Em 19 de abril foi noticiada que o Ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General Gonçalves Dias, participou ativamente da tentativa de golpe do dia 08 de janeiro de 2023. As provas divulgadas foram os vídeos das câmeras do Palácio do Planalto.
No dia 12 de janeiro de 2023, alguns dias após a tentativa de golpe, denunciei em artigo político publicado por este órgão de agitação e propaganda, intitulado “GSI: Gabinete do Golpe de Estado”, que Gonçalves Dias ou havia sido incompetente, ou teria participado da ação golpista. Conforme podemos constatar, o mesmo adotou a segunda posição. Disse o mesmo com relação ao Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e o Ministro da Defesa, José Múcio.
Tudo isso ocorre em um momento em que o governo estava contrário a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do dia 08/01/2023, para deixar que ela seguisse através do Supremo Tribunal Federal (STF) e pela Polícia Federal. O governo estava contrário porque a CPMI é endossada pela extrema-direita no Congresso e procura modificar a narrativa em relação ao golpe que a própria extrema-direita executou, numa clara tentativa de criminalizar o governo e promover uma desestabilização.
O que ocorreu ontem com relação ao General Gonçalves Dias era o pretexto que a extrema-direita queria para levar adiante seus planos. Essa situação ocorre após o presidente Lula dar declarações que afirmavam a independência política e a soberania nacional brasileira, diante das investidas políticas dos EUA contra os países atrasados.
Os vídeos se encontravam em sigilo e foram vazados. Até agora supostamente não se sabe por quem. Mas é fácil de deduzir que tem dedo dos norte-americanos para tentar desestabilizar o governo Lula. Para os EUA, o Brasil é um grande risco à sua hegemonia geopolítica, econômica e militar. Não foi à toa que os EUA derrubaram Dilma e prenderam Lula. Somente no ano passado, a CIA introduziu no país mais de 500 agentes, conforme destacou o analista geopolítico Pepe Escobar.
O fato de no Brasil as figuras políticas mais vinculadas ao programa político e econômico neoliberal se encontrarem em processo de desagregação política, por conta de sua impopularidade (tendo em vista que as medidas que os mesmos adotaram nos últimos anos foram no sentido de destruir as condições de sobrevivência da classe trabalhadora e das camadas médias), deixa para o imperialismo poucas alternativas para tentar conter essa política independente do atual governo, tendo de se valer da extrema-direita para pressioná-lo e conter suas ações. É nesse sentido que a tentativa de golpe do dia 08 de janeiro, os vazamentos dos vídeos e a instalação da CPMI, surgem.
Esse processo de instalação da CPMI, além de causar um desgaste no debate político do governo com relação a sua imagem diante da opinião pública, também vai desagregar a frágil força política institucional que o governo tem. Para que a CPMI não se desdobre em uma ataque de grande magnitude por parte da oposição e do imperialismo, o governo terá de ceder as chantagens dos parlamentares para se sustentar. O que, se der certo (porque sabemos muito bem como as coisas se dão no parlamento), certamente vai diminuir seu poder político e fortalecer a sabotagem da direita dentro do governo.
