A invasão israelense na Faixa de Gaza não está indo bem. A imprensa, naturalmente, não divulga a realidade caótica das tropas israelenses que estão no norte da faixa. O intenso massacre contra a população palestina, desarmada e indefesa, e os bombardeios contra infraestruturas civis, como hospitais, prédios, escolas e ambulâncias, escondem os fatos da guerra em si.
Israel está enfrentando uma de suas maiores derrotas militares em todas as suas guerras anteriores contra os palestinos e exércitos árabes. Já são mais de 200 veículos militares israelenses destruídos pelos combatentes do Hamas, segundo Abu Obaida, porta-voz do braço armado da organização islâmica, as Brigadas Al-Qassam.
No Norte de Gaza, os heroicos guerreiros da resistência armada liderada pelo Hamas estão explodindo tanques e saindo de buracos e atacando os israelenses de surpresa, enquanto o exército israelense não consegue estabelecer bases militares permanentes e defensáveis dentro de Gaza. Isso explica, inclusive, porque os sionistas atacam deliberadamente hospitais. Além do massacre aos palestinos, esses hospitais são uns dos poucos locais com estrutura para Israel manter bases militares da ocupação.
O cessar-fogo finalmente aceito por Israel e pelos Estados Unidos foi uma medida amarga que teve de ser tomada diante do fracasso israelense em avançar para o Sul de Gaza. Finalmente, os mais ferrenhos opositores a uma trégua eram justamente esses dois países. A mudança de opinião só poderia ser resultado do fracasso em levar o plano militar adiante.
As forças de ocupação israelenses vivem, assim, seu próprio Vietnã. Na época da invasão militar dos EUA ao Vietnã, os norte-americanos também tiveram de enfrentar militantes armados resilientes, decididos politicamente em expulsar o invasor. A Operação Dilúvio de al-Aqsa, realizada pela resistência palestina em 7 de outubro, demonstrou que a guerra que acontece atualmente é para valer.
Assim como os vietnamitas da Frente Nacional para a Libertação do Vietnã (FNL), os palestinos adotam táticas de sabotagem do exército inimigo, escondendo-se em túneis, pegando os invasores de surpresa. Vídeos mostram combatentes do Hamas explodindo tanques israelenses, mostrando que é necessário apenas um militante decidido para explodir dois blindados de Israel.
São derrotas duras para um Exército que estava acostumado a simplesmente matar, sem nunca ter sofrido grandes perdas militares. Pelo menos, não desde a ofensiva conjunta de Egito e Síria que levou à Guerra do Yom Kippur, em 1973, ocorrida justamente no dia 7 de outubro, 50 anos antes da ofensiva do Hamas. A data da Operação Dilúvio de al-Aqsa, assim, é simbólica. Mas, dessa vez, ao contrário dos governos árabes da guerra de 1973, os combatentes palestinos não mostram sinais de capitulação: irão até o fim para derrotar Israel.
Quando os EUA foram derrotados no Vietnã, abriu-se uma crise gigantesca nas forças armadas norte-americanos, então não acostumadas com a derrota. Naquele momento, a dominação imperialista foi abalada para sempre, apesar das tentativas de recuperar o controle. Da mesma forma, em Gaza, a derrota de Israel abrirá o caminho para a derrota definitiva do sionismo e do enclave imperialista no Oriente Médio. Uma guerra prolongada, realizada por militantes aguerridos contra uma força de ocupação extremamente brutal. A crise imperialista está entrando em uma nova etapa.