Uma das cenas mais indigestas da política nacional em 2022 foi quando, em entrevista ao capacho Pedro Bial, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), se declarou gay. Uma cena obviamente forçada, calculada, que rapidamente ganhou as manchetes dos jornais.
Todo mundo sabia que era uma manobra eleitoral. O homem já tem quase 40 anos de idade, supostamente sempre foi gay, tinha um namorado e só naquele momento decidiu sair do armário? Logo naquele momento em que disputava com João Doria o posto de candidato presidencial do PSDB?
A jogada era óbvia: para o PSDB, fazer demagogia com os LGBT dá voto. Não porque seja um eleitorado grande, mas por meio de uma operação política: dizer-se pró-LGBT permite aos nazistas do PSDB, que sentem prazer em jogar água gelada em morador de rua, se passarem por “amigos” da esquerda. A demagogia com os LGBT, fazendo uso da reacionária e direitista política identitária, tem justamente o papel de infiltrar os inimigos do movimento operário na esquerda, sob o pretexto de que eles defenderiam “pautas progressistas”.
Acontece que o PSDB não defende nada de progressista, e a política identitária também não é progressista. É uma política que visa jogar um setor da população contra a outra, uma política que procura opor negros a brancos, homossexuais a heterossexuais.
Seguindo o exemplo do BolsoGay do Rio Grande do Sul, Felipe Neto, um youtuber que fez campanha ativa pelo golpe de 2016, também tem, nos últimos anos, procurado se infiltrar na esquerda. E o golpe é o mesmo: Felipe Neto não defende o petróleo 100% estatal, não defende a Venezuela contra o imperialismo, não defende nada de importante para os trabalhadores. A esquerda deveria abraçá-lo porque, vejam só, ele gosta dos LGBTs.
Comparado ao esforço de Eduardo Leite, que teve de escutar as mil piadas possíveis sobre o primeiro governador gay do Brasil ser de Pelotas, a picaretagem de Felipe Neto é ainda mais rebaixada. Isso porque, para ganhar a simpatia dos identitários, o youtuber nem quis se assumir gay. Limitou-se a pintar o cabelo de rosa ou de arco-íris e se tornou o advogado número um dos LGBTs.
Aos incautos que se deixam levar pelo golpe do Felipe Neto Bolso(quase)Gay, um aviso: Felipe Neto não defende os LGBTs. Só defende a política identitária, que, no final das contas, apenas tornará a situação do LGBT mais difícil.