Dois casos recentes da política nos deixou claro que há uma unidade entre a direita bolsonarista e a esquerda pequeno-burguesa: o amor aos Estados Unidos da América.
Os primeiros gostam de dizer-se patriotas, defensores do Brasil até a última gota de sangue, “verás que um filho teu não foge à luta”, cantavam em atos de verde e amarelo, os direitistas, que provavelmente nem conhecem as outras partes do belo hino nacional.
Os segundos gostam de dizer-se revolucionários – embora alguns contentem-se em dizer-se reformistas -, socialistas até a última gota de sangue, “bem unidos, façamos essa luta final”, cantam às vezes os esquerdistas com o punhozinho levantado paro o alto.
A vinda de Nicolás Maduro ao Brasil, por convite de Lula, e o discurso deste declarando todo o apoio à Venezuela e criticando o “impostor Guaidó” e a atitude golpista do imperialismo contra o povo venezuelano foi um grande unificador desses dois grupos de pessoas.
Os primeiros saíram rapidamente para pedir socorro aos EUA. Nikolas Ferreira “teve as manha” – como se diz popularmente -, de fazer tuíte em inglês para ver se o Departamento de Estado norte-americano compreendesse melhor. Zé Trovão, soltou alguns peidos de véia de ódio e também conclamou aos papais norte-americanos.
A palavra de ordem dos dois “patriotas” era: “Lula recebeu um criminoso, invadam o Brasil e prendam!”. Um verdadeiro papelão. Da próxima vez, os dois deveriam tentar uma vaga no Congresso dos Estados Unidos, está mais adequado ao patriotismo deles.
Vale lembrar que nada mais Zé Trovão e Nikolas Ferreira estão seguindo as ordens do seu “patriota” mor, Jair Bolsonaro, que bate continência à bandeira de sua pátria, os Estados Unidos.
E quanto aos segundos, a esquerda pequeno-burguesa? Esses não escreveram em inglês, mas ficaram igualmente horrorizados com a presença de Maduro: “Lula trouxe um ditador”! O PSTU acusou denunciou Lula por dizer que o imperialismo conta mentiras sobre a Venezuela e reafirmou a posição dos norte-americanos: “ele é um ditador!”. Mas, como são “de esquerda”, completam: “a Venezuela é uma ditadura capitalista”.
O PCB, que disfarça suas posições pró-imperialistas, usou uma suposta tentativa de intervenção no Partido Comunista da Venezuela por parte do partido chavista para atacar Maduro e o governo norte-americano.
Setores do PSOL foram discretos, mas muitas correntes internas lá são tão contrárias à Venezuela quanto o PSTU e os bolsonaristas. No entanto, o grande amigo e inspirador do PSOL, Gabriel Boric, presidente do Chile, de tão amparado que está pelos Estados Unidos teve a maior cara de pau de criticar Lula e Maduro no Brasil, como convidado do presidente brasileiro.
Boric é grande amigo de Guilherme Boulos e Juliano Medeiros do PSOL. Juntos, recentemente, eles foramaram uma alternativa ao Foro de São Paulo. Boulos também já criticou a Venezuela, mas dessa vez decidiu ficar quieto.
Quando eu era um jovem militante, nos primeiros anos do século XXI, lembro que boa parte da esquerda puxava o saco de Hugo Chavez para aproveitar a modinha do chamado “Socialismo do Século XXI”. Para o PCO, do ponto de vista político, ideológico e teórico, isso nunca fez o menor sentido. Mas a maioria desses grupos que hoje repetem os EUA para atacar Maduro eram fervorosos defensores dessa teoria.
Hoje podemos dizer que para essa esquerda de classe média o “socialismo do Século XXI” foi trocado pelo “socialismo dos interesses imperialistas”.
Esse caso da vinda de Maduro ao Brasil uniu os falsos patriotas com os falsos esquerdistas. Eles só brigam por futilidades, banalidades e idiotices como foi o caso da peruca vestida por Nikolas Ferreira, se apresentando como Nikole. Acabamos de descobrir que ele estava apenas treinando para ser a prostituta de Joe Biden.
No início do artigo dizia que dois casos tinha deixado clara a unidade entre bolsonaristas e esquerdistas. O segundo é mais simples e tem a ver com apenas com um setor da esquerda. É a operação de sabotagem do desenvolvimento nacional protagonizada pelos “ambientalistas” no caso da exploração do petróleo na foz do Amazonas.
A esquerda de classe média aplaudiu a decisão absurda do IBAMA de impedir que a Petrobrás sequer fizesse uma pesquisa na região. Quem não quer que o Brasil tenha petróleo? O imperialismo. Quem divulga a ideologia ambientalista? O imperialismo.
Vemos que o amor aos Estados Unidos uniu a esquerda de classe média e os bolsonaristas. Uniu os falsos esquerdistas com os falsos patriotas.