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Defesa contra a OTAN

“Foda-se a OTAN”: Putin não descarta o uso de armas nucleares

Ao evocar o "foda-se", Putin reafirma as intenções da Rússia em se defender da OTAN, que visa se aproximar cada vez mais das fronteiras russas e bielorrussas

O que desejo frisar é que aos Estados Unidos e aos seus aliados da OTAN nunca lhes interessaram os direitos humanos. (Fidel Castro, 9 de março de 2011)

A Organização do Tratado de Atlântico Norte (OTAN) foi criada em 1949, sob a alegação de que os países do bloco militar deveriam se defender da União Soviética. Contudo, através do Tratado de Washington (sob liderança dos EUA), foi organizada uma aliança para expandir o território militar norte-americano para a Europa, pois os países do bloco militar da Europa não possuem bases nos EUA.

Com o fim da “guerra fria”, a OTAN se expandiu e incorporou parte do espólio da União Soviética e do Pacto de Varsóvia, avançando em direção às fronteiras da Rússia. Atualmente, a OTAN possui 31 países que, de acordo com a aliança militar, são “chamados de Aliados da OTAN, Estados soberanos que se reúnem por meio da OTAN para discutir questões políticas e de segurança e tomar decisões coletivas por consenso”. Contudo, sabemos que o consenso é produzido pelo líder, os Estados Unidos, cabendo aos demais acatar as decisões.

Fonte: NATO (2023) [1]

Permanentemente, a Rússia vive o drama de cada vez mais membros aderirem ao bloco militar – como no caso da Finlândia, incorporação concluída neste ano de 2023 – encostando na linha internacional ao norte, juntamente à Letônia, Estônia e Lituânia, pressionando ainda mais a Rússia [2]. A Ucrânia ainda não foi aceita oficialmente na aliança militar. Parte da “cautela” se deve às relações políticas da Ucrânia com grupos nazistas, ou melhor, com o Svoboda e o Pravy Sektor, que controlam o regime político de Kiev através da Rada (parlamento ucraniano). O New York Times publicou um artigo em que critica os nazistas ucranianos por usarem insígnias nazistas [3], não porque o nazismo esteja errado, mas porque é má propaganda de guerra. Como dizem os analistas, o NYT é o jornal oficioso do Departamento de Estado, o que serve para reafirmar a cautela da OTAN com a Ucrânia.

Apesar de romper o próprio estatuto da OTAN, os EUA e a aliança militar continuaram levando trilhões de dólares à Ucrânia para pressionar a Rússia, e isso ocorre desde 2014 (e antes, ainda nos governos da “revolução laranja”). Mais recentemente, após a operação especial russa, os EUA avançam provocações de guerra nuclear, geralmente colocando a Rússia no centro da responsabilidade. Os Estados Unidos controlam toda a propaganda de guerra e omitem suas bases nucleares na Europa, tudo sob o silêncio do “velho continente”.

Putin ligou o “foda-se”

Durante o Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF), Vladimir Putin reafirmou que a Rússia só utilizará seu arsenal nuclear se enfrentar uma ameaça real. A reafirmação sobre as intenções de defesa russas decorreu da questão sobre o uso de armas nucleares táticas, de baixo rendimento, para dissuasão. Putin afirmou que o uso de tais armas é “negativa” e defendeu a doutrina nuclear de Moscou.

“As armas nucleares são criadas para garantir nossa segurança em seu sentido mais amplo e a própria existência do Estado russo. Mas nós, em primeiro lugar, não temos essa necessidade e, em segundo lugar, o próprio fato de discutir esse tema já reduz o limite para o uso de armamento [nuclear]”, afirmou.

Ao mesmo tempo, Putin disse que Moscou não se envolverá em nenhuma negociação de desarmamento nuclear com o “Ocidente”, já que reduzir o arsenal do país o colocaria em desvantagem “Possuímos mais armamento desse tipo do que os países da OTAN. Eles sabem disso e estão o tempo todo tentando nos persuadir a iniciar negociações sobre a redução. Loucos para eles, sabe, como diz o nosso povo”, disse o presidente.

Putin também anunciou que serão implantadas armas nucleares táticas russas na Bielorrússia. O processo já começou e deve ser concluído até o final do ano. Essa medida de dissuasão é fundamental para a sobrevivência dos dois países e deve incentivar os países atrasados em tomar medidas de desacoplamento do imperialismo, assim como vem ocorrendo em diversos países africanos. Em relação a essa tomada de decisão, o conflito entre Moscou e Kiev, é percebido pela Rússia como uma guerra por procuração mais ampla com os EUA, reacendendo os temores de uma guerra nuclear total. Diante disso, não tendo alternativa, Putin mandou um “foda-se” em meio à entrevista. 

