Muito se debateu na esquerda sobre a necessidade de uma frente ampla, ou seja, se Lula deveria incorporar, primeiro na coligação, depois no governo, os elementos da direita tradicional.
Antes de mais nada, direita tradicional é a direita pró-imperialista, a direita apresentada como “civilizada”, mas que não passa de um direita raivosa, mas enrustida. Em suma, os responsáveis pela desgraça que vive o País atualmente.
Independentemente da função eleitoral que diziam ter a frente ampla, o que já era um enorme erro, já que popular é Lula, não a direita, há a ideia de que esses elementos devem estar no governo. Que essa direita seria aliada contra os bolsonaristas. Será mesmo?
Até agora, tudo se mostrou o contrário. Lula sofre com uma oposição externa, liderada pelos bolsonaristas explícitos, e com uma oposição interna, liderada por essa direita “aliada”, que poderíamos chamar de bolsonarista enrustida.
Tudo que Lula faz ou fala de mais popular e progressista, lá está um ministro para falar o contrário. A bola da vez foi a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), que foi chamada pela imprensa golpista para contradizer Lula. Para a Globonews, ela declarou que “um governo que não respeita os direitos fundamentais, o direito de liberdade de expressão, o direito do cidadão ir e vir e fazer as suas críticas não tem um governo democrático”. A declaração é uma resposta à defesa que Lula fez da Venezuela, afirmando que a “democracia é relativa”, explicando a seu modo que as acusações do imperialismo são caluniosas.
Enquanto Lula é atacado por defender o governo de Nicolás Maduro, um elemento de dentro do governo endossa o ataque. Para piorar, a declaração de tebet se dá no momento em que acontece a reunião do Foro de São Paulo, em Brasília, com a participação da Venezuela, Cuba e Nicarágua, regime que o imperialismo considera uma “ditadura”.
Enquanto Lula procura fortalecer um bloco cada vez mais independente do imperialismo norte-americano, seus supostos aliados sabotam essas iniciativas abertamente.
Recentemente, Flávio Dino, em uma palestra em Portugal teve a mesma atitude, afirmando que a “hegemonia asiática” é um “risco para a democracia”, indo totalmente contra a política de Lula de buscar uma aliança com China e Rússia, sendo atacado pelo imperialismo por conta disso.
Por fim, nem seria preciso lembrar de Marina Silva que, em nome do meio-ambiente, sabota abertamente o desenvolvimento nacional colocando IBAMA para impedir as pesquisas de prospecção de petróleo na Foz do Amazonas.
Para quem acha que essa direita é aliada, ficam aí mais algumas provas do contrário. São verdadeiros amigos da onça.