque se acirrou, de forma que o cessar-fogo estabelecido em 1994, com ajuda da Rússia, foi rompido. Nova guerra foi desencadeada. Daí novo cessar-fogo arbitrado pelos russos. E, novamente, o conflito é retomado.
Vê-se, então, a região desestabilizada para então ser dominada.
Soros e Open Society vêm sendo agentes fundamentais nessa desestabilização, papel este que não é estranho ao banqueiro húngaro, que atuou em prol do Euromaidan, golpe de Estado em forma do que se convencionou chamar de “revolução colorida”, que levou os nazistas ao poder na Ucrânia. Igualmente, deu sua importante contribuição para a intervenção imperialista nos Bálcãs na década de 90, que resultou na dissolução da Iugoslávia.
Mas por que toda essa atenção voltada às ONGs, em especial à OSF e a George Soros?
Pois, o Brasil está infestado de ONGs. São dezenas de milhares, muitas das quais (senão a maioria) é financiada pela Open Society. Há inclusive membros do alto escalão do governo que são funcionários dela (Anielle Franco e Marina Silva, por exemplo).
Diante disto, todas as atividades criminosas dessas ONGs, especial as financiadas por George Soros e a OSF, devem ser reiteradamente denunciadas, com o maior alcance possível.
Afinal, não irá demorar para o imperialismo desatar sua ofensiva contra o Brasil, nosso povo e nossa integridade territorial, ofensiva esta que será feita através das ONGs e dos políticos e ativistas financiados por elas.