Um movimento de defesa

O que a esquerda pequeno-burguesa vai fazer diante da entrevista? Provavelmente condenar Putin moralmente, porém, trata-se de uma defesa, pois a Rússia está sob ataque. Existe uma obra escrita por um dos think tanks da OTAN, a Rand Corporation, criada pela empresa de aviões de guerra, a Douglas, sob o título traduzido para o português “Estendendo a Rússia: Competindo em um terreno vantajoso na Rússia” (Extending Russia: Competing from Advantageous Ground Russia) [4].

Nessa obra está todo protocolo de cercamento da Rússia, com todos os requintes bélicos e de guerra psicológica, a fim de tomar e dividir o território do país. Por isso é fundamental que a Rússia prolifere as armas nucleares para sua própria defesa, a fim de impedir a tomada de seu território, e que ataquem sua população. A OTAN espalha mísseis nucleares pela Europa, apontados para a Rússia, por isso a Rússia tem direito de se defender como lhe convier. É importante reafirmar que a intenção da OTAN era de incorporar a Ucrânia, país que rompeu os dois acordos de Minsk, que protegiam as populações russas das repúblicas separatistas de Lugansk e Donestsk. A determinação da Rússia é um exemplo que deveria ser apoiado pela esquerda latino-americana. No Brasil, por exemplo, partidos como o PSTU e PCB tem apoiado abertamente a Ucrânia, ao mesmo tempo, estão do lado da OTAN e dos nazistas.

Bielorrússia

O acordo entre Moscou e Minsk para implantar armas nucleares táticas no território da Bielorrússia não implica limites de tempo, de acordo com funcionário do Ministério das Relações Exteriores russo. O primeiro lote de ogivas nucleares já havia chegado ao país na semana passada. A decisão de Moscou é uma resposta ao imperialismo, que atua agressivamente contra a Rússia utilizando seus nazistas de estimação, na Ucrânia, para avançar seus planos de estender o terreno contra a Rússia a partir de satélites como Ucrânia e Geórgia.

A contrário das ogivas americanas na Europa, as armas da Rússia estarão localizadas nas proximidades de suas próprias fronteiras e no território do Estado da União da Rússia e Bielorrússia. Portanto, as armas nucleares russas poderiam hipoteticamente ser retiradas do território da Bielorrússia caso houvesse recuo por parte do imperialismo. Mas o imperialismo tem toda uma infraestrutura cara que não seria retirada rapidamente. Por isso, a posição da Rússia e da Bielorrússia é correta, pois, na prática, não ocorrerá tratado algum para não se proliferar armas nucleares. O imperialismo quer limpar arsenais nucleares de países atrasados e deter o monopólio da força.

Referências

[1] https://www.nato.int/nato-on-the-map/#lat=54.76930339555988&lon=-27.11523093029574&zoom=-1&layer-1

[2] Expansão da OTAN (disponível em nato.int):

  • “A OTAN foi criada por 12 países da Europa e da América do Norte em 4 de abril de 1949.
  • Desde então, mais 19 países aderiram à OTAN por meio de nove rodadas de alargamento (em 1952, 1955, 1982, 1999, 2004, 2009, 2017, 2020 e 2023).
  • O artigo 10.º do Tratado do Atlântico Norte estabelece a forma como os países podem aderir à Aliança. Declara que a adesão está aberta a qualquer “Estado europeu em condições de promover os princípios do presente Tratado e de contribuir para a segurança do espaço do Atlântico Norte”.
  • Qualquer decisão de convidar um país a aderir à Aliança é tomada pelo Conselho do Atlântico Norte, o principal órgão de decisão política da OTAN, com base no consenso entre todos os Aliados.”

[3] GIBBONS-NEFF, Thomas. Nazi Symbols on Ukraine’s Front Lines Highlight Thorny Issues of History Troops’ use of patches bearing Nazi emblems risks fueling Russian propaganda and spreading imagery that the West has spent a half-century trying to eliminate. https://archive.is/r0o36

[4] RT. Putin explains stance on use of nukes. https://www.rt.com/russia/578160-putin-nuclear-weapons-stance/

[5] Dobbins, James, Raphael S. Cohen, Nathan Chandler, Bryan Frederick, Edward Geist, Paul DeLuca, Forrest E. Morgan, Howard J. Shatz, and Brent Williams, Extending Russia: Competing from Advantageous Ground. Santa Monica, CA: RAND Corporation, 2019. https://www.rand.org/pubs/research_reports/RR3063.html. Also available in print form. 

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