No último dia 11 de maio foi encerrada pelo governo norte-americano a medida adotada pelo governo Trump no início da pandemia que permitia a rejeição sumária por parte dos Estados Unidos da entrada de imigrantes no país.
O ex-presidente se valeu do chamado “Título 42”, um código para saúde pública aprovado em 1944 e que dava poderes ao governo para adotar medidas de exclusão imigratória em casos de calamidade na saúde pública. Em 1946, no entanto, foi criado o Centro de Controle e Prevenção de doenças o que tornaria a necessidade de utilização da medida do título 42 desnecessária a partir de então.
Na verdade, o que Trump fez foi usar a pandemia como pretexto para intensificar a sua política anti-imigratória. Na época em que foi implementada, o ex mandatário chegou a dizer que era preciso prevenir a entrada da COVID-19 vinda tanto do México quanto do Canadá, porém o que se viu ao longo desse período foi o controle intenso das fronteiras do sul sem o mesmo paralelo com as do norte.
A atuação da guarda de proteção de fronteiras aumentou exponencialmente, pulando de 50 mil detidos por mês em 2020 para mais de 200 mil por mês em 2022,ultrapassando,inclusive, o governo Trump.
Como resultado da política adotada com base no Título 42, só em 2021, já no governo Biden, cerca de dois milhões de imigrantes que foram retidos na fronteira dos Estados Unidos com o México foram imediatamente deportados para o último país de origem sem nem mesmo ter direito a se explicar em um Centro de Imigração.
Demagogia barata
Eleito como candidato do “mal menor” em relação a Trump, Joe Biden usou e abusou da demagogia com a luta dos imigrantes durante a sua campanha eleitoral, chegando a prometer que daria a cidadania norte-americana a pelo menos 10 milhões de imigrantes.
No entanto, o seu governo não deixa nada a dever ao de Trump no quesito das políticas anti-imigratórias.Como já era de se esperar por parte dos Democratas tendo em vista que a política de enjaular crianças imigrantes, por exemplo, muito antes da era Trump, começou a ser praticada no governo Obama.
Ainda assim, iludidos com a retórica pró-imigrantes utilizada por Biden durante a sua campanha, milhares e milhares de imigrantes resolveram tentar a sorte na fronteira após a sua eleição. O resultado foi a expulsão sumária de um número ainda maior de imigrantes que durante a era Trump, enquanto estendia ao máximo que pôde o próprio Título 42.
Com o fim da validade do Título, Joe Biden já tratou de providenciar um conjunto de medidas que continuem a colocar um freio na entrada de imigrantes vindos da fronteira sul do país.
“Estamos deixando bem claro que nossa fronteira não está aberta, que a travessia irregular é contra a lei e que quem não for elegível para refúgio será deportado rapidamente”, disse o secretário de segurança interna do governo Biden, Alejandro Mayorkas.
Segundo o novo pacote de medidas, imigrantes que sejam pegos em situação ilegal deverão ser deportados, fazer um pedido de refúgio e agendar uma entrevista com agentes da fronteira por aplicativo de celular e então aguardar uma resposta que algum dia (ou não) virá.