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O identitarismo é reacionário

Filme da Barbie não expõe nada além da falência da esquerda

A esquerda pequeno burguesa sabe que não deveria elogiar o filme da barbie, mas está tão dominada ideologicamente que tem dificuldades até para criticá-lo

O filme da Barbie segue dominando o pauta da esquerda identitária. Fica demonstrada o quão intensa é a influência do imperialismo na esquerda brasileira, que quase em sua totalidade sentiu a necessidade de entrar na campanha publicitária do filme de Hollywood, mesmo sem perceber, ou sem admitir. O último caso foi do site O Vermelho, ligado ao PCdoB, que publicou a coluna “Barbie segue tendência à diversidade e expõe o patriarcado do mundo real” da secretaria da mulher do estado da Bahia, Julieta Palmeira. A sua crítica ao filme de tão insossa é uma prova de que um grande setor da esquerda não consegue nem mais criticar os grandes monopólios norte-americanos. 

O argumento falho já vem no subtitulo do artigo: “Qualquer iniciativa que ponha em foco o patriarcado é bem-vinda. Mas não dá para considerar o filme com a expectativa de que defende a luta das mulheres contra a desigualdade de gênero.” Aqui já começa a capitulação, o filme da Barbie é considerado como algo que põe em foco o patriarcado e que portanto é bem-vindo. Em outras palavras, é taxado como algo progressista, como algo que defende a luta da mulher. É a tese de que o imperialismo dos EUA, no que tange as mulheres, os negros, os LGBTs, isto é, no identitarismo é progressista. O texto já começa caindo no golpe do identitarismo.

O texto começa até esboçando uma crítica do imperialismo no cinema: “o filme Barbie ocupa grande parte das salas de cinema no Brasil, formando com o ótimo filme Oppenheimer uma dupla de filmes norte-americanos que praticamente baniu por pelo menos duas semanas outros filmes das telas do país, incluindo os filmes brasileiros.” Uma crítica muito valida, o cinema brasileiro é uma das maiores vítimas dos grandes monopólios de norte-americano,  o cinema nacional poderia ser referência mundial não tivesse sido destruído com o neoliberalismo.

Mas depois começam as críticas ao “feminismo” do filme. Ela explica que agora existe não só a Barbie tradicional mas as barbies identitárias: “A Barbie que esteve no meu imaginário e de outras mulheres com pais com poder aquisitivo para adquirir a boneca e até das que não ganharam essa boneca para chamar de sua, mas que a conheciam por extensão (o meu caso) é alta, magra, loura, cheia de vestidos e sapatos altos. Ela recebe a denominação no filme de Barbie estereotipada. O filme segue a tendência de abrir caminho para a diversidade. São barbies diversas: a negra, a oriental, a com deficiência, a grávida, a gorda, a cientista.” Basicamente o filme entra de cabeça na ideologia identitária da “diversidade”.

O problema é que a colunista adentra a tese da representatividade: “A ideia de buscar a diversidade da Barbie é algo interessante. O problema é que de forma intencional ou não, é temerário que possa se transformar a Barbie no símbolo da mulher contemporânea em toda a sua diversidade e na qual milhares e milhares de crianças vão se inspirar”. Essa ideia é uma farsa completa. Mesmo que a Barbie fosse uma “mulher ideal” para inspirar as crianças, seja lá o que isso quer dizer, o que muda na realidade. As mulheres deixarão de ser oprimidas porque assistiram um filme? É a tese absurda do identitarismo. Que esconde a real opressão material das mulheres.

O problema da mulher é muito concreto. Ela é fadada ao trabalhado domestico, até aquelas que não são donas de casa acabam sofrendo com esse trabalho. E isso se torna quase que inevitável quando as mulheres têm filhos para cuidar, o que configurar a esmagadora maioria das mulheres do planeta. Essa realidade no entanto só pode ser superada com grandes mudanças sociais, principalmente na abolição do trabalho doméstico. Nenhum filme produzido por um monopólio reacionário irá ajudar nesse sentido. A arte só será positiva para as mulheres se tiver inspirada em um movimento operário real ou se ela estimular esse movimento. O filma da Barbie passa muito longe disso. Tal qual o filme do Pantera Negra, que foi elogia de forma muito semelhante. 

O artigo então tenta criticar ideologicamente o filme: “O filme expressa a oposição do patriarcado ao matriarcado e vice-versa. Ou melhor, reduz a uma luta entre gêneros que diverte algumas pessoas, mas não é uma perspectiva. O que se busca é equidade de gênero, ou seja, acabar com o patriarcado e construir uma sociedade em que as mulheres e os homens estejam lado a lado, compartilhando a vida e decidindo. Para isso, é necessário que mais mulheres estejam em espaços de decisão e poder, mas não se trata de reproduzir o mesmo padrão de opressão.” A proposta apresentada é a mesma do filme da Barbie, mais mulheres em locais de poder, é a tese do identitarismo, que é uma farsa.

A direita já comprovou essa fraude. Escolhe as mulheres para atacar toda a população trabalhadora. Margareth Tchatcher, Hillary Clinton, Victoria Nuland, Kamala Harris, Simone Tebet, Damares, Tabata Amaral, Djamila Ribeiro dentre muitas outras. Uma mulher em um “local de poder” não significa nada. Isso porque a emancipação real da mulher só é possível com a emancipação da classe operária. Um operário no poder é muito melhor para as mulheres do que qualquer boneca de banqueiros. Vide o caso da Rússia, a direção do Partido Bolchevique era composta apenas por homens, mas a revolução foi a maior conquista das mulheres na história.

Portanto, o filme da Barbie não apresenta nada de positivo. E, além disso, a autora ainda apresenta brevemente como ele é reacionário: “Por outro lado, a humanização de Barbie me passou uma ideia de que reproduz também padrões de que a mulher para se realizar deve engravidar e parir. Mas isso é outro tema.” Ou seja, o filme reproduz o conservadorismo que é a expressão ideologia da opressão da mulher. A ideia de que a mulher deve viver para servir os filhos, para servir a família. A Barbie pode aparentar ultra progressista, mas segue divulgando a política ultra conservadora do imperialismo para as mulheres. 

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