Depois dos acontecimentos de 8 de janeiro, no Palácio do Planalto e nos demais prédios públicos, tornou-se muito difícil para os militares sustentar a fantasia de que eram “democráticos”. Ficou evidente para todos: eles estão todos, sem exceção, do lado dos bolsonaristas.
No entanto, apesar de a realidade ter sido posta de maneira irrefutável, existe, dentro do PT, um setor que acredita que tudo se resolve de maneira extremamente fácil. Eles acreditam que poderiam passar, sem maiores dores de cabeça, pelo seguinte panorama: a esquerda e o povo brasileiro, de um modo geral, estão desorganizadas e são confrontados pelos generais, que são todos direitistas, conspiradores e que organizaram tudo que está acontecendo entre os bolsonaristas hoje em dia contra o PT; eles têm o objetivo final de derrubar o governo Lula da maneira mais imediata possível. Para agora, organizam toda a sorte de atos para desestabilizá-lo, para que, na primeira crise, possam avançar com tudo.
Excetuando uma ou outra pessoa muito otimista, incapaz de levar a sério a análise política, ninguém poderia discordar deste panorama no essencial. Ou seja, excetuando quem não quer ver, as ilusões com os militares acabaram, pelo menos em uma parcela importante do pessoal. Analisando por esse ponto de vista, eles prestaram um serviço à sociedade, revelando seu verdadeiro papel.
Agora, a situação é muito ruim, não dá para se iludir e acreditar que o Lula vai conseguir pôr tudo em ordem sozinho ou com atos administrativos. Sem recorrer à mobilização popular, não dá para levar a sério um acordo com essa gente.